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Dólar sobe a R$ 5,16, maior cotação desde o fim de março; Bolsa cai 0,28%

Mercado aguarda em clima de cautela os dados do relatório de emprego nos Estados Unidos (payroll) que saem nesta sexta e pesam no desempenho do dólar e do Ibovespa

Ibovespa dólar cotações

Ibovespa acumula agora perda de 2,81%, o equivalente a cerca de 3,2 mil pontos em relação ao nível em que estava no fim da semana passada, aos 116,5 mil | Foto: Getty Images

O dólar à vista voltou a subir no mercado doméstico de câmbio nesta quinta-feira, em meio a um ambiente marcado por queda das commodities e fortalecimento da moeda norte-americana em relação a divisas latino-americanas. Com mínima a R$ 5,1508 e máxima a R$ 5,1882, o dólar terminou o dia em alta de 0,31%, cotado a R$ 5,1692 – maior valor de fechamento desde 27 de março (R$ 5,2065). O Ibovespa retomou o sinal negativo nesta quinta-feira, 5, em baixa moderada a 0,28% no fechamento, aos 113.284,08 pontos, ainda rondando os menores níveis desde o início de junho.

Com agenda doméstica esvaziada, a formação da taxa de câmbio foi ditada mais uma vez pelo ambiente externo. Operadores relatam ambiente de cautela diante da expectativa pela divulgação na sexta-feira, 6, do relatório de empregos (payroll) nos EUA em setembro, cujo resultado pode mexer com as apostas em torno de uma alta adicional da taxa de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Os dados do mercado de trabalho dos EUA divulgados nesta semana mostraram sinais distintos. O relatório Jolts revelou, na terça-feira, abertura de 9,61 milhões de postos de trabalho, bem acima das expectativas (8,9 milhões). Já o relatório ADP, divulgado na quarta-feira, mostrou que o setor privado criou 89 mil empregos em setembro, aquém do esperado (140 mil). Pela manhã, nesta quinta, o Departamento do Trabalho informou que os novos pedidos semanais de auxílio-desemprego subiram menos do que as previsões.

Os pedidos de auxílio-desemprego mostram que o mercado de trabalho continua forte e que mais alta de juros pode ser necessária para controlar a inflação. A perspectiva de juros elevados nos EUA empurra o dólar para cima. Segundo analistas, o desconforto com o nível dos juros longos americanos continua a pautar os mercados. A taxa da T-note de 10 anos, principal ativo do mundo, teve leve recuo nesta quinta, para o nível de 4,70%. Mas o retorno do papel de 30 anos voltou a subir, ultrapassando os 4,90% nas máximas.

No início da tarde, a presidente do Federal Reserve de São Francisco, Mary Daly, disse que, se as condições financeiras seguirem apertadas, a necessidade de ações adicionais diminui. Daly disse que, se continuar vendo o mercado de trabalho desacelerando e a inflação caminhando para a meta, o BC norte-americano pode deixar as taxas de juros estáveis. Com o arrefecimento da inflação e taxa nominal inalterada, há um aumento da taxa real, o que significa política monetária mais restritiva.

Termômetro do comportamento do dólar frente a uma cesta de seis divisa fortes, o índice DXY operava em baixa firme no fim da tarde, mas ainda em níveis elevados, na casa dos 106,300 pontos. Embora tenha recuado em relação a pares, o dólar avançou na comparação com moedas latino-americanas de países de juros altos, em dia marcado por baixa de commodities metálicas e novo tombo das cotações do petróleo. O contrato do tipo Brent para dezembro recuou 2,07%, a US$ 84,07 o barril.

Entre pares do real, o pior desempenho foi do peso mexicano, que caiu mais de 1,5% ante o dólar e voltou a níveis abril. Ao movimento de realização de lucros somou-se desconforto com a decisão do governo do México de mudar unilateralmente tarifas sobre concessões aeroportuárias.

Ibovespa cai 0,28% a 113.284 pontos

Com a queda de 0,28% nesta quinta, o Ibovespa acumula agora perda de 2,81%, o equivalente a cerca de 3,2 mil pontos em relação ao nível em que estava no fim da semana passada, aos 116,5 mil. Nesta quinta, a referência da B3 oscilou entre mínima de 112.704,87 e máxima de 114.359,33 pontos, saindo de abertura aos 113.608,78. No ano, o Ibovespa ainda avança 3,23%.

O giro financeiro se manteve fraco, a R$ 17,0 bilhões, nesta véspera de divulgação dos dados mais aguardados da semana: o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em setembro, com a geração líquida de vagas, a taxa de desemprego e a evolução média do ganho salarial no país.

Nesta quinta-feira, o desempenho de bancos como Santander (Unit +2,38%) e Itaú (PN +1,58%) em meio a expectativa mais favorável quanto a uma solução do governo para a questão do JCP (distribuição de juros sobre capital próprio, frequente entre instituições financeiras), assim como de Vale (embora muito enfraquecido, com a ON em alta de apenas 0,05% no fechamento), não foi o suficiente para se contrapor ao efeito de Petrobras (no fechamento, ON -0,39%, PN +0,34%), de utilities como Eletrobras (ON -1,36%, PNB -1,05%) e de siderúrgicas como Gerdau (PN -1,43%).

As empresas de construção também foram mal na sessão, com MRV (-3,61%) à frente, entre as maiores perdas do dia na carteira Ibovespa junto com Hapvida (-4,81%), Magazine Luiza (-4,23%), Grupo Casas Bahia (-3,45%) e 3R Petroleum (-3,12%). Na ponta ganhadora, além de Santander e Itaú, destaque também para CVC (+3,50%), TIM (+1,74%) e Petz (+1,63%).

Após ter chegado a 4,80% recentemente, o rendimento da T-note de 10 anos retrocedeu nesta quinta para a faixa de 4,69% na mínima do dia, enquanto o de 2 anos, que chegou a 5,15%, recuou nesta quinta-feira para 5,01%, no piso da sessão e também no fechamento. O Brent, por sua vez, que chegou a tocar recentemente a marca de US$ 96, foi negociado nesta quinta abaixo de US$ 84, a US$ 83,84 na mínima do dia, e fechou a US$ 84,07 para o contrato de dezembro, em baixa de 2% em Londres, estendendo a perda de 5,62% observada no dia anterior. (AE)

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