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5 conceitos básicos para ler balanços de empresas

Balanços financeiros funcionam como fotografias e ajudam investidores a avaliar a gestão e o valor das ações

Pessoa com caneta e livro em branco, rodeada de papéis e calculadora, analisando balanços de empresas

Itens como receita, Ebitda e dívida são cruciais para um bom julgamento sobre os balanços financeiros das empresas listas em bolsa | Foto: Getty Images

Empresas de capital aberto, listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, têm a obrigação de divulgar balanços em quatro oportunidades ao longo do ano.

Os resultados são como uma fotografia do momento financeiro e sempre se referem às atividades desenvolvidas pela companhia dentro de um trimestre.

Sendo assim, a cada ano as empresas divulgam ao mercado balanços sobre os seguintes períodos: janeiro, fevereiro e março (1º trimestre); abril, maio e junho (2º trimestre); julho, agosto e setembro (3º trimestre); outubro, novembro e dezembro (4° trimestre).

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A partir dos balanços financeiros, acionistas (shareholders), investidores e demais públicos de interesse (stakeholders) analisam a saúde e o desempenho das empresas.

Nesse sentido, conhecer conceitos básicos sobre balanços de empresas é fundamental para fazer uma boa leitura e julgamento sobre a gestão, reputação e sobre o valor das ações.

5 conceitos para ler balanços de empresas

Para ajudar novos investidores e públicos de interesse a entender balanços financeiros com mais clareza, especialistas do Banco Safra explicam cinco conceitos básicos.

  1. Receita
    Item básico na demonstração financeira é a receita líquida. A questão envolve a quantidade de venda multiplicada pelo preço, menos algumas deduções, como impostos ou descontos. Empresas bem administradas tendem a elevar suas receitas usando uma mesma base de ativos, seja pela otimização de processos ou de recursos.

  2. Ebitda
    Ponto essencial em análises de balanços de empresas, a sigla, que vem do inglês, tem como desmembramento “lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização”. O Ebitda representa o lucro operacional, que é encontrado ao descontar da receita líquida os custos e despesas da produção e operação. Dentro destes custos estão aluguéis, mão de obra, insumos e transportes, por exemplo.

    O valor mostra a capacidade de geração de caixa da empresa. É com ele que se calcula um múltiplo famoso, o EV/Ebitda. Nele, o Ebitda projetado divide o valor da firma (enterprise value), que é o valor de mercado de uma empresa (preço da ação multiplicado pela quantidade de ações) somado ao endividamento líquido dela. Quanto menor o resultado dessa divisão, mais “barata” tende a ser a companhia.

  3. Lucro
    Objetivo final da empresa, o lucro pode ser encontrado na última linha do balanço. Para saber se uma companhia deu lucro ou prejuízo no período, basta retirar do Ebitda impostos e remuneração dos acionistas minoritários. É a essa rubrica que se refere o múltiplo mais utilizado, o P/L. Trata-se do valor da ação no mercado dividido pelo lucro esperado da empresa. Assim como com o EV/Ebitda, quanto menor o P/L, mais descontada deve estar uma ação. Se o investidor inverter o P/L, terá a taxa de retorno estimada para o capital investido. Ou seja, para um P/L de cinco vezes, é esperado 20% de retorno.

  4. Patrimônio
    Na análise dos balanços das empresas, os investidores encontram dois grandes grupos: ativos e passivos. No primeiro, estão discriminados bens e direitos, como máquinas, terrenos, estoques e caixa. Já no segundo entram salários e impostos a pagar, bem como dívidas e outras contas. O patrimônio líquido é a subtração de seus ativos pelos seus passivos. Esse número, em geral, representa o capital da empresa disponível para remunerar os acionistas ou realizar investimentos. Lucros aumentam essa rubrica ao longo do tempo, enquanto prejuízos a reduzem. A partir disso, calculamos outro múltiplo importante, o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido), que dá ideia da rentabilidade de uma companhia. Quanto maior o ROE, mais lucro a empresa está gerando a partir dos ativos investidos nela.

  5. Dívida
    Para a maioria das pessoas, dívida é sempre algo negativo. No mundo financeiro, isso nem sempre é verdade. Uma empresa pode ser mais eficiente tomando capital emprestado para gerar valor, uma vez que o custo de capital de terceiros é menor que o custo de capital próprio. Mas é preciso atenção, já que uma alavancagem alta também pode ser sinônimo de risco, e expor mais a empresa a movimentos na taxa de juros do país.

    Há diversas maneiras de medir o grau de endividamento de uma empresa. Uma delas é dividindo a dívida líquida pelo Ebitda. A dívida líquida é o total de obrigações financeiras da companhia, menos o seu saldo de caixa livre. Apenas essa métrica, entretanto, não mostra aspectos importantes sobre o perfil da dívida. Prazos de vencimento mais curtos, por exemplo, podem ser mais arriscados. Vale destacar que todos os conceitos apresentados acima não são definitivos na análise de uma ação. Eles indicam apenas parte da realidade de uma empresa e podem levar a conclusões equivocadas se observados isoladamente.

    Um detalhe fundamental é que empresas de diferentes setores tendem a apresentar múltiplos diferentes. A referência para comparar métricas de bancos, por exemplo, será diferente daquela utilizada para avaliar varejistas. Outro ponto de atenção é o estágio em que a empresa se encontra. Uma com estratégia de crescimento agressiva não deveria ser comparada a outra em um momento mais maduro.

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