China injeta US$ 15 bi no sistema financeiro na véspera do Festival da Lua

O Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês) injetou 100 bilhões de yuans (US$ 15,47 bilhões) em recursos no sistema financeiro chinês por meio de operações de recompra reversa de 14 dias nesta quinta-feira, 30, segundo comunicado divulgado no site do PBoC. A injeção de dinheiro no mercado, em meio à crise da Evergrande, sai na véspera do Festival da Lua.

O Festival da Lua cai no décimo quinto dia do oitavo mês lunar, que este ano cai no dia 21 de setembro. Além da própria China, o feriado também é celebrado em outros países da Ásia, como Japão, Laos e Singapura.

Nas últimas semanas, o Banco do Povo da China intensificou esforços de manter a liquidez do sistema bancário em meio a preocupações com as dificuldades financeiras da gigante do setor imobiliário chinês Evergrande.

Nesta quinta-feira, 30, a incorporadora imobiliária comunicou a investidores que realizou os “primeiros” 10% dos reembolsos de seus produtos de gestão de fortunas com vencimento para esta quinta-feira, dia 30. De acordo com a empresa, que vive uma grave crise fiscal, os fundos investidos foram retornados às contas dos operadores.

A China enfrenta crescentes obstáculos, como a desaceleração do setor imobiliário, cortes no fornecimento de energia e surtos de covid-19. Esses fatores estão levando analistas a cortar projeções de crescimento para a China e a prever que Pequim irá relaxar suas políticas para sustentar a economia.

A atividade industrial da China encolheu inesperadamente em setembro, uma vez que os altos preços das matérias-primas e cortes de energia pressionaram os produtores na segunda maior economia do mundo, enquanto o setor de serviços voltou a crescer à medida que os surtos de Covid-19 perdem força.

Na véspera do Festival da Lua, Evergrande volta a atrasar pagamentos

Há relatos de que a Evergrande, pela segunda vez, não conseguiu honrar o pagamento de juros sobre bônus externos. A partir desta sexta-feira, dia 1º, a China iniciará um feriado nacional que se estenderá até quinta-feira (7).

Esta semana a agência de classificação de risco de crédito Fitch reduziu a nota da Evergrande de CC para C, após uma subsidiária da empresa não honrar o pagamento de juros sobre bônus externos que venceram na semana passada.

As notícias chegam em um momento de revisões para baixo nas projeções de crescimento do PIB da China, que pesam também a favor do dólar nos mercados de moedas emergentes no exterior.

O governo da China informou recentemente que vai manter uma política monetária “normal” pelo tempo que for possível e não tem necessidade de comprar ativos, “como fazem vários bancos centrais do Ocidente”, segundo o presidente do Banco do Povo da China (PBoC, o BC chinês), Yi Gang.

Governo da China acredita em PIB de 5% a 6%

Yi diz que o potencial de crescimento da China deverá ficar entre 5% e 6%, o que, segundo ele, garantirá as condições para que o PBoC siga implementando uma política monetária normal.

Segundo a autoridade chinesa, as taxas de juros de economias ocidentais vêm caindo, chegando a níveis próximos de zero ou até negativos em muitos países. Ele também recomendou cautela aos BCs no momento de implementar programas de compras de ativos. Quando necessárias, ele sugere que as compras tenham escopo limitado e sejam conduzidas por um período reduzido. (Com AE)