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Como a crise na Ucrânia afeta o Brasil

Uma eventual escalada ainda maior nos problemas geopolíticos afetaria mais os países desenvolvidos do que os emergentes, especialmente o Brasil

Petróleo

Analistas já estimam o preço do barril em US$125,00, mesmo inferindo baixa probabilidade de problemas maiores na cadeia de suprimentos | Foto: Getty Images

Hoje o mundo acordou com a notícia que todos temiam. As tensões na Ucrânia saíram das declarações e sansões econômicas e foram para as ruas da Ucrânia em forma de tanques, armas e bombas. O mundo tornou-se um lugar menos seguro e mais incerto.

O mercado ficou volátil, os preços da tela descolaram dos fundamentos e todos os olhos estão voltados para o noticiário. A bolsa russa caindo 35% é um bom reflexo do que será o dia no mercado financeiro, que tentará cumprir sua difícil missão de precificar tudo em tempo real.

Apesar de sabermos que qualquer projeção matemática fica em segundo plano nesse momento, precisamos ser racionais, analisar as probabilidades, ponderar os cenários e tentar extrapolar os resultados para os preços dos ativos. O mundo precisa saber quanto custa o preço do petróleo, não importa o que está acontecendo.

Pensando do lado das commodities, nossa tarefa é mais fácil. O senso comum é que elas continuem sua escalada de valorização. Os metais preciosos ganharão espaço nos portifólios dos investidores como forma de proteção. O petróleo, que já estava com um prêmio de risco elevado, deve subir mais. Analistas já estimam o preço do barril em US$125,00, mesmo inferindo uma baixa probabilidade de problemas maiores na cadeia de suprimentos.

As commodities em alta causam impacto em diversos índices importantes. Estima-se que um aumento de US$10 no preço do petróleo tenha um efeito de 20 pontos base na inflação e 0.1 ponto no PIB. O impacto no crescimento pode ser um pouco maior se o risco geopolítico apertar materialmente as condições financeiras e aumentar a incerteza para os negócios.

Diferente de episódios passados, quando eventos geopolíticos levaram o Federal Reserve a adiar apertos monetários, não acreditamos que os riscos atuais impeçam o FOMC de aumentar sua taxa em 25 pontos base na próxima reunião. Olhando para o Brasil, vale ficarmos de olho nesses movimentos, pois interferem muito na nossa curva de juros.

O cenário mudou de ontem para hoje e acreditamos que a assimetria de risco que existia, perdeu bastante atratividade. Os receios com os eventos futuros no leste europeu afetarão as pontas longas da curva, assim, alocações em ativos de crescimento sofrem com essa dinâmica.

E, para concluir o nosso compromisso de analisar os números, mesmo em tempos difíceis, vamos responder à pergunta mais frequente desde a madrugada de hoje:

Qual a interferência da invasão da Ucrânia na economia do Brasil?

Para responder essa pergunta é necessário lembrarmos que somos um país emergente e, por isso, devemos ser analisados como tal. A leitura atual do mercado é que os riscos de uma contaminação dessa tensão nos ativos emergentes são significativamente maiores que as dos períodos análogos de 2014 (Criméia) e 2018 (sanções da Rússia).

Uma eventual escalada ainda maior nos problemas geopolíticos afetaria mais os países desenvolvidos do que os emergentes, especialmente o Brasil. As três principais razões são:

  • Resiliência demonstrada pelo IBOV em 2022 (+4,8%)
  • Forte ligação da economia brasileira com as commodities
  • Distância geográfica da volatilidade geopolítica

Inferindo o desfecho de episódios históricos ao momento atual, as estimativas do mercado indicam que a probabilidade de lucro em um cenário de resolução diplomática da situação, é maior em países emergentes do que no resto do mundo.

Ressaltamos que o momento é bastante incerto e as premissas podem mudar radicalmente, assim, exposições mais arriscadas estão sendo montadas majoritariamente com proteções.

Ótimos negócios a todos!

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