close

Diversidade na gestão é trunfo para empresas

Mulheres na liderança garantem frutos para as companhias e representam um indicador importante de qualidade das práticas de governança corporativa

Gabriela Souza, analista de ETF

Gabriela Souza, analista de ETFs e renda variável internacional da Safra Asset, diz que pesquisas comprovam que a participação de mulheres no conselho ou direção geram lucros para as empresas | Foto: Divulgação

As discussões em torno de temas ESG tendem muitas vezes a se concentrar sobre a sustentabilidade dos negócios. Mas entre as frentes mais importantes hoje no mundo dos investimentos responsáveis está a representatividade feminina dentro das companhias, um indicador importante a respeito da qualidade das práticas de governança corporativa, e que pode ser medido por índices como o Mulheres na Liderança, que serve de base para o ETF ELAS11, lançado pelo Safra no último Dia Internacional da Mulher.

Nesse sentido, iniciativas que buscam equilibrar as oportunidades apresentadas a homens e mulheres são cada vez mais valorizadas pelo público. Mas o que muitos desconhecem é que, além de uma questão de equidade, a diversidade de gênero está relacionada aos resultados das empresas.

Saiba mais

Gabriela Souza, analista de ETFs e renda variável internacional da Safra Asset, explica que várias pesquisas comprovam que a participação relevante de mulheres no conselho ou direção gera lucratividade para as empresas.

Um estudo do FMI, por exemplo, que analisou mais de dois milhões de empresas na Europa, apontou que ter um número maior de mulheres em cargos seniores contribui para um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, um indicador de rentabilidade) significativamente maior.

No caso de setores intensivos em conhecimento e de alta tecnologia, que exigem criatividade e pensamento crítico, qualidades para as quais a diversidade costuma contribuir, os analistas do FMI descobriram que uma mulher adicional no conselho ou na direção está associada a um ROE cerca de 0,3 ponto porcentual mais alto.

“Não é colocar mulheres contra homens, mas sim entender os reflexos positivos da diversificação. Pense em um conselho que precisa avaliar todo um cenário complexo, levar em consideração questões econômicas, regulatórias, de imagem, traçar metas… com um board mais diverso as opiniões podem se chocar mais, existe um diálogo que pode resultar em decisões melhores”, afirma a analista do Safra.

Ela ressalta, contudo, que é preciso cuidado ao traçar comparações de desempenho entre ações que se destacam pela liderança de mulheres e índices de mercado. Isso porque, no curto prazo, outros fatores podem interferir na análise.

No Brasil, por exemplo, empresas com boa representação de mulheres costumam fazer parte dos grupos de small caps, isto é, com valor de mercado mais baixo do que as blue chips, como Vale e Petrobras. Somente essa característica já leva os papéis, de modo geral, a subirem mais em momentos positivos, mas também a recuarem mais em ambientes de cautela, apesar da boa governança.

Diversidade em empresas brasileiras

Ainda há bastante caminho a percorrer em direção à diversidade nos cargos de liderança no país. Segundo a provedora de informações Teva, que monitora atualmente quase 8 mil posições em mais de 300 empresas, apenas 14% dos assentos de conselho de administração são ocupados por mulheres. E quase 60% das empresas não contam com mulheres na diretoria, no conselho fiscal ou no comitê de auditoria.

Entre as empresas que compõem o Ibovespa, índice com as principais ações listadas na B3, o percentual de empresas sem mulheres no conselho é de mais de 20%, e na diretoria é de 45%. Já no S&P 500, índice que serve de termômetro para o mercado acionário dos Estados Unidos, todas as empresas contam com alguma mulher no conselho.

Mas Gabriela Souza alerta que, para mudar esse cenário, não bastam cotas pouco expressivas para cargos femininos. “Uma voz é melhor do que nenhuma, mas não consegue fazer tanta diferença, o mais importante é avaliar a efetividade das políticas de diversidade através das várias camadas de liderança”.

Ela também lembra que há fortes exemplos de liderança feminina no país, a exemplo de Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza. “Ela conseguiu levar a empresa a ser uma das mais bem avaliadas do Brasil, e levantou essa bandeira com ações, não foi apenas propaganda. É uma mulher que me inspira.”

Abra sua conta

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra