Dólar cai a R$ 4,88, menor valor desde 7 de junho do ano passado
Expectativa com apresentação do arcabouço fiscal e crise da dívida nos Estados Unidos levam o dólar à menor cotação no Brasil desde 7 de junho de 2022
15/05/2023A moeda americana fechou em queda de 0,73%, a R$ 4,8876 nesta segunda-feira. Trata-se do menor valor para o dólar desde 07 de junho de 2022, quando a cotação chegou a R$ 4,8742. Desde o início do ano o dólar registra desvalorização de 7,43% frente o real.
No exterior, o dólar também se desvalorizou em relação a outras moedas fortes, em um momento em que o Tesouro dos Estados Unidos negocia a elevação do teto da dívida da maior economia do mundo.
No Brasil, a valorização do real também é impulsionada pela expectativa da divulgação do novo arcabouço fiscal, com regras mais rígidas para os gastos da União. As regras estão sendo definidas neste início de semana para serem apresentadas ao Congresso.
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O dólar caiu diante do euro e da libra, em quadro de apetite por risco e após novos indícios de desaceleração da economia dos Estados Unidos. Entre moedas emergentes, a lira turca e o peso argentino recuaram frente ao dólar, com a política local e o quadro econômico em foco.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 136,04 ienes, o euro avançava a US$ 1,0880 e a libra tinha alta a US$ 1,2530. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou baixa de 0,24%, a 102,434 pontos.
O BBH comentou em relatório a clientes que o dólar mostrava sinal negativo ante outras moedas principais já no início do dia. O banco de investimentos considera que alguns dados recentes tendem a apoiar a divisa dos EUA, mas também vê o dólar ainda “vulnerável” diante de apostas no mercado de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) terá de cortar juros ainda neste ano.
Entre dirigentes do BC americano, Raphael Bostic, presidente da distrital de Atlanta, indicou que optaria em princípio por manutenção dos juros em junho, mas não descartou novos aumentos, diante da inflação. Já Neel Kashkari (Minneapolis) comentou que “provavelmente” ainda há mais a fazer pelo Fed para conter a inflação “obviamente ainda muito acima” da meta de 2%.
Dólar ampliou queda no exterior após indicador fraco da indústria nos EUA
Na agenda de indicadores, o dólar ampliou perdas após o índice de atividade industrial Empire State recuar bem acima do previsto, a -31,5 e maio. A Oxford Economics aponta que as condições da indústria nos EUA estão piorando “e o pior provavelmente está por vir”, com a política monetária dura, o aperto nas condições de crédito e o enfraquecimento da economia doméstica e também da global.
Entre outras moedas em foco, a lira turca esteve sob pressão, após a disputa eleitoral local não ser decidida no primeiro turno. Analistas ainda consideram mais provável a vitória do atual presidente, Recep Tayyip Erdogan. Para a Capital Economics, a disputa nas urnas “não deu um alívio para a lira turca”, com Erdogan recebendo bastante apoio, o que a consultoria vê como um cenário em que ainda fica mais distante a possibilidade de uma política econômica ortodoxa. “Como consequência, a lira turca deve seguir sob forte pressão neste ano”, antecipa a consultoria. No fim da tarde, o dólar avançava a 19,6710 liras turcas.
O dólar ainda subia a 230,6603 pesos argentinos. O Banco Central da República Argentina (BCRA) anunciou em comunicado elevação da taxa básica de juros em 6 pontos porcentuais, a 97%. No domingo, o governo do presidente Alberto Fernández anunciou um pacote de medidas econômicas para tentar frear a inflação que tem continuado a acelerar, apoiar negócios e frear a dolarização em transações locais. O Banco Mariva vê com ceticismo o quadro e considera que, na dinâmica monetária atual, as altas de juros provocam inflação no país, com a maior criação monetária. “Com as expectativas de inflação totalmente desancoradas, isso pode ter o efeito oposto ao desejado, e pode inclusive impulsionar a inflação ainda mais”, adverte o banco local, em comentário a clientes. (AE)