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Copom eleva a taxa básica de juros para 7,75% ao ano

Diante da piora da inflação, o Conselho de Política Monetária do Banco Central anunciou nova alta na taxa Selic, a sexta seguida

Fachada do Banco Central, em Brasília, onde o Copom define a taxa básica de juros, a Selic

Ritmo de aperto da taxa de juros aumentou desde agosto para conter inflação acelerada | Foto: Getty Images

O Conselho de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou novamente a taxa básica de juros, desta vez para 7,75%, nesta quarta-feira, 27.

A decisão do aumento de 1,5 ponto percentual foi unânime (comunicado oficial) e é a sexta alta seguida da taxa. Este é o maior patamar desde 2017.

Na última reunião, em setembro, o conselho havia elevado a taxa em 1 ponto percentual para 6,25% ao ano e anunciou que faria um novo aumento da mesma magnitude. Novamente, o mesmo aviso de alta para a próxima reunião (7 e 8 de dezembro) foi dado pelo BC.

O mercado esperava que a taxa Selic subiria agora para 7,25%, mas o noticiário econômico das últimas semanas levou muitos economistas e instituições financeiras a rever as projeções para os juros.

O primeiro motivo da deterioração das expectativas em relação aos juros foi a inflação, que vem acelerando.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, ficou em 1,20% em outubro, na maior variação para um mês de outubro desde 1995 (1,34%), e a maior variação mensal desde fevereiro de 2016 (1,42%).

“Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que recentes questionamentos em relação ao arcabouço fiscal elevaram o risco de desancoragem das expectativas de inflação, aumentando a assimetria altista no balanço de riscos. Isso implica maior probabilidade de trajetórias para inflação acima do projetado de acordo com o cenário básico”, informou o Banco Central.

Risco fiscal e inflação elevam expectativa de aperto na taxa de juros

As preocupações do mercado pioraram quando o governo federal decidiu ultrapassar o limite do teto de gastos para garantir o programa social Auxílio Brasil, em substituição ao Bolsa Família, no valor de R$ 400 mensais.

A derrota da equipe econômica para a ala política do governo na mudança do teto de gastos para abrir espaço no orçamento de 2022 para um auxílio de R$ 400 culminou com pedido de exoneração de quatro integrantes do Tesouro Nacional.

O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, o secretário Jeferson Bittencourt e seus respectivos adjuntos, Gildenora Dantas e Rafael Araujo, pediram demissão dos cargos, o que deteriorou ainda mais as expectativas do mercado diante do risco fiscal para 2022.

“Novos prolongamentos das políticas fiscais de resposta à pandemia que pressionem a demanda agregada e piorem a trajetória fiscal podem elevar os prêmios de risco do país”, diz o BC.

O Copom acelerou o ritmo do ciclo de aperto monetário em agosto, ao promover uma alta de 1 ponto na Selic, que passou então para 5,25% ao ano, maior alta em 18 anos.

Até agosto o ciclo de aperto vinha sendo de 0,75 ponto a cada reunião.

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Nova alta da taxa de juros

Segundo comunicado do Banco Central, um novo aumento na taxa Selic da mesma magnitude deve ocorrer na próxima reunião.

Nesse sentido, o BC enfatizou novamente a questão da alta da inflação.

"O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária", diz o BC.

Ata do Copom

Excepcionalmente, a ata da reunião do Copom desta quarta será divulgada às 7h do dia 3 de novembro.

Segundo o BC, a publicação virá antes da participação do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, na COP-26 e antes da abertura dos mercados.

A divulgação das próximas atas retornará ao padrão de publicação de 8h da primeira terça-feira após a reunião.

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