Clima reduz produtividade e afeta produção de soja, cana e laranja
A boa notícia é que a redução das chuvas acelerou a colheita de soja e condições climáticas favoráveis favorecem a safra de milho, informa o Panorama Agro Mensal do Banco Safra
23/04/2025
A aceleração do ritmo de colheita ao longo do último mês, foi beneficiada pela redução das precipitações em março e condições favoráveis para o plantio da safrinha | Foto: Getty Images
O relatório Panorama Agro mensal do Banco Safra traz detalhes dos avanços das colheitas nas culturas mais importantes. O documento aponta o impacto do clima na produção de alguns dos principais itens da pauta agrícola brasileira.
No caso da soja, o Rio Grande do Sul registrou uma nova revisão da sua produtividade, que caiu 14% na comparação mensal devido à diminuição da regularidade das chuvas e ondas de calor registradas durante o desenvolvimento do plantio.
A produção do setor de açúcar e etanol, que fechou a safra em março com a moagem de 622 milhões de toneladas de cana, destaque para uma queda de 5% em relação ao recorde do ano passado devido ao maior estresse hídrico durante o desenvolvimento da lavoura e eventos de queimadas no estado de São Paulo durante o segundo semestre
Na citricultura, a produção de 231 milhões de caixas de laranja ficou 24,9% abaixo da produção do ano anterior – segunda menor produção dos últimos 37 anos. Dentre os fatores para a expressiva queda da produção estão às condições climáticas adversas, com maior incidência de tempo seco em São Paulo e Minas Gerais e tempo seco, além do avanço da incidência do greening (doença causada por bactéria que atinge plantações de laranja).
Clima favorável para colheitas de soja e milho
A boa notícia é que a redução das chuvas acelerou a colheita de soja no mês passado e o clima favorável e precipitações bem distribuídas favorecem a safra de milho, com aumento da produtividade.
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Safra de soja
A colheita da primeira safra de soja segue avançando em todas as regiões do país, tendo atingido 88,3% no último levantamento realizado pela Conab divulgado em 12/abr (vs. 60,9% em 09/mar). A aceleração do ritmo de colheita ao longo do último mês, foi beneficiada pela redução das precipitações em março e condições favoráveis para o plantio da safrinha. A Conab segue atualizando os rendimentos previstos para as regiões produtoras, com o avanço da colheita e da continuidade de clima favorável. Dentre as regiões, vale destacar o aumento de 2,75% (m/m) na produtividade média do Nordeste e de 1,63% (m/m) no Centro-Oeste. Por outro lado, o Rio Grande do Sul registrou uma nova revisão da sua produtividade (-14% m/m), impactado pela diminuição da regularidade das chuvas e ondas de calor registradas durante o desenvolvimento do plantio. As principais alterações no balanço de oferta e demanda no mês incluem a revisão da produção, que deve atingir 167,9 milhões de toneladas (+1,1% m/m), com aumento da demanda destinada para exportação (+0,4%) e processamento (+0,8%). O estoque final previsto para a safra atingiu 2,6 milhões de toneladas (+56,8% m/m), ainda abaixo dos níveis registrados em safras anteriores (~7 mm de toneladas).
Milho
A colheita da primeira safra de milho segue avançando, tendo atingido 65,5% em 12/abr. A produtividade vem superando as estimativas iniciais, estando 12,2% acima da safra 2023/24, beneficiada por condições climáticas favoráveis e precipitações bem distribuídas ao longo do desenvolvimento do cereal. O plantio da segunda safra de milho está praticamente concluído, com condições climáticas favoráveis na maior parte das regiões produtoras. A produção para a safrinha está estimada em 97,9 milhões de toneladas (+2,5% m/m), após aumento na área plantada (+0,9% m/m) e produtividade (+1,6% m/m).
Açúcar e Etanol (Centro-Sul)
A safra 2024/25 foi concluída no final de março, tendo registrado uma moagem de 622 milhões de toneladas, segundo maior volume histórico de moagem no centro-sul e -5,0% a/a abaixo volume recorde registrado na safra 2023/24. Dentre os principais impactos, vale destacar o maior estresse hídrico durante o desenvolvimento da lavoura e eventos de queimadas no estado de São Paulo durante o segundo semestre. A produção de açúcar atingiu 40,2 milhões de toneladas (-5,3% a/a), após redução no mix direcionado para a produção de açúcar que ficou em 48,05% (vs. 48,87% na safra 2023/24) e queda no rendimento da cana. A produção de etanol atingiu cerca de 35,0 bilhões de litros (+4,1% a/a), após aumento de 0,82 p.p. no mix para a produção do biocombustível, expansão de 3,1% no rendimento da cana e avanço de 30,7% na produção de etanol de milho, que representou 23,4% da produção total.
Laranja
A safra 2024/25 atingiu uma produção de 231 milhões de caixas de laranja (-24,9% a/a), segunda menor produção dos últimos 37 anos. Dentre os fatores para a expressiva queda da produção estão às condições climáticas adversas, com maior incidência de tempo seco nas principais regiões produtoras (São Paulo e Minas Gerais), tempo seco e o avanço da incidência do greening (doença causada por bactéria que atinge plantações de laranja). Vale destacar, que a incidência do greening subiu de 38,06% em 2023 para 44,35% do plantio em 2024, segundo o Fundecitrus. A doença respondeu por cerca de 50% da perda de frutos no ano, impactando a produtividade das plantações, com a queda prematura dos frutos em desenvolvimento e alterações no sabor. O preço da laranja vem registrando queda ao longo das últimas semanas, pressionados pela menor qualidade dos frutos negociados e demanda ainda reduzida pela paralisação para manutenção das unidades de moagem no início da safra 2025/26.

