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Dólar se aproxima dos R$ 5,50 com tendência de alta global

Dólar sobe puxado pela melhora da economia americana, proximidade do fim dos estímulos criados na pandemia e temor das contas do governo brasileiro

Dólar e real

O dólar é impulsionado por tensões sobre o crescimento global e a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano | Foto: Getty Images

O mercado de câmbio amplia a demanda defensiva, levando o dólar a novas máximas nos últimos dias. O dólar spot subiu até R$ 5,4722 (0,47%) , na esteira do dólar para novembro, a R$ 5,4935 (alta de 0,29%).

No pregão desta terça-feira, 5, dólar fechou com valorização de 0,72%, cotado a R$5,48. Já o euro subiu 0,50%, a R$6,36.
O Ibovespa fechou a terça-feira em alta de 0,06%, aos 110.458 pontos. O S&P 500 ganhou 1.05%, aos 4.346 pontos.

O economista Alexandre Almeida, da CM Capital Markets, atribui a aceleração do ganho do dólar frente o real à influência do exterior, com o dólar subindo em âmbito global e ganhando força com os indicadores econômicos dos Estados Unidos melhores que o esperado.

A melhora da situação da economia americana reforça os sinais de recuperação da atividade no país, aumentando expectativas pelo início da retirada de estímulos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em novembro.

O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, afirmou que está “confortável em pensar que os preços elevados irão diminuir”, o que reforçou a percepção do mercado sobre o início do fim dos estímulos (injeção de dinheiro no mercado a juros incentivados) criados durante a pandemia.

Durante entrevista à CNBC, o dirigente do Fed disse que isso deve ocorrer conforme são resolvidos problemas na cadeia de suprimentos. Ainda assim, essa solução pode “demorar um pouco mais do que esperávamos”. Ele repetiu sua avaliação de que o início da redução nas compras de bônus (“tapering”) pode vir “em breve”.

Do lado interno, Almeida comenta que as dúvidas em relação à situação fiscal do País seguem no foco dos investidores, e há muita dúvida ainda em meio às discussões sobre preços de combustíveis, por isso, o espaço para a queda do dólar ante o real é bem limitado.

Alta do dólar virou preocupação em Wall Street

O dólar tem sido impulsionado recentemente por tensões cada vez maiores sobre o crescimento global e a alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os Treasuries.

Nos últimos dias, o Dollar Index do Wall Street Journal atingiu o maior nível desde setembro de 2020. O indicador, que mede a moeda americana contra uma cesta de divisas rivais, vem subindo continuamente desde junho.

Um dólar forte tem potencial para conter os ganhos em ações e outros investimentos de risco. As empresas do S&P 500 geram 40% de sua receita fora dos EUA, de acordo com a FactSet.

Quando o dólar se fortalece, o valor do dinheiro ganho no exterior diminui. As empresas e países de mercados emergentes também tendem a sofrer porque suas grandes dívidas denominadas em dólares se tornam mais difíceis de pagar.

“Um dólar mais forte pode ser uma espécie de bola de destruição. De modo geral, é um aperto nas condições financeiras globais”, diz o gerente de investimentos James Athey, da Aberdeen Standard Investments.

Expectativa sobre a política monetária dos Estados Unidos inflaciona o dólar

O que mais tem impulsionado o dólar é a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) agirá mais cedo e de forma mas agressiva do que o antecipado para remover os estímulos à economia.

Restrições na cadeia global de suprimentos, preços de energia em alta e atividade industrial interrompida em mercados como a China e o Reino Unido também pesaram sobre as perspectivas de crescimento.

A moeda de reserva mundial tende a ter um bom desempenho em dois cenários: quando a economia global vai mal, e os investidores se protegem em ativos portos seguros, e quando a economia dos EUA está indo bem em comparação com outras, levando os operadores a abocanhar investimentos denominados em dólares.

“Os mercados estão mais cautelosos e nervosos com o risco de uma desaceleração adicional”, afirma Lee Hardman, analista de câmbio do banco japonês Mitsubishi UFJ Financial Group. Ele teme que o aumento global dos preços da energia atinja consumidores e empresas, ao mesmo tempo que aumenta as preocupações com a inflação. (Com AE)

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