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Copom avalia piora no cenário global e juros mais altos por mais tempo

Informações constam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, quando a taxa básica de juros subiu de 12,75% para 13,25% ao ano

Juros

O Copom avalia que a inflação deve chegar em 8,8% em 2022, 4% em 2023 e 2,7% em 2024 | Foto: Getty Images

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central estima uma piora no cenário econômico mundial e no Brasil, o que o levará a manter a postura mais contracionista por mais tempo.

De acordo com a ata da última reunião divulgada nesta terça-feira, 21, o Copom avalia que as projeções de inflação situam-se em 8,8% para 2022, 4% para 2023 e 2,7% para 2024. Já as estimativas para a alta dos preços administrados são de 7% para 2022, 6,3% para 2023 e 3,3% para 2024.

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Segundo a ata, estas expectativas do cenário de referência não incorporam o impacto das medidas tributárias sobre preços de combustíveis, energia elétrica e telecomunicações que estão em tramitação. “O Comitê julga que a incerteza em torno das suas premissas e projeções atualmente é maior do que o usual e cresceu desde a última reunião”, informou o Copom.  

Para o Copom o cenário inflacionário global segue marcado por pressões de alta dos preços advindas tanto de uma demanda por bens persistentemente elevadas como de choques de oferta ligados à guerra na Ucrânia e à política chinesa de combate à covid-19.

“O Comitê avalia, com base nas projeções utilizadas e seu balanço de riscos, que a estratégia requerida para trazer a inflação projetada em 4% [para 2023] para o redor da meta no horizonte relevante conjuga, de um lado, taxa de juros terminal acima da utilizada no cenário de referência e, de outro, manutenção da taxa de juros em território significativamente contracionista [juros altos] por um período mais prolongado que o utilizado no cenário de referência”, informou.

Para Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações de renda variável da Ação Brasil, o Copom demonstrou um tom mais mais hawkish, fazendo um alerta sobre a continuação do cenário de incertezas e que podem mudar rapidamente o cenário inflacionário.

” A cautela se dá não só pelos riscos locais, mas também pelo choque de oferta e da alta de juros ocorrendo no cenário externo, o que também pode contribuir para um inverno mais longo no Brasil, com a política contracionista imperando por mais tempo”, disse Alves. “Só a inflação dirá por quantos meses isso irá acontecer.”  

Na última quarta-feira, 15, o Copom anunciou alta da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, passando de 12,75% para 13,25% ao ano. Foi o décimo primeiro aumento seguido na taxa Selic, que atingiu o maior patamar desde dezembro de 2016.

Segundo a ata, foi debatida, durante a reunião, a sinalização para um novo ajuste de igual ou menor magnitude no próximo encontro. “Dada a persistência dos choques recentes, o Comitê avaliou que somente a perspectiva de manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo não asseguraria, neste momento, a convergência da inflação para o redor da meta no horizonte relevante”, informou.

Para o Copom, essa estratégia foi considerada a mais adequada para garantir a convergência da inflação por um período mais longo. “Como a ancoragem das expectativas de prazos mais longos, ao mesmo tempo que reflete o aperto monetário já empreendido, reforça a postura de cautela da política monetária e ressalta a incerteza do cenário.”

Para calibrar o nível dos juros, o sistema adotado é o de metas de inflação. Neste momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para atingir a meta de inflação do ano que vem, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis a 18 meses para terem impacto pleno na economia.

Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

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