Como a crise hídrica afeta as ações do setor de energia
Empresas de energia devem sofrer pressões sobre seus ativos, mas com impactos limitados. Confira a análise do Banco Safra
17/06/2021O Brasil entrou em um novo momento de crise hídrica, que promete ser a mais severa em 111 anos e afetar toda uma cadeia composta por empresas como Engie (EGIE3), AES Brasil (AESB3) e Cesp (CESP3), e a população como um todo.
Além de pressionar a inflação e afetar a conta de luz dos brasileiros, a falta de chuvas traz riscos às companhias do setor, gerando consequências diretas aos seus ativos.
Nesse sentido, o Banco Safra publicou um relatório sobre o quanto a crise hídrica afeta as ações de Engie, AES Brasil e Cesp.
De forma geral, o Safra vê potenciais efeitos negativos para as companhias expostas à geração hidrelétrica.
Contudo, a instituição projeta impactos limitados ao setor de energia em geral, pelo menos no curto prazo.
Atualmente, as recomendações do Safra para as ações EGIE3 e CESP3 são de compra e, para AESB3, neutra.
Cenário para o racionamento de energia
Na visão do Safra, não deve haver racionamento de energia neste ano.
A justificativa é que o Brasil tem uma matriz de geração muito mais diversificada em comparação a 2001, quando também houve uma crise hídrica.
Adicionalmente, o Safra projeta que o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acelere a produção de energia térmica, do mesmo modo que foi feiro em 2014.
Além disso, desde 2017 o Brasil tem margens estruturais de reserva de energia em torno de 20% ao ano.
Sendo assim, o Safra prevê que o País será capaz de suportar a crise até o último trimestre do ano, quando reinicia-se o período de chuvas.
Análise para Engie, AES Brasil e Cesp
Empresa (código): recomendação - preço-alvo/potencial
- Engie (EGIE3): compra - R$ 50,20
- Cesp (CESP6): compra - R$ 32,30
- AES Brasil (AESB3): neutra - R$ 14,30
Com olhos para as empresas do setor de energia, a perspectiva de maior pressão sobre as ações, na visão do Safra, vai para Cesp (CESP6), que opera apenas hidrelétricas.
No caso de Engie (EGIE3) e AES Brasil (AESB3), os ativos também sofrerão pressão, mas a diversificação de sua matriz oferece mais flexibilidade.
A AES Brasil opera usinas de energia eólica, enquanto a Engie, tem usinas térmicas.
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Já no segmento de distribuição elétrica, os impactos devem ser mais limitados, caso o racionamento não seja adotado.
No entanto, se o governo adotar iniciativas de redução do consumo de energia, os volumes de vendas podem ser prejudicados, pondera o Safra.
Por fim, o maior uso de térmicas e a adoção de bandeiras tarifárias devem pressionar as tarifas de energia em 2022.