Como fica o mercado de ações com a escalada da guerra comercial
Especialistas do Banco Safra esperam estabilização dos preços das commodities até o fim do ano e destacam as principais ações mais afetadas positiva ou negativamente
09/04/2025
Guerra comercial afeta os mercados devido à maior incerteza, perspectivas de crescimento reduzidas e interrupções no comércio global | Foto: Getty Images
A China anunciou tarifas de 84% sobre os produtos importados dos Estados Unidos a partir de quinta-feira, dia 10. Trata-se de uma resposta às taxas de 104% sobre produtos chineses anunciadas pelos EUA na última terça, o que provocou a escalada da guerra comercial global desencadeada pelo presidente Donald Trump em seu segundo mandato.
Segundo os especialistas do Banco Safra, uma guerra comercial seria prejudicial para os mercados devido à maior incerteza, perspectivas de crescimento reduzidas e interrupções no comércio global. Porém, eles consideram que há razões limitadas para que isso empurre a economia dos EUA para uma recessão. Segundo a análise, a alta dos preços das commodities pode ter sido exagerada.
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Três discussões principais são destacadas na análise do Safra:
- i. A China retaliará novamente e causará uma “guerra de lances” sobre qual país implementa as tarifas mais altas contra o outro, ou os países chegarão a um acordo comum?
- ii. Com muitas isenções para bens importados em vigor (por exemplo, produtos de aço e alumínio, automóveis e peças de automóveis, semicondutores e energia), qual será o escopo da inflação desencadeada pelas tarifas?
- iii. Esse movimento incentivará os consumidores dos EUA a comprar mais produtos fabricados nos EUA e levará a novos níveis massivos de investimentos no país? Em relação a esse tópico, em quais indústrias esses investimentos seriam feitos?
Guerra de tarifas atinge ações e commodities com força
As commodities começaram a terça-feira fortes, mas os ganhos caíram e a maioria terminou o dia em território negativo. Os preços do petróleo caíram 4% desde ontem, provavelmente devido aos temores de desaceleração da demanda em um ambiente de capacidade ociosa, novamente apontando para uma perspectiva frágil para materiais ligados à construção, manufatura e consumo.
Os preços dos metais ferrosos e não ferrosos caíram mais hoje, a saber, cobre (-5% d/d), minério de ferro (-4%) e alumínio (-2%). Esses três metais também acumularam as maiores perdas desde o Dia da Libertação (ver Figura 1). O ouro se comportou relativamente melhor e tem se mantido estável desde ontem, e os preços de referência da celulose na China ainda não foram divulgados.
A taxa de câmbio do real em relação ao dólar enfraqueceu novamente, de R$ 5,91 para R$ 6,01.
As ações dos produtores de commodities sob cobertura do Safra caíram em média 3% de terça para esta quarta-feira. As ações da CBA, Vale, CSN e Usiminas caíram mais, enquanto as da Aura, Suzano e Klabin foram mais resilientes.
Para onde irão EBITDA, avaliações e retornos após a venda?
Os especialistas do Banco Safra analisam os números operacionais resultantes, avaliações e rendimentos, assumindo que os preços das commodities não se deteriorarão mais—ou seja, estabilizarão entre o segundo trimestre e o quarto trimestre de 2025.
Aura, Suzano, Gerdau e Vale se destacam positivamente, enquanto CSN, CMIN, CBA e Usiminas não. Veja abaixo:
EBITDA: Aura, CSN e Gerdau teriam o maior potencial de alta em relação ao consenso, enquanto CBA, Usiminas e CMIN teriam o maior potencial de baixa.
EV/EBITDA: Suzano, Gerdau e Vale negociariam com o maior desconto em relação à sua média histórica, enquanto Aura, CMIN e CSN negociariam com o menor desconto ou um prêmio.
FCF e rendimento de dividendos: Vale, Suzano, Aura e CBA gerariam os maiores rendimentos, enquanto CSN, CMIN e Usiminas gerariam os menores.

