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Comércio cresce em 2020, apesar da pandemia

Vendas caíram 6,1% em dezembro, no pior resultado desde o início da pesquisa mensal do BGE, há 20 anos

varejo

Supermercados, alimentos , bebidas e fumo, cresceram 4,8%) em dezembro, e móveis e eletrodomésticos, 10,6% | Foto: AE

O comércio varejista cresceu 1,2% no ano de 2020, apesar da pandemia de covid-19, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta, 10.

Apesar da alta no ano, o comércio teve quedas de 6,1% no volume de vendas, a mais intensa da série histórica iniciada em 2000.

A receita nominal caiu 5,3% em dezembro em relação ao mês de novembro. Na comparação com dezembro de 2019, houve altas de 1,2% no volume de vendas e de 9,2% na receita.

Supermercados em alta

No acumulado do ano, quatro dos oito segmentos do varejo tiveram alta nas vendas: supermercados, alimentos, bebidas e fumo (4,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%), artigos farmacêuticos, médicos e de perfumaria (8,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,5%).

Quatro setores tiveram queda nas vendas: combustíveis e lubrificantes (-9,7%), tecidos, vestuário e calçados (-22,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-30,6%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-16,2%).

Varejo ampliado caiu 3,7%

O varejo ampliado, que também inclui vendas de veículos e de material de construção, fechou o ano com recuo de 3,7% no volume e de 2,8% na receita nominal. Os veículos, motos, partes e peças tiveram queda de 13,7% no volume. Já o volume de materiais de construção cresceu 10,8%.

Na passagem de novembro para dezembro, todas as oito atividades do comércio varejista apresentaram retração, com destaque para outros artigos de uso pessoal e doméstico (-13,8%), tecidos, vestuário e calçados (-13,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,8%).

Dois segmentos avaliados no varejo ampliado também tiveram redução de vendas: veículos, motos, partes e peças (-2,6%) e material de construção (-1,8%).

Maior queda desde março de 2000

A queda registrada em dezembro foi a maior queda desde o tombo de 17,2% em abril ante março de 2020, no estouro da covid-19. Com o recuo no último mês do ano, as vendas do varejo anularam os ganhos registrados nos meses de recuperação após o fundo do poço na crise causada pela covid-19, atingindo o mesmo nível de fevereiro de 2020.

O desempenho de dezembro ficou muito abaixo do esperado por analistas de mercado.

Ajuste estatístico é uma das causas

Uma série de fatores explicam o tombo de dezembro, mas o principal deles foi um “ajuste estatístico”, segundo os técnicos do IBGE. Nos meses de recuperação das vendas após os tombos de março e abril, o nível da atividade do varejo atingiu em outubro o recorde da série do IBGE. Naquela ocasião, estava 6,6% acima do nível de fevereiro, antes de a pandemia se abater sobre a economia.

Os outros fatores por trás da queda nas vendas em dezembro foram a redução do valor do auxílio emergencial pago pelo governo a trabalhadores informais (que foi cortado à metade nos últimos meses de 2020), a antecipação de vendas para novembro (por causa das promoções da Black Friday, fenômeno que vem ocorrendo nos últimos anos), a pressão da inflação de alimentos sobre as vendas dos supermercados e um Natal ruim para alguns setores, como o de vestuário. (AE)

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