Crise hídrica eleva o consumo de gás natural para gerar energia
Seca prejudicou as hidrelétricas e forçou o acionamento de usinas termelétricas, que utilizam o gás, para garantir abastecimento
04/12/2021Impulsionado pela geração de energia em usinas termelétricas, o consumo de gás natural aumentou 57% no terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, para 81,6 milhões de metros cúbicos por dia (m³/d).
Desconsiderando a produção de energia, a demanda aumentou 16,6%, informou a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás).
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A demanda por gás natural para produção de energia aumentou 160,9% entre julho e setembro deste ano, para 37,94 milhões de m³/d, por causa da crise hídrica.
A seca prejudicou a geração das hidrelétricas e levou ao acionamento de usinas termelétricas para garantir o abastecimento do País, especialmente no segundo e no terceiro trimestre de 2021.
Os demais segmentos também apresentaram crescimento no consumo de gás.
Entre eles, a indústria se destacou com aumento de 12,9% na demanda por gás natural, alcançando 30,2 milhões de m³/d, assim como o comercial com 33%, a 857,18 mil m/³d.
Já o consumo na cogeração avançou 19,6% para 2,446 milhões de m³/d. O setor automotivo/GNV, por sua vez, teve elevação de 18,8% no consumo, para 6,128 milhões de m³/d.
Por fim, o uso residencial avançou 5,6% e atingiu 1,654 milhão de m³/d.
Segundo a Abegás, esse crescimento nos demais segmentos pode ser explicado pela base de comparação mais fraca do ano passado, pelo avanço na vacinação contra a covid-19, que permitiu a retirada de medidas restritivas ao funcionamento de atividades comerciais, puxando a demanda na indústria e no comércio.
Já o segmento automotivo vê uma demanda aquecida devido à escalada no preço da gasolina e do diesel, o que incentiva a adoção do Gás Natural Veicular (GNV), especialmente para o transporte de passageiros.
Aproveitamento do gás natural
A Abegás disse também que no terceiro trimestre a reinjeção de gás natural nos campos de produção nacionais alcançou o patamar de 50% da produção, com a devolução de 67 milhões de m³/d para os campos de exploração, enquanto 48,8 milhões de m³/d chegaram ao consumidor, o equivalente a 36,6%.
Já o restante foi queimado ou usado na operação das plataformas de produção.
"Não faz sentido dentro do modelo que a gente trabalha desperdiçar uma quantidade absurda de gás natural enquanto importa GNL (Gás Natural Liquefeito) estando vulnerável às variações do mercado internacional", disse o diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, Marcelo Mendonça.
De acordo com a entidade, o número de unidades consumidoras de gás natural está próximo de atingir a marca dos 4 milhões.
Esse número considera os medidores instalados nas indústrias, comércios e residências e outros pontos de consumo, enquanto a rede de distribuição espalhada por todo o País chega a 39,9 mil quilômetros. (AE)