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Curso de educação financeira do Banco Central chega a 308 mil alunos

"Aprender Valor" começou em abril com cinco Estados mais o Distrito Federal e quer chegar a 5 milhões de estudantes em 2022

Professora apontando para escolher alunos de mão levantada em sala de aula

De 429 escolas, o Aprender Valor passou a ser usado em 10,4 mil, atingindo 1.630 municípios de todas as regiões do País | Foto: Getty Images

Em quatro meses, o Aprender Valor, curso de educação financeira do Banco Central (BC) para alunos do ensino fundamental da rede pública, chegou a 308 mil alunos.

O projeto piloto foi iniciado em abril com cinco Estados (Pará, Ceará, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná) e no Distrito Federal.

De 429 escolas, o Aprender Valor passou a ser usado em 10,4 mil. O número de municípios saltou de 257 para 1.630, com representantes de todas as regiões.

O universo inicial de estudantes beneficiados era de 36 mil.

Mais para frente será aberta a segunda fase, que terá início em 2022, quando o objetivo é chegar a 5 milhões de alunos.

Sendo assim, o BC quer no futuro atingir 100 mil escolas municipais, estaduais e federais.

Tripé do curso do Banco Central

O programa de educação financeira do BC tem três pilares que são resumidos em sílabas: PLA-POU-CRÉ (planejamento, poupança e crédito).

A primeira perna aborda o orçamento, o entendimento do dinheiro que entra e que sai.

A segunda trata do conceito de economizar e é levado ao estudante, por exemplo, a diferença de poupança passiva (a que é feita com as sobras de recursos) e a ativa (que é separada no momento inicial de um pagamento).

Já a terceira aborda os diferentes tipos de financiamento e empréstimos.

“Talvez a criança não aproveite o CRÉ porque não tem acesso ao sistema financeiro, ou tenha alguma dificuldade com o POU porque os recursos são escassos, mas quero incutir nela o conceito”, afirma o diretor de Relacionamento Institucional do BC, Maurício Moura.

“Quero que saiba que, se guardar R$ 1 ou R$ 2 de R$ 10, mesmo que seja obtido na rua, e gaste os outros R$ 8, quando chegar ao final de um ou dois meses pode ter uma quantia de dinheiro que ela não tinha”, diz.

O público-alvo, sem dúvida, são os estudantes, mas a intenção do projeto é envolver ao máximo os professores, um total de 1,2 milhões de profissionais.

“Muitas vezes, os professores não têm educação financeira nem para gerir seu próprio recurso e têm pouco tempo para desenvolver programas de educação financeira”, afirmou o diretor do BC.

Por isso, paralelamente ao conteúdo para as crianças, eles contam com um curso de finanças pessoais.

Curso puxado

Glaucia Bravin, diretora da Escola Estadual Braz Sinigaglia, de Batayporã, uma cidade de 11,3 mil habitantes no interior do Estado de Mato Grosso do Sul, teve sua escola selecionada e implantou o Aprender Valor aos 35 alunos do 5º ano fundamental.

“O programa traz coisas novas até para nós, professores, diretores e coordenadores. A gente acha que sabe do assunto porque não deve para ninguém, mas não é isso coisa nenhuma. O curso é bem puxado e atual”, disse.

“Até eu, que sou professora de matemática, tive de parar em alguns momentos para refletir sobre o tema.”

O programa para os alunos é voltado para os anos ímpares do ensino fundamental e vai pronto para o professor: desde a preparação da aula, o material a ser utilizado e a forma de se fazer a avaliação.

No geral, os 35 projetos a serem usados de cinco a 10 aulas são feitos de forma transversal, ou seja, dentro de uma disciplina já prevista na grade curricular das escolas, como matemática, português, história ou geografia.

Para colocar o projeto de pé, o BC participou de um edital para obter financiamento do Fundo de Direitos Difusos (FDD).

O programa foi aprovado e a autoridade monetária recebeu R$ 11 milhões, que serão usados até 2022.

O BC tinha o conhecimento de educação financeira, mas precisava de uma parceria para levar a proposta mais próxima das escolas.

Por isso, com os recursos contratou o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAEd/UFJF), que desenvolveu o conteúdo e fez a interação com as secretarias de Educação.

Foi criada, então, uma plataforma online onde os professores, coordenadores e diretores registram a escola, as turmas e os alunos. (AE)

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