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Covid reduz expectativa de vida no país em até 3,5 anos

Mortalidade elevada está fazendo a expectativa de vida ao nascer do brasileiro diminuir, segundo pesquisadores do IBGE

Casal de idosos na praia, alusivo a tranquilidade que o seguro de vida oferece

Ter um seguro de vida promove tranquilidade e proteção financeira os entes queridos | Foto: Getty Images

A expectativa de vida do brasileiro ao nascer pode cair mais de três anos e meio, dependendo da região, por causa do impacto da covid-19 nos índices de mortalidade.

O Distrito Federal é o local mais afetado, com uma redução estimada de 3,68 anos. Em termos regionais, o Norte é mais prejudicado: o Amapá pode ter redução de 3,62 anos, Roraima, de 3,43 e Amazonas, 3,28 anos.

Em São Paulo, unidade da Federação com mais casos do novo coronavírus, a perda deve chegar a 2,17 anos. Será a primeira redução nesse indicador nacional desde 1940, conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo reportagem de O Estado de S. Paulo.

Média nacional perde dois anos de vida

Em média, a redução da expectativa de vida em todo o Brasil será de praticamente dois anos (1,94). O número é resultado direto das mais de 350 mil mortes já registradas no País pela doença.

Os dados são de um estudo coordenado pela pesquisadora brasileira Marcia Castro, do Departamento de Saúde Global e População da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard. O trabalho foi submetido para publicação na MedRxiv, da Universidade de Yale.

Em 1940, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer era muito baixa, de 45,5 anos. Depois disso, com redução da mortalidade infantil e outros avanços da Medicina e do País, o número vem crescendo consistentemente.

Em 1980, chegou a 62,5 anos e, no ano 2000, a 69,8. Nas últimas duas décadas, os ganhos foram um pouco mais lentos. Mesmo assim, nunca se registrou decréscimo. Atualmente, a expectativa de vida do brasileiro é de 76,6 anos.

Expetativa cai em guerra e tragédias

“Quando acontece um conflito, uma pandemia, algo severo assim, é comum ver esse declínio de expectativa de vida; foi assim na gripe espanhola e nas guerras mundiais”, afirma a demógrafa Márcia Castro.

“Mas se espera sempre que seja algo temporário, um ponto fora da curva, e logo depois tudo retorne à normalidade. No caso do Brasil, já estamos vendo que 2021 vai ser pior que o ano passado. Existem Estados que somam mais mortes agora do que ao longo de todo 2020, como Amazonas e Rondônia. Além disso, existe uma demanda represada por atenção primária e procedimentos de rotina.”

A Região Nordeste também sofreu um impacto importante, ainda que não tão grave quanto o registrado no Norte. Ali, entre os Estados mais afetados estão Sergipe (redução estimada de 2,21 anos), Ceará (2,09) e Pernambuco (2,01).

No Sudeste, a situação mais grave é a do Espírito Santo (com uma perda estimada de 3,01 anos), seguido de Rio (2,62) e de São Paulo (2,17). No Sul, as estimativas de perda de expectativa de vida estão abaixo dos dois anos para os três Estados.

Diferenças refletem desigualdades regionais

“Essas diferenças, em grande parte, eram esperadas pois refletem as desigualdades regionais, no que diz respeito ao número de médicos, de leitos hospitalares, infraestrutura. No Amazonas, por exemplo, todos os leitos de UTI estão concentrados em Manaus”, afirma Márcia.

“Por outro lado, a maioria dos governadores da Região Norte são apoiadores do governo federal e tomaram decisões muito alinhadas às da Presidência”, continua ela.

“A Região Nordeste, a despeito de ter desigualdades comparáveis às da Região Norte, não teve uma perda de expectativa de vida tão grande, porque os governos adotaram mais medidas de prevenção. São vários fatores. Desigualdades importam, decisões políticas importam; é um mosaico complicadíssimo.” (AE)

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