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A lição do cofundador da startup MadeiraMadeira

Diretor de operações da empresa, Robson Privado fala sobre como exemplo em casa o fez criar resiliência e foco em resultados

Robson privado, cofundador da MadeiraMadeira

Privado reconhece responsabilidade em ser o primeiro cofundador negro de um unicórnio no Brasil | Foto: Reprodução/LinkedIn

A MadeiraMadeira, primeira startup do Brasil a ultrapassar US$ 1 bilhão em valor de mercado (chamada de “unicórnio”) em 2021, é também a primeira a ter um cofundador negro.

Robson Privado, de 37 anos, é o COO (diretor de operações) da empresa especializada em venda online de materiais de construção, decoração e móveis.

A empresa de Curitiba (PR) recebeu em janeiro um aporte US$ 190 milhões em uma rodada de investimentos de Série E coliderada pelo SoftBank e pela Dynamo.

O investimento na MadeiraMadeira alçou Robson Privado ao título de primeiro cofundador negro de um unicórnio brasileiro.

“Na época eu disse que ‘sim, sou o primeiro, mas não serei o único'”, comenta o empreendedor, que abordou o assunto em entrevista na Tech Thursday, série sobre tecnologia do Banco Safra.

Responsabilidade de um cofundador negro

Para Robson Privado, ser o primeiro cofundador negro de um unicórnio brasileiro é algo que traz responsabilidade.

Ciente de que está em um grupo de empreendedores escasso em diversidade, ele passou a apoiar iniciativas que fomentam o trabalho de pessoas negras no desenvolvimento de negócios.

Privado é atualmente mentor de um fundo na Google for Startups, iniciativa da gigante de tecnologia. O fundo apoia o crescimento de investidores negros.

“Ao longo da minha trajetória tive infelizmente alguns momentos de preconceito, mas nunca me deixei abalar, porque eu tive um grande exemplo em casa”.

Resiliência

O exemplo a que Privado se refere é o de seu pai, que criou uma faculdade em Curitiba há 30 anos.

Ter esse espelho de um empreendedor negro de sucesso em casa despertou determinação em Robson.

Desde cedo, ele aprendeu sobre os desafios de encarar uma sociedade essencialmente desigual e preconceituosa e criou resiliência.

“Sou daqui de Curitiba e sempre fui o único negro em praticamente todos os meus steps, quando fui trainee da Leroy e quando viajei para fora para fazer intercâmbio”, contou. “Meu pai dizia, ‘vai ter pessoas que vão te julgar pela tua cor, pela tua origem, mas não deixei isso te abalar’. Então, eu sempre fiquei focado em resultado”.

Empresa ganhou nova forma em 2009

Privado entrou para a MadeiraMadeira em 2012, época em que o negócio estava tendo o caminho reestruturado pelos irmãos Daniel e Marcelo Scandian.

O executivo foi integrado para dirigir a área de Produto e sua chegada ajudou a revolucionar a empresa, fundada em 2009 e que vendia somente materiais para construção.

Além do enorme reforço técnico, Privado ajuda a dar o exemplo de inclusão por meio da liderança, o que se reflete na cultura e engajamento dos mais de mil colaboradores.

“Nós tivemos um reunião com todos os nossos colaboradores no ano passado e todo mundo perguntou o que mudou. Na minha vez de responder, eu disse que havia mudado tudo, menos os valores”.

“Aqui, a gente fala que o nosso grande asset é o time e a cultura. Quando me juntei ao Daniel e ao Marcelo vi que a gente estava muito alinhado e que minha cor não faria diferença nenhuma”, disse Privado.

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