Com guerra na Ucrânia longe do fim, petróleo acumula alta de 45% no ano

Em junho, o preço do petróleo registrou queda de 3,80%, mas a perspectiva de que a cotação possa cair aos níveis vistos em 2021 ainda está em um horizonte distante. No primeiro semestre deste ano, o barril do petróleo tipo Brent, referência mundial, fechou em US$ 109,03 e acumulou alta de 45,52%.

Para Marcelo de Assis, da Wood Mackenzie, ainda deverá haver muita volatilidade no preço do Brent nesta segunda metade do ano. De acordo com ele, a guerra na Ucrânia – principal causa da disparada dos preços – está longe de ser resolvida e as tentativas da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de melhorar a oferta, aumentando a produção, não devem suprir a falta do petróleo russo no mercado mundial.

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Nesta quinta-feira, 30, os membros da Opep+ decidiram manter o plano de aumentar a produção da commodity em 648 mil barris por dia (bpd) em agosto.

A decisão confirma cronograma acertado em junho, quando o cartel acelerou o crescimento da oferta em relação ao ajuste mensal de 432 mil bpd que vigorava anteriormente.

“Esta medida não será implementada de um dia para a noite”, disse Assis. “Este aumento de produção será escalonado e a OPEP não tem muito o que elevar para substituir o petróleo russo.”

Com as campanhas de vacinação em curso pelo mundo, o consumo voltou aos níveis pré-pandemia e o que pode limitar a demanda, de acordo com Assis, é a desaceleração econômica, com as políticas monetárias mais contracionistas nas principais ecobnomia.

“Os juros mais altos para tentar conter a inflação, principalmente nos Estados Unidos e Europa, podem pressionar o lado da demanda, mas nem isso vai fazer com que o preço venha a arrefecer”, ressaltou.

Assis trabalha com a cotação do barril do Brent variando entre US$ 110 a US$ 130 até o final do ano. “Não vamos ver uma cotação perto de US$ 70, como aconteceu antes do conflito, no início de 2022”, afirmou. Em dezembro do ano passado, o petróleo fechou em US$ 77,78.

Controle na governança, pode fazer Petrobras perder valor

Quanto à Petrobras, Assis acredita que os imbróglios envolvendo a governança da companhia, com a tentativa do governo congelar os preços dos combustíveis até a eleição presidencial, podem fazer com que a estatal perca valor de mercado.

“Se o preço continuar alto e não houver reajuste em 90 a 100 dias, como está sendo aventado, a companhia vai ter perda de valor”, afirmou Assis. “A Petrobras vai ter de usar o caixa e vai ter que importar mais derivados.”

Segundo ele, os importadores devem reduzir as compras externas, pois vão ter perdas. “Vão importar a preço de mercado e vender no país competindo com a Petrobras? Eles vão cair fora”, avalia.