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Copom pode anunciar hoje taxa Selic de até 8,5% ao ano

Com o resultado da prévia da inflação (IPCA-15) muito acima do teto da meta do, economistas elevam projeções para alta da taxa básica de juros

preços no supermercado

Inflação oficial acumulada em 12 meses já está em 10,34%, projeta o IPCA-15 divulgado terça-feira, 26 | Foto: Getty Images

A prévia da inflação oficial no mês de outubro – IPCA-15 – com o pior resultado para o mês desde 1995 e aumentou a pressão sobre o Conselho de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que anuncia hoje a nova taxa básica de juros. A variação recorde dos preços levou o mercado a revisar novamente suas projeções, e as apostas agora são de aumento de até 2 pontos porcentuais para a Selic – que está em 6,25% ao ano.

Além da alta da inflação – que em 12 meses, considerando o IPCA-15, já está em 10,34%, muito acima do teto da meta definida para o ano (5,25%) -, as estimativas de bancos e consultorias também levam em conta o receio de uma piora das contas públicas.

Isso seria resultado da tentativa do próprio governo de rever a regra do teto de gastos (que limita as despesas públicas à correção da inflação) para ampliar os desembolsos com programas sociais e emendas parlamentares em 2022, ano eleitoral.

“Temos uma tempestade perfeita composta pela forte deterioração do quadro fiscal e expressiva alta de preços. O BC terá de ter pulso firme, pois a política monetária está sozinha”, afirmou o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Camargo Rosa, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Ele admite que sua previsão de alta de 1,25 ponto foi atropelada pelo IPCA-15.

Alta de 2 pontos na taxa Selic pode vir esta semana, dizem analistas

A sinalização do governo de que irá furar o teto de gastos para financiar o pagamento do Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família, assim como a alta da inflação, devem forçar o Copom a elevar os juros para níveis bem acima dos previstos inicialmente pelo mercado.

Em evento virtual da Anbima nesta terça-feira (26), os economistas Carlos Kawall, da Asa Investments, e Rodrigo Azevedo, da Ibiuna, disseram prever uma Selic próxima de 12% ao ano no início de 2022, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

Kawall, ex-secretário do Tesouro Nacional, afirmou que, após os eventos da semana passada em Brasília, que deterioraram de maneira aguda a expectativa do mercado para a política fiscal, passou a projetar uma alta de 2 pontos na taxa Selic no encontro do Copom que se encerra nesta quarta-feira.

Se confirmado, será o maior aumento na taxa básica de juros desde 2002, o que levaria a Selic para 8,25% ao ano. A mediana do levantamento da Bloomberg com analistas aponta alta de 1,85 ponto.

No relatório Focus do Banco Central, a mediana da previsão dos economistas consultados pelo BC aponta para a taxa Selic em 8,75% no fim deste ano, chegando a 9,5% em dezembro do ano que vem.

Ex-diretor do BC, Azevedo disse que trabalha com um cenário-base com a inflação ao redor de 10% neste ano, e próxima de 5% em 2022, com a taxa Selic oscilando dentro de uma banda entre 10% e 12% ao longo dos próximos meses.

O sócio da Ibiuna afirmou que o aumento da incerteza sobre as contas públicas reduz a eficácia da política monetária, forçando o BC a ter de levar os juros para a casa dos dois dígitos.

Para José Márcio Camargo, da Genial Investimentos, o BC deveria aplicar uma alta de 3 pontos, o que levaria a Selic a 9,25%, forte o suficiente para compensar os choques que estão ocorrendo nos preços dos ativos e um primeiro passo para manter a credibilidade da política monetária.

Entre as casas que passaram a ver a possibilidade de alta de até 2 pontos, está a Asa Investments. “Não é só o fiscal, em paralelo estamos perdendo (o controle da) a inflação em velocidade bem superior ao que imaginávamos. Dado o contexto, entendemos ser difícil o BC não aumentar em 2 pontos”, disse o seu economista-chefe, Gustavo Ribeiro.

O aumento dos juros terá impacto negativo na recuperação da economia e na geração de novos empregos. Como reflexo desse cenário, num dia de novos recordes das Bolsas nos EUA, o Ibovespa terminou com baixa de 2,11%, aos 106.419,53 pontos. Já o dólar teve valorização de 0,32%, cotado a R$ 5,57 – com variação acumulada no mês de 2,34%.

Inflação em um ano já chega a dois dígitos em sete capitais e reforça aposta em juros mais altos

Das 11 regiões que integram a coleta de preços para o cálculo da inflação, sete já registram variação de dois dígitos no acumulado de 12 meses.

Considerando o IPCA-15 de outubro, divulgado pelo IBGE, Curitiba aparece com a maior alta, de 13,42%. Na sequência, estão Porto Alegre (11,85%), Fortaleza (11,14%), Goiânia (10,44%), Recife (10,29%), Belo Horizonte (10,19%) e Belém (10,01%).

Os dados do IBGE mostram que a maior pressão continua vindo dos preços de bens e serviços administrados pelo governo, como energia elétrica e combustíveis.

Só energia subiu 3,91% na prévia de outubro, respondendo praticamente por um quinto do IPCA-15 no mês. Em outubro, permanece em vigor a bandeira tarifária de escassez hídrica, que acrescenta R$ 14,20 na cobrança da conta de luz a cada 100 kWh consumidos.

Em 12 meses, a energia elétrica já subiu 30,02%, enquanto o gás de botijão ficou 35,18% mais caro. A gasolina aumentou 40,44% no período, e o etanol, 57,91%.

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