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Comércio eletrônico e consumo básico melhoram resultados, apesar dos juros

Os principais destaques positivos do trimestre foram Mercado Libre (MELI), Pague Menos (PGMN3) e Blau (BLAU3), que apresentaram resultados melhores do que o esperado

Consumo shopping PIB 2024

Analistas ficaram com visão mais construtiva do que no início do período, apesar do cenário macroeconômico mais difícil do que o esperado | Foto: Getty Images

A temporada de resultados do do quarto trimestre de 2024 terminou de forma positiva, com a maioria das empresas de Pharma, Varejo Alimentar e E-commerce sob cobertura do Banco Safra superando as estimativas.

Relatório do Safra informa que os analistas ficaram com visão mais construtiva do que no início do período, apesar do cenário macroeconômico mais difícil do que o esperado, já que a maioria das empresas melhorou suas operações.

Os principais destaques positivos do trimestre foram Mercado Libre (MELI), Pague Menos (PGMN3) e Blau (BLAU3), que apresentaram resultados melhores do que o esperado, além de sólida rentabilidade e geração de fluxo de caixa.

Por outro lado, os pontos negativos foram:

  • (i) Hypera, cujos números foram negativamente afetados por sua nova política/estratégia de capital de giro, conforme já esperado; e
  • (ii) RD Saúde, devido à pressão maior do que o esperado nas despesas gerais administrativas e com vendas.

Em relação à Hypera, o próximo trimestre deve continuar sendo negativamente impactado, já que as vendas e margens devem se normalizar apenas no segundo trimestre de 2025. Quanto ao Mercado Libre, é importante ter em mente que alguma volatilidade na margem EBIT pode ocorrer em alguns trimestres devido às despesas de PDA e à abertura de novos centros de distribuição, que são essenciais para sustentar o ritmo de crescimento excepcional da empresa (>30% a/a).

Consumo básico e comércio eletrônico devem continuar a entregar resultados sólidos

Os analistas do Safra acreditam que as empresas que foram os destaques positivos nesta temporada de resultados devem continuar a entregar resultados sólidos, mas também apontam que elas devem enfrentar comparações mais fáceis no 1T25 (exceto para MELI).

Para o Varejo Alimentar, os analistas também esperam que o início do primeiro trimestre de 2025 seja negativo para as vendas em mesmas lojas devido aos seguintes fatores:

  • (i) nenhum efeito de vendas de Páscoa (a Páscoa será em abril este ano vs. março em 2024) e
  • (ii) 1 dia a menos (ou 1% das vendas) em fevereiro de 2025 (28 dias) vs. fevereiro de 2024 (29 dias), apesar da aceleração da inflação dos alimentos.

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Pharma (Varejo & Indústria)

Os varejistas de Pharma apresentaram resultados positivos no trimestre, combinando um crescimento de dois dígitos decente (um ritmo semelhante ao do 3T24) com ganhos de margem EBITDA a/a devido à alavancagem operacional nas despesas de SG&A. Do lado da indústria, os números da HYPE foram negativamente impactados por dores de reestruturação devido ao seu foco em melhorias de capital de giro (ciclo de conversão de caixa reduzido em 50 dias a/a), o que também deve impactar o crescimento da receita e as margens no próximo trimestre.

No entanto, a mensagem na teleconferência de resultados do 4T24 foi positiva, já que a empresa afirmou que seu sell-out deve seguir o desempenho do 4T24 (+9,2% a/a), o que representaria um aumento alinhado com o mercado.

Quanto à Blau, a empresa apresentou um resultado melhor do que o esperado, mas os analistas continua cautelosos em relação ao nível de margem no médio/longo prazo, apesar do bom momento de ganhos. Em termos de perspectiva, os analistas do Safra continuam a esperar um crescimento saudável no setor. No entanto, o ajuste de preços da CMED mais baixo este ano e o maior número de feriados vs. 2024 são os obstáculos para o ritmo de crescimento e diluição de despesas.

E-commerce

No e-commerce, as vendas diretamente ao consumidor final (1P) e varejo físico continuaram a ser negativamente impactadas pelo cenário macroeconômico difícil, apesar dos números positivos de vendas em mesmas lojas apresentados neste trimestre devido às comparações fáceis, enquanto o GMV 3P continuou a crescer, pois as empresas conseguiram melhorar as margens e a geração de caixa em um trimestre positivo.

MELI reportou uma combinação de forte crescimento da receita, ganhos de margem EBIT e sólida relação de alavancagem. MGLU apresentou um resultado trimestral ligeiramente pior do que o esperado, principalmente no EBITDA (-8% vs. Safra), mas o destaque foi a geração de fluxo de caixa de R$1,5 bilhão após capex em 2024 vs. o consumo de caixa de R$1,7 bilhão em 2023, confirmando o momento positivo de ganhos, com rentabilidade melhorada e melhores dinâmicas de fluxo de caixa. Em relação à Casas Bahia, pudemos ver o processo de reestruturação dando frutos, já que a empresa manteve seus níveis históricos de margem bruta e EBITDA. No entanto, a queima de caixa continua sendo uma preocupação (-R$1 bilhão em 2024), além do balanço bastante alavancado, representando um desafio para a empresa reverter seu prejuízo líquido. Em termos de perspectiva, MELI deve continuar a crescer em um ritmo sólido, combinando ganhos de margem com geração de fluxo de caixa. No entanto, é importante ter em mente que alguma volatilidade na margem EBIT pode ocorrer em alguns trimestres devido às despesas de PDA e à abertura de novos centros de distribuição, que são essenciais para sustentar o ritmo de crescimento excepcional da empresa (>30% a/a). Além disso, o 1T25 deve ser melhor para MGLU, devido às comparações fáceis, uma estrutura operacional mais enxuta e melhores dinâmicas de fluxo de caixa. Por fim, para BHIA o Safra considera que é preciso monitorar de perto a evolução da margem EBITDA e, principalmente, a geração de fluxo de caixa.

Varejo Alimentar

O trimestre foi marcado por uma inflação alimentar mais alta, levando a um desempenho positivo das Vendas de Mesmas Lojas, embora em um ritmo mais lento para todos os players listados, o que se traduziu em volumes mais baixos. No entanto, vale notar que as vendas parceladas (até 3 parcelas) – que impulsionaram um crescimento de vendas em mesmas lojas de +6,3% a/a no formato C&C do CRFB (Atacadão) vs. +4,4% para ASAI – continuaram a alimentar um forte consumo de caixa e pressionar as despesas financeiras do CRFB. GMAT foi o retardatário em termos de crescimento (+2% vendas em mesmas lojas) pela terceira vez desde o 4T21, mas sua rentabilidade continuou a melhorar após atingir um ponto de virada no 3T24, enquanto a alavancagem permanece em um nível saudável. Para ASAI, a expansão da presença (novas lojas e/ou conversões de lojas) continuou a apoiar um bom crescimento da receita.

O Safra vai monitorar o crescimento das Vendas de Mesmas Lojas, a evolução da margem EBITDA e a alavancagem nos próximos trimestres. As margens do CRFB, especificamente, continuaram a ser negativamente impactadas pela integração do Grupo BIG. Em relação à perspectiva, os analistas do Safra não esperam grandes mudanças no cenário, mas devem ficar de olho em:

  • (i) a agenda de desalavancagem da ASAI (relação dívida líquida/EBITDA de 3,1x no 4T24A vs. 2,8x em 2025E);
  • (ii) o processo de deslistagem do CRFB, que, em nossa opinião, deve ocorrer sem problemas;
  • (iii) a evolução da reestruturação do PCAR; e (iv) o impacto das vendas parceladas em vendas em mesmas lojas, lucro líquido e fluxo de caixa. (Vale notar que apenas o Atacadão está atualmente oferecendo essa condição de pagamento; ASAI e GMAT não pretendem oferecê-la.)

O Safra também espera que o início do 1T25 seja negativo para as Vendas de Mesmas Lojas devido a

  • (i) nenhum efeito de vendas de Páscoa (a Páscoa será em abril este ano vs. março em 2024) e
  • (ii) 1 dia a menos (ou 1% das vendas) em fevereiro de 2025 (28 dias) vs. fevereiro de 2024 (29 dias), apesar da aceleração da inflação dos alimentos.
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