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Crescimento global será forte em 2021

Joaquim Levy e Maílson da Nóbrega avaliam que vacinação e ascensão de Joe Biden vão impulsionar mudanças no mundo, beneficiando o Brasil

Maílson da Nóbrega disse que eleições nos EUA e vacinação trazem de volta o crescimento

Dois fatores estão mudando o cenário mundial e devem levar a economia a crescer com força em 2021: a troca de presidente dos Estados Unidos e o avanço da vacinação contra a covid-19. Segundo as projeções de diversos analistas, a geração de riqueza deve ter uma expansão superior a 5% globalmente num ano que, espera-se, seja marcado por gradual alívio após o pesadelo trazido pela pandemia.

Esses são alguns dos motivos de otimismo destacados pelo ex-ministro da Fazenda e sócio da Tendências Consultoria, Maílson da Nóbrega. Na tarde desta quarta-feira, 16 de dezembro, Maílson teve um encontro virtual com Joaquim Levy, também ex-ministro da Fazenda e atualmente diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra. Com transmissão ao vivo pelos canais de comunicação do Safra, o mote da conversa entre os dois especialistas foi “Os desafios e perspectivas da economia para 2021”.

“O início da vacinação contra a covid-19 abre novas perspectivas para o crescimento mundial em 2021 e isso vai favorecer o Brasil” , disse Maílson. A economia brasileira entrará no novo ano com um “carregamento estatístico” positivo, isto é, uma dose de crescimento assegurada pela recuperação da demanda que foi reprimida nos meses de isolamento social forçado para combater a doença.

Apesar disso, a previsão de crescimento da Tendências para a economia brasileira é modesta: um acréscimo da ordem de 3% no PIB, insuficiente para recuperar toda a perda de 2020.

Brasil: energia limpa e mercado de capitais

Por outro lado, Levy ponderou que o Brasil tem vantagens comparativas a aproveitar, considerando que a agenda ambiental irá merecer muito mais atenção com Joe Biden à frente dos Estados Unidos. A volta do país ao Acordo de Paris é uma das mudanças já esperadas. “E o Brasil, no campo da energia renovável, por exemplo, tem muito potencial de geração, com eólica, solar, hídrica e biomassa, e também temos o gás, que embora seja combustível fóssil, é mais limpo que a gasolina e o diesel”, afirmou Levy.

Para ele, considerando esse novo cenário, a agenda ASG, sigla que resume o foco nas questões de meio ambiente, responsabilidade social e boa governança, ganhará ainda mais importância entre as empresas.

Levy e Maílson concordaram que, com a fase de juro relativamente baixo prosseguindo, haverá outros fatores positivos a estimular os negócios e a economia brasileira. O acesso mais amplo ao crédito, chegando a maior número de empreendedores, incentiva a inovação. “Quem tem ideias e vontade de trabalhar agora tem mais possibilidade de encontrar financiamento para empreender”, disse Levy.

O panorama benigno, observou Maílson, inclui um fortalecimento do mercado de capitais, que já se tornou importante como alternativa para as empresas buscarem recursos para expansão e começa a ser usado também para a obtenção de capital de giro, algo que já é bem desenvolvido nos Estados Unidos. “Dentro de 10 anos, o mercado de capitais será a fonte mais relevante de oferta de crédito no Brasil”, afirmou Maílson.

Os dois economistas também elencaram os obstáculos para o processo de retomada do crescimento da economia brasileira. Maílson chamou atenção para, no curto prazo, a dificuldade para desatar o nó das contas públicas. “Estamos imaginando que será muito difícil cumprir o teto de gastos no ano que vem”, disse ele. Diante dessa situação torna-se premente a votação e aprovação da PEC emergencial, uma maneira de atender a necessidade de preservar o respeito ao teto de gastos.

Levy observou que o Brasil tem outros desafios, que já vêm de prazo mais longo, como baixa produtividade, a complexidade tributária e a baixa qualidade da educação.

O canal do Banco Safra no YouTube oferece a íntegra da conversa entre Levy e Maílson.

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