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Covid-19 e inverno: o que especialistas recomendam

Mesmo quem recebeu vacina deve manter o isolamento agora. Quem já teve a doença precisa redobrar os cuidados

mulher agasalhada dia de inverno

Sintomas respiratórios são comuns a várias doenças de inverno e podem observados e até diagnosticados por teleatendimento | Foto: Getty Images

O inverno é sempre uma estação que pede aumento do cuidado com a saúde, principalmente com as infecções que atingem o sistema respiratório. A estação chega, neste ano, em meio ao agravamento da pandemia de covid-19. Por esse motivo, pede cuidados maiores.

As medidas contra o avanço do novo coronavírus devem ser mantidas e reforçadas. Evitar aglomerações de pessoas, manter o uso adequado de máscaras e a higienização constante das mãos seguem como regras de ouro para evitar o contágio. “Mesmo quem já se vacinou deve manter todas as medidas nesse momento”, afirma o pneumologista Fábio Arimura, coordenador da Sociedade Paulista de Pneumologia.

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Segundo Fábio Arimura, que atua na linha de frente de combate à covid-19, mesmo a mais eficaz entre as vacinas disponíveis não protege 100% da infecção pelo novo coronavírus. Em fase de alta circulação e concentração do viral, como as que o Brasil vive, as chances de contágio são altas, se as demais medidas de segurança forem abandonadas.

Uma das preocupações dos médicos é justamente o aumento natural da procura por hospitais diante de sintomas do que chamamos de gripe comum. Começar a busca pelo atendimento médico virtual (teleatendimento) é o mais recomendado, quando possível. Arimura diz que, apesar de existirem sintomas semelhantes entre a covid-19 e as gripes, algumas diferenças merecem atenção na tomada de medidas:

  • Os primeiros sintomas de gripe aparecem logo nos primeiros dias da infecção e costumam durar dois a três dias, quando então, o paciente passa a apresentar melhora do quadro. Na dúvida em caso de sintomas leves, o teleatendimento com profissional, quando possível, é a melhor opção para evitar os hospitais.
  • A covid-19 costuma ter seus primeiros sinais a febre, acompanhada de incômodos mais fortes que aumentam com o passar dos dias. Nesse caso, além do teleatendimento, recomenda-se os exames e o isolamento por precaução.
  • O pulmão é o órgão mais comumente atacado por ambas. Mas a covid-19 pode ter um efeito mais discreto, porém muito grave, que é a queda de saturação de oxigênio no sangue. Essa queda pode ser menos sensível do que a tosse ou a falta de ar do asmático e por isso é necessária a observação mais acurada. Um oxímetro de boa qualidade em casa pode ajudar, mas sempre mantido o contato com o médico. A falta de oxigênio é o que leva um paciente de covid-19 a ser intubado.
  • Em crianças, a covid-19 pode se manifestar com sintomas gastrointestinais, como diarreias. Ou ainda inflamações que geram mal-estares semelhantes ao do que se chama vulgarmente de “viroses”. É importante, nesse caso, comunicar o médico e fazer os testes o quanto antes.

Para a diretora da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, a chegada da estação ao hemisfério Sul é um entrave ao combate mundial ao novo coronavírus. “Na América do Sul, nossa resposta à pandemia será afetada pela chegada do inverno, enquanto a temporada de furacões complicará nossos esforços na América do Norte e Central”, disse Etienne, em comunicado à imprensa.

Outra advertência do pneumologista Fábio Arimura se dirige aos pacientes recuperados da covid-19. “Se a doença tiver atingido os pulmões, mesmo que a pessoa esteja recuperada, ela poderá estar com o órgão ainda prejudicado. Qualquer outra doença que atinja os pulmões pode ser mais grave em pessoas com esse histórico”, diz.

Arimura reforça que ter sido já contaminado pelo vírus não garante a proteção contra novas contaminações da doença. “Os estudos mostram que não existe imunização de rebanho pelo contato com o vírus. Ela pode existir, mas apenas temporariamente. E entre algumas cepas ainda não sabemos se o contágio gera imunização, nem sequer temporariamente”. Observação feita também pelo infectologista José Eduardo Levy. Segundo o microbiologista, a variante P.1 (a mais comum hoje no Brasil) tem capacidade de contaminar pacientes que tenham sido infectados com cepas anteriores do novo coronavírus.

Sintomas de covid-19 em crianças podem ser diferentes do que entre adultos

“Nas crianças, é importante lembrar também, que a covid-19, e especialmente na fase mais tardia, embora seja raro, pode evoluir para uma sindrome inflamatória multissistêmica. Então qualquer sintoma que permaneça depois do segundo ou terceiro dia precisa ser avaliado por um médico”, alerta o pneumologista.

Ele reforça a necessidade de cuidados especiais com as saídas das crianças mais novas, que ainda não conseguem manter o uso da máscara sozinhas, não compreendem a ideia de isolamento e mantém muito contato entre as mãos e a boca.

Gripe não deve ser negligenciada

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, por ano, a gripe cause comprometimento grave em 3,5 milhões de pessoas. Doenças como rinite, asma, sinusite, otite e pneumonia se agravam também no inverno, período que favorece a circulação de vírus e bactérias. De forma que ela não deve ser negligenciada.

As tendências observadas para as taxas de incidência de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) nos estados, com dados reportados até 12 de junho, indicam crescimento em quatro unidades da Federação e um total de 20 estados com taxa de incidência superior a 10 casos por 100 mil habitantes, considerada extremamente alta, sendo que em três deles a média móvel excedeu 20 casos por 100 mil habitantes.

O Brasil ultrapassou, neste final de semana, a marca de meio milhão de mortes provocadas pela covid-19, em um momento em que a situação tende a se agravar com a chegada do inverno, segundo alertou boletim do Observatório Covid-19, da Fiocruz.

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