De volta à Terra, Jeff Bezos encara críticas de empregados
Passeio de 11 minutos do presidente da Amazon no espaço motiva onda de críticas de funcionários sobre condições de trabalho
21/07/2021Após o sucesso do passeio ao espaço, o bilionário Jeff Bezos teve de encarar críticas quando voltou à Terra. Ele foi alvo de reclamações sobre a decisão de investir no voo espacial enquanto os funcionários da Amazon, empresa comandada por ele até o dia 5 de julho, reclamam das condições de trabalho.
“Funcionários vão aproveitar que Bezos está no espaço para ir ao banheiro”, afirmou um internauta no Twitter, referindo-se a informações de que os trabalhadores da gigante sofrem com rígidas regras em relação a pausas, incluindo para usar o toalete.
Em março de 2021, Lovenia Scott, ex-funcionária da área de logística dos depósitos, abriu um processo contra a empresa nos Estados Unidos, acusando a companhia de não liberar os 30 minutos de almoço e as pausas durante o dia, descontando os períodos “ausentes” do pagamento dos empregados.
Segundo ela, o volume de trabalho dos empregados ultrapassa a possibilidade de terminá-lo a tempo no expediente, e a empresa não encoraja os funcionários a tirar pausas para comer ou para descansar.
Um documento divulgado em 2018 relatou que os funcionários urinavam em garrafas porque o horário de pausa não era o suficiente para dar conta do trabalho.
No processo, Lovenia afirmou que as escalas de intervalos geralmente incluem uma grande quantidade de funcionários no mesmo horário. Assim, para bater o ponto (e registrar a saída e a volta), é preciso gastar de 10 a 15 minutos na fila do computador. Ultrapassar o limite de 30 minutos de pausa não é tolerado.
Bezos tem patrimônio de mais de US$ 200 bilhões
Bezos acumula um patrimônio de US$ 211 bilhões, segundo ranking da Forbes. Boa parte desse dinheiro está atrelado às ações da Amazon que o empresário possui.
Durante a pandemia, os ganhos da empresa tiveram um salto gigantesco. No último trimestre, a receita da Amazon aumentou cerca de 43,8%, atingindo o valor de US$ 108,5 bilhões, no que foi o segundo trimestre em alta da empresa, ultrapassando novamente a marca de US$ 100 bilhões em lucro em um período de três meses.
No mesmo período, as vendas nos Estados Unidos e Canadá aumentaram cerca de 39,5% e as vendas internacionais viram um crescimento de 60,4%.
Bezos afirmou ontem que a Blue Origin atingiu a marca de US$ 100 milhões em vendas privadas de passagens para voos futuros. Porém, não é possível saber quanto o bilionário já investiu na empresa de exploração espacial, cujo capital é fechado.
Em oportunidades anteriores, o bilionário já afirmou que investia US$ 1 bilhão por ano na empresa.
Passeio no espaço
Na terça-feira, dia 20, o homem mais rico do mundo foi para o espaço – e voltou com as mãos sobre um novo negócio. Fundador da Amazon, Jeff Bezos embarcou no primeiro voo com seres humanos a bordo da Blue Origin, sua empresa de exploração espacial.
Com o feito atingido com sucesso, o bilionário se coloca de vez na corrida espacial, uma área na qual vinha comendo poeira de rivais como Elon Musk, da SpaceX, e Richard Branson, da Virgin Galactic.
Em apenas 10 minutos e 10 segundos, a viagem foi concretizada com sucesso. O voo atingiu velocidade máxima de 3.595 km/h. Após o pouso, a equipe comemorou com champanhe o sucesso da viagem.
O foguete New Shepard foi lançado com quatro passageiros: Jeff Bezos, o irmão Mark Bezos, Wally Funk (pioneira do setor aeroespacial de 82 anos) e Oliver Daemen (estudante de física de 18 anos).
A viagem colocou a Blue Origin no mapa da exploração espacial privada, uma disputa que vê outras empresas na dianteira. Entre elas estão a SpaceX, de Elon Musk, e a Virgin Galactic – a empresa capitaneada por Richard Branson realizou com sucesso no último dia 11 um voo suborbital com a presença do bilionário de 71 anos de idade. Na madrugada desta terça, Elon Musk enviou uma mensagem de boa sorte à tripulação da Blue Origin.
“A viagem é uma demonstração de confiança de Jeff Bezos no produto dele. É uma propaganda que pode trazer recursos para a empresa no longo prazo”, diz Annibal Hetem, professor de propulsão espacial da Universidade Federal do ABC (UFABC). (AE)