As melhores escolhas entre as ações das construtoras
Safra atualiza estimativas para as ações das construtoras e mantém a preferência pelos papeis das empresas que atuam no mercado de baixa renda
20/02/2025
A inflação da construção gerou alertas, mas os especialistas do Safra continuam convictos da capacidade das construtoras de sustentar a margem bruta em níveis saudáveis | Foto: Getty images
O Banco Safra mantém preferência por construtoras de baixa renda, após atualizar as estimativas para as ações de empresas so setor de construção sob a sua cobertura, incorporando novas premissas macroeconômicas e custo de capital mais alto.
Na avaliação do Safra, o segmento de baixa renda com juros imobiliários fixos continua sendo a melhor escolha diante do ciclo de aperto, pois o segmento deve continuar se beneficiando da melhora do ambiente para o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).
A inflação da construção gerou alertas, mas os especialistas do Safra continuam convictos da capacidade das construtoras de sustentar a margem bruta em níveis saudáveis.
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Os especialistas do Safra observam também que eventuais surpresas no custo podem ser mitigadas com aumento de preços, e ainda esperara-se crescimento sólido nos lucros, mesmo sob níveis deteriorados de margem bruta – uma improvável margem bruta 2 p.p. menor ainda geraria um crescimento anual composto médio de 31% no lucro por ação (LPA) em 2024–2026.
O Safra segue cauteloso no nicho de renda média/alta, mas microtendências favoráveis não devem ser ignoradas. O ambiente de aperto deve continuar dominando os noticiários, colocando pressão adicional na poupança e levando a novos aumentos nos juros imobiliários, o que pode ter maior impacto nas vendas em algum momento.
As avaliações devem permanecer comprimidas (cerca de 5,2x P/L) dada a forte correlação do segmento com os juros de longo prazo, e o setor deve ficar fora do radar dos investidores até que a percepção do ambiente macro melhore.
No entanto, as vendas ainda não mostraram sinais claros de desaceleração, e o estoque no segmento de renda média/alta em São Paulo permanece no menor nível desde fevereiro de 2020 (quando os juros imobiliários estiveram perto da mínima histórica), um sinal positivo para os futuros lançamentos das construtoras.
As melhores escolhas entre as ações das construtoras
Em um ano difícil para o mercado de ações brasileiro, investidores provavelmente favorecerão empresas mais bem-consolidadas e com lucros consistentes, já que os níveis de avaliação devem ficar em segundo plano nas decisões de investimento.
Assim, a Cury (CURY3) é nossa preferida por sua margem bruta sólida e conversão de caixa, o que deve possibilitar pagamentos de dividendos maiores.
Vemos a Cyrela (CYRE3) desafiando os fundamentos do setor com uma operação impecável e ações que são negociadas perto da mínima histórica de 4,3x P/L, apesar dos índices recordes de lucratividade.
A Direcional (DIRR3) também está entre as preferidas do Safra, devido à sua excelente execução e aos dividendos mais altos (rendimento de 13% em 2025E), sustentados por uma perspectiva positiva para o fluxo de caixa, além de níveis atraentes de avaliação.
O Safra reitera a recomendação de Compra para Plano & Plano (PLPL3), Tenda (TEND3), Lavvi (LAVV3) e Moura Dubeux (MDNE3).
O Safra vê a Plano & Plano sendo negociada a um P/L atrativo de 4,3x (desconto de 35% em relação ao P/L médio de 6,6x de Cury e Direcional), combinando crescimento sólido dos lucros, balanço patrimonial sem alavancagem e fortes perspectivas de dividendos.
O Safra acredita que a Tenda esteja mais perto do que nunca de implementar com sucesso sua recuperação total, acelerando seu processo de desalavancagem, dada a melhor perspectiva para lucros (retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 33% em 2025).
Por fim, o Safra mantém recomendações de Compra para Lavvi e Moura Dubeux. Ambas possuem níveis de estoque mais baixos e menor alavancagem, sustentando índices mais altos de lucratividade (ROE de 27% para LAVV e 17% para MDNE em 2025).
Safra rebaixa MRV (MRVE3) e EVEN (EVEN3) e mantém recomendação Neutra para EZTEC (EZTC3)
Embora acredite que o plano de redução de pessoal da Resia dará resultados positivos no longo prazo, ele já deve impactar o resultado da companhia em 2025, embora sua maior alavancagem (120% de dívida líq./patrimônio líq., incluindo cessões de crédito) deva afetar o lucro.
Assim, o Safra vê as ações da MRV sendo negociadas a um P/L de 6,2x para 2025, que implica um prêmio de 13% sobre a média de seus pares.
O banco rebaixou a recomendação da Even para Neutra, pois está mais conservador com seus resultados futuros, dados os níveis altos de estoque e o pipeline de grandes empreendimentos de alto padrão que podem afetar seu balanço e índices de lucratividade.
Por fim, o Safra manteve a recomendação Neutra para Eztec, dados os níveis de estoque ainda altos e a perspectiva de ROE em desaceleração.
Riscos:
- (i) inflação da construção acima do esperado, pressionando fluxos de caixa e margem bruta;
- (ii) escassez de recursos para o MCMV decorrente de maiores saques do FGTS;
- (iii) juros imobiliários mais altos e menor acessibilidade habitacional afetando as vendas futuras;
- (iv) maiores cancelamentos, considerando o pico de entregas em 2025/2026; e
- (v) reforma tributária (IVA sobre construtoras de renda média/alta poderão chegar a cerca 4% vs. 2% atualmente).


