Dólar fecha em alta e Ibovespa recua na véspera da superquarta
Dólar volta a subir e fecha cotado a R$ 4,85, enquanto o Ibovespa recuou 0,37% com o mercado à espera das decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos
19/09/2023Após uma manhã de troca de sinais, em que chegou a romper o piso de R$ 4,85, o dólar à vista se firmou em alta ao longo da tarde e encerrou a sessão desta quarta-feira, 19, cotado a R$ 4,8730, avanço de 0,35%. Como nas sessões anteriores, a amplitude dos movimentos foi reduzida, com oscilação de pouco mais de três centavos entre mínima (R$ 4,8420) e máxima (R$ 4,8756). A queda do real à tarde se deu em meio a um ambiente externo mais negativo e ao aprofundamento das perdas do Ibovespa. As cotações do petróleo, que avançaram na primeira etapa de negócios, passaram a recuar e as taxas dos Treasuries renovaram máximas.
Operadores observaram que houve pressão compradora no segmento futuro, com recomposição de posições defensivas e realização de lucros diante de um ambiente de cautela na véspera das decisões de política monetária aqui e nos Estados Unidos. Com liquidez reduzida, a formação da taxa de câmbio ficou muito sujeita ao impacto de operações pontuais. Principal termômetro do apetite por negócios, o dólar futuro para outubro movimentou menos de US$ 10 bilhões.
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No exterior, o dólar se fortaleceu em relação ao euro e ao iene e apresentou comportamento misto na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities. As cotações do petróleo fecharam em leve baixa, com o contrato do tipo Brent para novembro em queda de 0,10%, a US$ 94,34 o barril.
É praticamente unânime a aposta de que o Federal Reserve vai anunciar amanhã à tarde manutenção da taxa básica americana na faixa entre 5,25 e 5,50%. As dúvidas giram em torno do tom do comunicado e das projeções econômicas, em especial de inflação e nível da taxa de juros, dos integrantes do BC americano no chamado gráfico de pontos. Como é de praxe, o presidente do Fed, Jerome Powell, concederá entrevista coletiva após a decisão.
Divulgado pela manhã, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) subiu 0,44% em julho em relação a junho. O aumento foi mais intenso do que o apontado na mediana das estimativas colhidas pelo Projeções Broadcast, de 0,35%. As previsões iam de queda de 0,10% a alta de 1,10%.
Parte de analistas argumenta que os indicadores econômicos recentes mostram atividade aquecida e justificariam uma postura mais cautelosa do Comitê de Política Monetária (Copom) no processo de redução da taxa de juros. É dado como certo que o comitê vai anunciar amanhã corte da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao ano. Há quem aposta que o BC pode acelerar o passo para 0,75 ponto nas próximas reuniões.
Ibovespa cai 0,37% na véspera da superquarta
Em variação de apenas 830 pontos entre a mínima (117.627,67) e a máxima (118.457,81) da sessão, o Ibovespa encerrou esta véspera de reuniões do Copom e Fed em baixa de 0,37%, aos 117.845,78 pontos, saindo de abertura aos 118.293,14. Ainda que em discreta oscilação desde o fechamento da última quinta-feira, quando subiu 1,03%, foi a terceira perda consecutiva para o índice da B3, que ainda avança 1,82% no mês e 7,39% no ano – na semana, cai 0,77%. O giro financeiro desta terça-feira ficou um pouco acima do limiar de R$ 20 bilhões, a R$ 21,5 bilhões.
Na B3, Petrobras se destacava mais cedo entre as ações de maior peso e liquidez, com o petróleo estendendo ganhos recentes, que colocaram a referência global, o Brent, perto da casa de US$ 96 por barril na máxima do dia, a US$ 95,96. Depois das 15h, contudo, os preços da commodity perderam força, oscilando para o negativo no fechamento em Londres (ICE) e Nova York (Nymex), o que afetou o desempenho das ações da petroleira, que encerraram o dia com a ON sem variação e a PN, em alta de 0,23%. Por sua vez, Vale ON mudou de direção e subiu 0,19% no fechamento.
Por outro lado, o desempenho dos grandes bancos foi negativo, com Bradesco PN à frente (-1,14%). Na ponta perdedora do Ibovespa, Pão de Açúcar (-6,90%), Renner (-5,38%) e Totvs (-4,91%). O Bank of America (BofA) reduziu o preço-alvo das ações do GPA, de R$ 15 para R$ 3,50, após a cisão do controle acionário no Grupo Éxito, que passou a ser negociado por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDRs).
O BofA diz que prevê melhoras operacionais, mas estrutura de custo elevada, perda de escala e pressão da concorrência nos próximos anos. Disputas trabalhistas também são citadas, o que poderia ofuscar receitas de patrimônio.
No lado oposto do Ibovespa, destaque para retomada parcial em Via (+2,74%), muito pressionada nas últimas sessões pela reação negativa dos investidores à precificação do follow on. Nesta terça-feira, a ação da varejista fechou à frente de Hapvida (+1,81%) e Suzano (+1,40%), e logo atrás de Marfrig (+4,07%). (AE)