Como a alta dos juros afeta os seus investimentos e a sua poupança
Investimentos pessoais são diretamente afetados pela alta da taxa básica de juros, a Selic, que está subindo mais aceleradamente para conter a inflação
18/11/2021
Com a inflação acima dos 10% ao ano, os juros estão subindo para conter a escalada dos preços, e isso significa uma grande mudança do cenário para investimentos pessoais.
No fim de outubro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou de 6,25% para 7,75% ao ano a taxa básica de juros, a Selic. A taxa básica de juros é uma das principais variáveis econômicas do país, afetando desde o ritmo da economia nacional até o preço dos ativos negociados no mercado financeiro.
Saiba mais
- Como investir em ações dos EUA e se proteger de oscilações negativas
- Previdência privada: quanto mais cedo, melhor o futuro
- Diversificação é melhor defesa na volatilidade
No mundo dos investimentos, a Selic tem um impacto direto sobre a rentabilidade de diversos produtos financeiros. Os principais são a renda fixa, em especial os investimentos da classe de pós-fixados.
A expectativa do Safra é que a meta Selic termine o ano de 2021 no nível de 9,25% ao ano. No início de 2021, a Selic estava em apenas 2% ao ano. Na época os juros estavam baixos para estimular o crédito e combater os efeitos recessivos da pandemia.
Quais investimentos são afetados pela alta dos juros?
A alta da taxa básica de juros (Selic) pode afetar bastante os preços do mercado financeiro. Para começar, o juro mais alto tende a reduzir a demanda dos investidores por ativos de risco, como ações.
O aumento da Selic também pode influenciar o preço do dólar no Brasil, ao reforçar o fluxo estrangeiro de investimentos em títulos do país.
A influência mais direta da Selic, porém, é sobre os ativos pós-fixados de renda fixa, que normalmente têm a sua rentabilidade atrelada a ela.
Poupança
A poupança é um investimento afetado diretamente pela queda ou aumento na taxa Selic. Isso porque a caderneta paga hoje uma proporção da Selic. O retorno da poupança é de 70% da Selic. Nesse caso, portanto, quanto mais alta a Selic, mais alto o retorno da poupança, mas sempre menor que o aumento do juro básico.
A regra de rentabilidade da poupança depende do nível da taxa básica de juros. Quando a Selic está em nível igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento dos investimentos na poupança é calculado considerando 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial). A TR está zerada desde 2018.
A taxa Selic deve muito provavelmente ultrapassar o nível de 8,5% em dezembro de 2021, o que não acontece desde 2017.
Nesse caso, o rendimento da poupança passa a ser fixado em 0,50% ao mês (mais a TR, que está zerada), o que equivale a 6,17% ao ano, independentemente do valor da Selic.
A vantagem da poupança é que ela não sofre tributação.
Tesouro Direto
O Tesouro Direto é a plataforma acessível de negociação de títulos públicos do Tesouro Nacional. Entre os papéis disponíveis está o Tesouro Selic (antiga LFT), título pós-fixado que remunera a aplicação com a própria rentabilidade acumulada pela Selic.
O Tesouro Selic é conhecido com uma opção segura de investimento e que traz um retorno maior do que a poupança. Como apresenta baixa volatilidade, costuma abrigar, por exemplo, a reserva de emergência dos investidores.
Vale considerar que pode haver ágio ou deságio na negociação do título, e que há tributação de pelo menos 15% sobre os rendimentos.
Títulos privados
Além da poupança e do Tesouro Selic, modalidades que são garantidas pelo governo brasileiro, os investidores contam com títulos que são emitidos por empresas ou instituições financeiras.
Muitos desses papéis oferecem uma rentabilidade pós-fixada e atrelada ao CDI (que, por sua vez, segue a Selic). Exemplos são CDBs, LCIs, LCAs, LCs, LFs, CRIs, CRAs, debêntures etc.
A regra é a mesma: quanto maior a Selic, maior o retorno nominal acumulado por esses ativos.
Como pode haver um risco de crédito mais alto ou uma menor liquidez, a depender de cada papel, a rentabilidade oferecida pode ser uma proporção mais elevada do CDI. Como ilustração, determinada instituição pode oferecer um CDB de 110% do CDI.
CDI
O CDI é a sigla para Certificado de Depósitos Interbancários, que mostra a taxa de juros praticada pelos empréstimos de apenas um dia entre bancos.
O CDI é a referência para a maior parte dos ativos pós-fixados de renda fixa. Ele tradicionalmente acompanha a taxa Selic. Então, quando a taxa básica de juros sobe, o CDI aumenta também. Quando a Selic cai, o CDI também cai.
Selic
É possível investir em produtos atrelados à taxa Selic, ou seja, que utilizam a Selic como base de cálculos de rendimentos.
É importante lembrar que investimentos em renda fixa oferecem maior previsibilidade de retorno, considerados por isso de risco mais reduzido em relação à renda variável, que traz maior volatilidade e potencial de retorno.
Em qualquer das alternativas de investimentos, o importante em primeiro lugar é saber o perfil do investidor, ou seja, quais são os objetivos a serem atingidos a curto, médio e longo prazo, pois isso faz diferença na hora de optar sobre onde aplicar as economias.