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Covid-19: receber a vacina evita exatamente o quê?

Ninguém está totalmente imunizado à covid-19 depois da primeira dose de imunizante, nem mesmo após da segunda. Entenda

Vacinação

O respeito aos períodos necessários para o efeito das vacinas no corpo é essencial para o imunizante atingir a cobertura prometida | Foto: Getty Images

O recebimento da primeira dose de qualquer uma das vacinas disponíveis no Brasil é, sim, motivo de comemoração. Mas não se deve entender a aplicação da vacina como fim do pesadelo da covid-19.  

Ninguém está totalmente imunizado à Sars-Cov2 depois da primeira dose de imunizante, nem quando se trata da dose única, da fabricante Janssen, que teve autorização para uso emergencial no país.

Nenhuma vacina contra a covid-19 desenvolvida no mundo apresenta cobertura total, nem depois das duas doses recebidas.

Os imunizantes não garantem que não se contraia mais a covid-19 em caso de contato com o novo coronavírus. Ou seja, uso correto de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social continuam sendo necessários para todos no Brasil.

Vacina contra a covid-19 não dispensa o uso de máscara

Mesmo passado o período de reação do organismo das duas doses, qualquer vacinado, assim como qualquer ex-paciente de covid-19 pode adoecer novamente, como ocorreu com o presidente da Argentina Alberto Fernandéz.

Depois de vacinado, o governante retomou as atividades sem os protocolos de segurança, como o uso de máscaras e a manutenção do distanciamento social. No final de semana de Páscoa, logo depois de comemorar seu aniversário, Fernández apresentou sintomas e testou positivo.

Também é possível, mesmo após receber a vacina da covid-19, se contaminar e permanecer sem os sintomas, porém transmitindo o vírus para outras pessoas, que podem experimentar qualquer um ou todos os sintomas causados pelo coronavírus e suas variantes no corpo humano.

Além de letais, existem decorrências da covid-19 menos graves que podem se tornar crônicos em pacientes de qualquer idade depois de o vírus ter deixado o corpo.  Trombose, fadiga crônica e problemas neurológicos são comuns, dizem os médicos.

Mesmo vacinada, a pessoa que se contamina está sujeita aos sintomas do vírus que pode atingir isoladamente quase todos os órgãos humanos, dado a sua grande capacidade inflamatória.

Novas cepas podem ser mais resistentes

Embora algumas vacinas sejam eficientes contra as novas variantes do coronavírus, ele continua sofrendo constantemente mutações, que em alguns casos geram vírus mais perigosos.

Em o que parece uma ironia da natureza, um dos momentos mais propícios para a mutação desse ser é justamente dentro do organismo de uma pessoa que acabou de tomar a vacina.

É o que o virologista José Eduardo Levi, do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo, chama de período semi-imune, quando a existência de poucos anticorpos para matar o vírus são suficientes para causar o estímulo para que ele desenvolva mecanismos para derrubar  a defesa que a vacina deve criar no corpo.

Isso quer dizer que a manutenção dos cuidados e isolamento no prazo estabelecido para completar a resposta ao imunizante (em geral, semanas após a aplicação) evitar não só a doença, mas que o organismo se torne “berço” para variações.

As novas cepas costumam ser mais perigosas do novo coronavírus, caso da P1, a cepa manauara que já se encontra hoje espalhada por quase todos os estados brasileiros.

Segundo o virologista, a variação é capaz de se multiplicar no organismo muito mais rapidamente e de maneira “mais eficiente”, tornando sintomas e contágio mais velozes e difíceis de combater.

Mas então por que tomar a vacina da covid-19?

Embora nenhuma vacina proteja totalmente o organismo contra a covid-19, todas elas diminuem o agravamento da doença evitando os sintomas pulmonares, em geral, os mais letais.

As síndromes pulmonares são os quadros que levam as pessoas para as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) por oxigênio. São elas que, na maior parte das vezes, levam à morte da qual o Brasil é hoje o maior recordista diário no mundo, com a média de mais de 4 mil mortes por dia.

Os especialistas ensinam que as vacinas são eficientes para aliviar os sistemas de saúde. O do Brasil vive hoje situação de colapso, com falta de profissionais, equipamentos e insumos básicos para o salvar vidas como o oxigênio e os medicamentos básicos para a intubação.

A boa notícia é que com o avanço da vacinação no Brasil, alguns estados, como São Paulo, já assistem à diminuição do índice de ocupação de leitos de UTI para covid-19.

São Paulo ficou abaixo de 90% pela primeira vez depois do feriado prolongado decretado para o final de março, mas os resultados do fechamento só poderão ser notados após duas semanas.

A queda no número de internações (que ainda está distante de permitir a normalidade no atendimento dos hospitais) se deve ao índice de população vacinada, em torno de 10%, uma das maiores do Brasil.

Isso ficou claro pela queda evidente de internados com mais de 80 anos e  de profissionais da saúde, fatia da população que recebeu primeiro as vacinas disponíveis.

Número de mortes ainda aumentam

As mortes continuam crescendo porque decorrem de contaminações e evoluções de quadros anteriores tanto ao recente isolamento decretado pelos governos como ao tempo necessário para que as vacinas realizem o efeito protetor à evolução da doença.

Não existe remédio para a covid-19. Mesmo que a vacinação (que por enquanto só pode proteger a população que tomou a segunda dose há mais de 15 dias) evite a entrada (ou a fila) do hospital, ainda só é possível evitar o contágio e a transmissão do vírus evitando aglomerações.

Sempre que qualquer contato com outros for inevitável, é peciso fazer uso de máscaras seguras como o modelo N95 – referenciado no Brasil como PFF2 (Peça Semifacial Filtrante), de forma correta. 

A distância recomendada pela OMS é de, no mínimo, um metro entre pessoas que não vivem na mesma residência. Ambientes abertos ou arejados ajudam a dispersar o vírus.

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