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Alta do dólar favorece ações de frigoríficos brasileiros

Desvalorização do real em relação ao dólar é um bom presságio para as exportações de carne e receitas geradas nas divisões estrangeiras dos frigoríficos nacionais

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Relatório do Banco Safra aponta cenário favorável para os frigoríficos brasileiros | Foto: Getty Images

A perspectiva para as empresas de embalagem de carne, especialmente nos segmentos de aves e carne suína, é bastante favorável para os frigoríficos, segundo relatório do Banco Safra. Desde a última atualização em setembro de 2024, o risco relacionado às colheitas no Brasil diminuiu devido a uma melhor previsão do tempo e chuvas consistentes. Além disso, a recente desvalorização do real em relação ao dólar é um bom presságio para as exportações de carne e receitas geradas nas divisões estrangeiras, destacam os especialistas do Safra.

Os baixos preços dos grãos, uma sólida demanda global por proteína e uma modesta expansão da oferta no curto prazo (embora os players estejam acelerando a expansão de capex) representam um terreno fértil para altas coberturas de aves e suínos, que deve continuar impulsionando um forte impulso de ganhos e sólido fluxo de caixa livre para JBS (JBSS3, melhor escolha do Safra e com recomendação de compra) e BRF (BRFS3, mantido em Compra).

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Marfrig (MRFG3, mantido em Compra) também se beneficia dos fortes ganhos da BRF, enquanto o foco recente em produtos de maior valor agregado na sua divisão de carne bovina da América do Sul veio em um bom momento, já que o ciclo bovino está revertendo a tendência no Brasil.

Este cenário para o ciclo bovino representa um vento crescente para a Minerva (BEEF3, mantido em Neutro), na avaliação do Safra, já que o banco vê as exportações de carne bovina diminuindo significativamente no quatro trimestre de 2024.

As margens de carne bovina dos EUA devem permanecer baixas, pois a disponibilidade de gado diminui, mas não é suficiente para compensar os fortes ciclos de aves e suínos para JBS (através das divisões Pilgrim’s Pride, Seara e US Pork) e Marfrig (através do BRF).

O Safra calcula a ciclicidade do negócio, mas os ventos de cauda para aves e carne de porco parecem fortes o suficiente para persistir por um tempo.

O Safra mantém a JBSS3 como melhor escolha no setor, considerando sua avaliação ainda atraente, sólida história de execução, diversificação (tanto em termos de produtos e geografia) e geração de fluxo de caixa livre.

Menores pressões de preços de grãos para frigoríficos

Um dos principais riscos apontados na atualização do Safra de setembro estava relacionado aos preços dos grãos, já que a severa seca no Brasil tem atrasado o plantio de milho e soja. Após 12 semanas, o plantio das duas culturas evoluiu de forma bastante positiva, com 65% do plantio concluído para o milho (1a cultura) e 90% para a soja. Agora o Safra vê um risco menor relacionado aos preços dos grãos, o que deve refletir-se em uma estrutura de custos favorável por mais tempo.

O ciclo do gado se inverteu no Brasil, enquanto não houve mudanças significativas nos EUA até agora. Conforme discutido em nosso recente relatório, o ciclo de gado no Brasil provavelmente mudou seu curso para uma fase de expansão, resultando em menores taxas de abate de vacas e, consequentemente, aumento dos custos do gado, que são 63% acima do nível de junho de 2024 para um máximo histórico de R$ 352/arroba.

Nos EUA, embora o ciclo esteja em fase de expansão, a retenção das vacas ainda não se intensificou como esperado e o peso médio mais alto do gado manteve uma oferta sólida de carne.

Os preços da carne e das massas de leite permanecem firmes, apesar de alguns sinais de um potencial aumento da oferta. Os preços dos grãos permanecem bem-comportados, embora tenham sido registrados aumentos de preço recentemente (principalmente soja).

Os preços médios de carne de frango e de porco também melhoraram, e as taxas continuam favoráveis para ambos os segmentos no futuro.

Dado o cenário atual e a geração de caixa sólida dos frigoríficos, o Safra destaca anúncios de expansões de capacidade que potencialmente poderiam aumentar a oferta de proteína. No entanto, ainda há um equilíbrio favorável entre a oferta e a demanda global e o Safra espera uma perspectiva ainda positiva para os ciclos de carne de aves e de porco.

Trump não é uma grande ameaça

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, prometeu aumentar as tarifas de importação, mas as empresas brasileiras listadas não parecem estar em risco. Nos últimos 12 meses, os EUA representaram 7,5% das exportações de carne bovina do Brasil, 2,0% para a carne suína e 0,01% para o frango.

A Minerva é a empresa mais exposta a potenciais tarifas, já que 15% de suas receitas foram exportadas para os EUA no LTM. A BRF tem exposição quase zero, enquanto os impactos potenciais nas divisões sul-americanas da JBS e Marfrig seriam compensados pelas suas operações locais nos EUA.

Riscos

Alguns dos principais riscos que o Safra vê para os embaladores de carne são:

  • (i) demanda global por proteína;
  • (ii) condições climáticas e custos de insumos (gado e grãos);
  • (iii) doenças potenciais; e
  • (iv) taxas de câmbio.
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