Petrobras tem lucro de R$ 31 bilhões e vai dobrar remuneração de acionistas
Câmbio e preços levam Petrobras a lucro acima do esperado e estatal vai pagar mais de R$ 30 bilhões de remuneração antecipada aos acionistas
28/10/2021Com a cotação do petróleo disparando no mercado internacional e os combustíveis cada vez mais caros no Brasil, a Petrobras registrou lucro de R$ 31,14 bilhões no terceiro trimestre.
Com o resultado, a empresa reverteu o prejuízo de igual período do ano passado. A retomada do consumo da gasolina e do óleo diesel, à medida que a vacinação avança no País, também ajudaram a petrolífera a engordar o caixa.
A estatal também contou com um dinheiro extra que entrou com acordo firmado com sócios chineses no pré-sal e alguns benefícios tributários.
Petrobras vai pagar remuneração antecipada de R$ 31 bilhões a acionistas
O Conselho de Administração da Petrobras aprovou o pagamento de antecipação de remuneração aos acionistas relativa ao exercício de 2021. O valor total será de R$ 31,8 bilhões, cerca de US$ 6 bilhões, equivalente a R$ 2,437865 por ação preferencial e ordinária.
Essa remuneração se soma aos R$ 31,6 bilhões já anunciados, totalizando R$ 63,4 bilhões em antecipação referente ao exercício de 2021, ou cerca de US$ 12 bilhões, segundo a Petrobras.
O valor adicional será pago em dezembro, junto com a parcela aprovada em agosto com data de posição acionária em 1º de dezembro de 2021 e pagamento em 15 de dezembro.
Lucro da empresa surpreendeu o mercado
O resultado surpreendeu o mercado financeiro, que esperava lucro de R$ 21,4 bilhões, segundo projeção de cinco instituições ouvidas pelo Prévias Broadcast – BTG Pactual, Credit Suisse, Goldman Sachs, Senso Investimentos e Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep). No terceiro trimestre do ano passado, a empresa teve prejuízo de R$ 1,5 bilhão.
Volumes de venda e preços elevados favoreceram a Petrobras, dessa vez. A empresa também está sendo recompensada por apostar no pré-sal, onde estão seus campos mais produtivos e rentáveis.
Nesse trimestre, a estatal vendeu 10,5% mais derivados de petróleo do que em igual período de 2020. Quase a totalidade dos produtos que comercializou foi fabricada a partir de matéria prima própria, com custos em reais. Os valores cobrados dos seus clientes, no entanto, foram calculados em dólar e alinhados ao mercado internacional, onde o petróleo não para de subir.
Com o crescimento do barril de petróleo do tipo brent, negociado em Londres, de 70,9%, ante o terceiro trimestre do ano passado, a Petrobras alcançou receita de R$ 121,59 bilhões, 71,9% maior que a de igual período do ano passado. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), de R$ 60,74 bilhões, representou um avanço de 81,7%, na mesma base de comparação.
A Petrobras ainda contou com US$ 2,9 bilhões das chinesas CNOOC e CNODC, uma compensação aos investimentos estatais feitos no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, do qual são sócias. Também ajudou a reversão de baixas contábeis do passado, relativas a ativas que passaram a valer à pena com o barril valorizado.
Com tantos fatores positivos, a empresa conseguiu reduzir ainda mais sua dívida bruta a US$ 59,5 bilhões, que praticamente bateu a meta de US$ 60 bilhões estipulada para o fim do ano. A dívida líquida ficou em US$ 48,13 bilhões.
Meta de redução de investimento é antecipada
O presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, disse em curta mensagem no balanço referente ao terceiro trimestre deste ano, que a estatal atingiu a meta de endividamento antes do planejado.
A dívida bruta da companhia ficou em US$ 59,6 bilhões, 15 meses antes do esperado, disse o general. Luna afirmou que está dividindo as riquezas da Petrobras com parte da sociedade e os acionistas da empresa na forma de impostos, dividendos, geração de empregos e investimentos. (AE)