Cenário fiscal e aumento dos juros dificultam o crédito em 2025
Relatório do Banco Safra sobre as ações de instituições financeiras indica perspectiva mais difícil para o mercado de crédito nos próximos trimestres
22/01/2025
Assim como no crédito para pessoas físicas, o Safra prevê desaceleração dos empréstimos corporativos em 2025 | Foto: Getty Images
A deterioração das perspectivas fiscais do Brasil e o consequente aumento da inclinação da curva de juros, o Banco Safra espera um cenário mais difícil para os bancos em 2025, após uma contração nas margens impulsionada pelo aumento dos custos de captação.
No segmento de varejo, os rendimentos dos empréstimos normalmente levam seis meses para se ajustar a rápidos aumentos da taxa Selic. Essa defasagem e os novos limites impostos às linhas de crédito rotativas (cheque especial, cartão de crédito rotativo) provavelmente irão agravar a compressão de margens no próximo ciclo, avaliam os especialistas do Banco Safra.
Como as instituições financeiras não aumentaram o portfólio de maneira agressiva recentemente, a inadimplência deve aumentar, mas a qualidade dos ativos para pessoas físicas não deve ser um problema. Porém, o Safra espera desaceleração no crescimento de empréstimos dos níveis atuais de cerca de 12% a/a para próximo de 8% a/a em 2025.
No atacado, o perfil das dívidas corporativas mudou significativamente, tornando os dados de spread e qualidade de ativos do Banco Central cada vez menos confiáveis. Títulos de crédito privado agora correspondem a quase um terço do total de empréstimos no atacado vs. apenas 10% em 2015.
A composição atual é praticamente igualmente dividida entre empréstimos estrangeiros, empréstimos bancários e títulos de crédito privado.
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Crédito mais difícil para empresas e pessoas físicas
O Safra avalia que os spreads de títulos de crédito privado também aumentem para refletir a piora do ambiente de risco no Brasil e a redução de concessão de empréstimos, especialmente para pequenas empresas. Assim como nos empréstimos para pessoas físicas, o banco espera contração de 7% a/a no crescimento de empréstimos corporativos, atualmente em cerca de 19% a/a, devido à forte atividade do mercado de dívida e à deterioração do câmbio.
Neste cenário, o Safra rebaixou a recomendação da ação do Bradesco (BBDC4) para Neutra, devido à pressão sobre margens e menor visibilidade da recuperação do ROE.
O Itaú Unibanco (ITUB4) continua sendo o único banco com recomendação de Compra, dada a posição de capital superior, a consistência de lucros e a avaliação atrativa.
Entre os bancos com recomendação Neutra, o Safra prefere Banco do Brasil (BBAS3) por ser a melhor opção de carry (dividend yield projetado de 12%). Até recentemente, o Safra tinha uma visão negativa para o banco por preocupações relacionadas Agronegócio, mas à medida que elas se dissiparem e os resultados de tesouraria se fortalecerem, BB deve conseguir manter uma alta lucratividade, desassociada da avaliação descontada e com assimetria em tendência de aumento.
Com os efeitos negativos da gestão de ativos e passivos por vir, o Safra manteve Bradesco e Santander Brasil (SANB11) em segundo plano.

