Dólar encosta em R$ 5 com sinais de desaceleração da economia global
Temor de efeitos de lockdown ampliado na China agrava cenário de piora da economia global e pressiona cotação do dólar no Brasil
26/04/2022O dólar segue em aceleração no mundo, acumulando ganhos em relação às outras moedas, principalmente frente ao real. Depois de apresentar uma trajetória de queda, que chegou a perto de R$ 4,60 na semana passada, a moeda americana engatou a alta e ontem fechou em R$ 4,80. Nesta terça-feira, subiu mais 2,36%, fechando cotado a R$ 4,99.
O motivo da alta é o temor de novos lockdowns na China e consequente agravamento cenário de desaceleração da economia mundial, por causa da alta dos juros nos Estados Unidos e efeitos do conflito no Leste Europeu, que completa dois meses sem perspectiva de solução.
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Diante do novo foco de covid, que ameaça parar alguns dois principais portos da China, Pequim iniciou testes em massa da população local e restringiu o movimento em partes da cidade. Com 80 casos de covid-19 desde sexta-feira (22), a capital chinesa pode instituir um lockdown mais amplo, similar ao que está em vigor em Xangai há mais de duas semanas.
As medidas de restrição tendem a desacelerar ainda mais a economia chinesa, afetando a perspectiva de recuperação da economia global.
Para Fernanda Consorte, economista do Ourinvest, os motivos para essa alta na moeda americana são a eventual aceleração do ciclo de alta de juros nos EUA, guerra e o novo surto de covid na China.
“O dólar está querendo voltar para os R$ 5”, disse Consorte. “De forma geral, é um movimento internacional, porém sabemos que há uma questão conjuntural local pesando.” Segundo ela, o câmbio deve aumentar com as eleições, para só após a decisao do proximo governo ter um movimento de ajuste.”
O Banco Central já estima que a moeda americana deverá fechar o ano em R$ 5, segundo a pesquisa Focus divulgada nesta terça-feira, após três semanas de interrupção por causa da greve de funcionários do BC.
“As medidas de restrição tendem a desacelerar ainda mais a economia chinesa, afetando a perspectiva de recuperação da economia global e a demanda pelos metais”, comenta Regis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
Os investidores olham também as projeções de alta para o IPCA neste ano (de 7,46% para 7,65%), em 2023 (de 3,91% para 4,00%) e 2024 (de 3,16% para 3,20%) e ainda a elevação para a taxa Selic no fim deste ano (de 13,05% para 13,25%) trazidas pelo Focus. (Com AE)