Aéreas cancelam quase 4,5 mil voos internacionais durante o Natal
Companhias de vários países cancelam voos por falta de funcionários, diante do avanço do contágio pela variante ômicron
24/12/2021Milhares de viajantes receberam neste Natal o aviso de cancelamentos de última hora de seus voos marcados para sexta-feira, 24, e este sábado, 25, por causa do recente pico de casos da variante ômicron da covid-19. Os cancelamentos pegaram de surpresa também os trabalhadores das companhias aéreas.
O número de cancelamentos globalmente para a véspera de Natal e o dia de Natal soma quase 4.500, mostrou o site Flight Aware.
Embora os cancelamentos representassem uma porcentagem relativamente pequena das cerca de 80.000 chegadas em média por dia, eles foram uma interrupção chocante em uma temporada de férias sombreada pela altamente transmissível variante ômicron, que agora é responsável por mais de 70% dos novos casos de coronavírus nos Estados Unidos, segundo o New York Times.
A United Airlines cancelou 176 voos dos 4.000 voos domésticos e internacionais programados em dezenas de aeroportos americanos na sexta-feira, a maioria por causa de membros da tripulação que adoeceram, disse Joshua Freed, porta-voz da companhia aérea com sede em Chicago. Pelo menos mais 44 voos no sábado já foram cancelados, acrescentou.
Um porta-voz da Delta Air Lines disse que cancelou 158 dos 3.100 voos programados para sexta-feira, véspera de Natal, um dos dias de viagem mais agitados do ano. A companhia aérea com sede em Atlanta estava esgotando “todas as opções e recursos”, incluindo redirecionamento e substituição de aviões e tripulações para cobrir voos programados.
Os cancelamentos foram causados por “uma combinação de problemas, incluindo problemas climáticos e relacionados ômicron, e a Delta esperava pelo menos mais 150 cancelamentos no fim de semana, disse a porta-voz Kate Modolo.
A Alaska Airlines teve 17 cancelamentos na quinta-feira depois que um número crescente de tripulantes relatou exposição ao vírus, mas a companhia aérea só precisou cancelar nove voos na sexta-feira, de acordo com um porta-voz.
Outras companhias aéreas, incluindo JetBlue e Allegiant, fizeram o mesmo, de acordo com a Flight Aware.
Contágio de tripulantes obrica aéreas a cancelar voos
De acordo com a United e a Delta, vários funcionários de solo e tripulantes foram contaminados pelo vírus.
Sem funcionários suficientes para as operações, as companhias foram forçadas a lançar mão das medidas. Dos 210 cancelamentos, 120 foram de voos da United e 90 da Delta.
Ambas empresas afirmaram estar trabalhando para contatar passageiros para que não fiquem presos nos aeroportos.
“Infelizmente, tivemos que cancelar alguns voos e estamos notificando os clientes afetados com antecedência sobre sua chegada ao aeroporto”, anunciou a United.
Como agravante, os EUA vivem uma crise sanitária com a ômicron, potencializada pela resistência à vacinação contra a covid-19 e a falta de testes para identificar a doença.
Nesta semana, o presidente Joe Biden anunciou um plano para distribuir 500 milhões de testes rápidos gratuitos aos americanos.
Estes testes serão enviados aos domicílios dos cidadãos pelo correio.
Na quarta-feira, 22, Biden admitiu publicamente, pela primeira vez, arrependimento por não ter agido antes sobre a distribuição gratuita de testes de covid-19 para o público.
Força da nova variante nos EUA
Acredita-se que as festas de fim de ano aumentem os casos de covid, já que a variante ômicron, que sofreu forte mutação, está colocando os hospitais do país e o já esgotados profissionais de saúde em estado de alerta.
A cepa hoje é responsável por mais de 90% de todos os casos em algumas regiões dos Estados Unidos.
Embora as primeiras indicações sugiram que sua taxa de casos graves seja menor, é de longe a versão mais infecciosa do vírus vista até o momento, o que significa que a vantagem de ser mais leve pode ser desconsiderada.
De acordo com a organização independente Covid Act Now, o número médio de novos casos a cada sete dias nos Estados Unidos é de 171 mil, quase ultrapassando o pico da delta registrado em setembro passado.
Ômicron assusta, mas não deve mudar planos dos americanos
No entanto, não há indícios de que os cancelamentos nos voos e o aumento no número de casos de covid-19 desanimem os viajantes.
A American Airlines, por exemplo, indicou que iria operar 5 mil voos diários entre 19 de dezembro e 1º de janeiro, o que representa 86% de sua capacidade em relação a 2019. “Há uma enorme demanda reprimida por viagens aéreas”, disse um porta-voz.
A American Automobile Association estima que 109 milhões de pessoas – um aumento de 34% em relação a 2020 – deverão pegar as estradas, embarcar em aviões ou usar outros meios de transporte em viagens entre 23 de dezembro e 2 de janeiro. (Com AE)