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Copom muda a perspectiva sobre juros para janeiro

Surpresa não está no teor do comunicado, mas no seu timing, segundo economistas do Safra

Sede do BC

Ata informa sobre mudança da prescrição futura da taxa de juros / Foto: EBC

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) manteve a taxa de juro básica em 2% ao ano na noite de quarta-feira, 9 de dezembro, mas surpreendeu na ata do encontro com uma mudança de tom em relação às perspectivas para a Selic nas próximas reuniões.

A surpresa não está no teor do comunicado, mas em seu timing, segundo a análise dos economistas do Banco Safra.

O Copom adotou neste segundo semestre de 2020 uma ferramenta conhecida como prescrição futura (forward guidance, como é também conhecida no mercado), ou seja, a sinalização de que os juros serão mantidos no nível atual por um período prolongado.

Na reunião de dezembro, a última do ano, o Banco Central sinalizou pela primeira vez que a prescrição futura pode estar chegando ao fim, uma vez que as condições para a sua manutenção podem não ser mais satisfeitas.

No comunicado, o Banco Central afirma o seguinte: “O Copom avalia que, desde a adoção do forward guidance, observou-se uma reversão da tendência de queda das expectativas de inflação em relação às metas para o horizonte relevante. Além disso, ao longo dos próximos meses, o ano-calendário de 2021 perderá relevância em detrimento ao de 2022, que está com projeções e expectativas de inflação em torno da meta.”

O texto acrescenta que “a manutenção desse cenário de convergência da inflação sugere que, em breve, as condições para a manutenção do forward guidance podem não mais ser satisfeitas, o que não implica mecanicamente uma elevação da taxa de juros pois a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo extraordinariamente elevado frente às incertezas quanto à evolução da atividade”.

Projeção do Safra

Para o time de macroeconomia do Safra, o comunicado abre a possibilidade, nas reuniões de 19 e 20 de janeiro, de retirada da sinalização quanto à manutenção dos juros baixos por um período prolongado.

Na avaliação dos especialistas, no entanto, a trajetória projetada de uma inflação mais benigna no começo do ano deve postergar essa mudança na comunicação para março.

A inflação bastante baixa em janeiro pode ocorrer caso as condições hídricas permitam o retorno à bandeira amarela na conta de energia já no começo do ano, se a cobrança do reajuste de planos de saúde de 2020 for diluída entre os meses de 2021, e se for confirmado que a descompressão que está se verificando nos preços de alimentos no atacado se dará mais cedo que o esperado.

Desse modo, os economistas do Safra mantêm a projeção de que a elevação da taxa Selic deve ocorrer a partir de agosto de 2021, com a taxa de juros encerrando o ano em 3%.

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