Economia gaúcha mostra força após tragédia climática

A Pesquisa Mensal da Industria (PIM) registou uma queda de 0,9% da produção industrial brasileira no mês de maio em relação a abril. A indústria da transformação foi a responsável pela queda, com variação mensal de -2,2% após ajuste sazonal. A indústria extrativa cresceu 2.6% na mesma métrica.

A queda registrada pela PIM, refletiu o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul sobre as atividades industriais no estado. A indústria da transformação gaúcha, que responde por 8,4% da produção nacional, apresentou uma queda de 26,2% em maio, na comparação com o mês anterior, em contraste com o desempenho estável dos demais
estados.

Todos os setores no Rio Grande do Sul apresentaram for queda, com a exceção de celulose e papel e móveis. Felizmente não houve grande perda do capital instalados das indústrias gaúchas, especialmente na serra, o que sugere a retomada da produção já no mês de junho, dada a normalização dos níveis das águas no estado.

Saiba mais

• Temporada de balanços dos bancos deve apresentar resultados ‘suaves’
• Inflação baixa favorece corte de juros nos EUA em setembro e dezembro
• Como operar na bolsa de valores com a segurança da Safra Corretora

As enchentes tiveram impacto ambíguo nas vendas do varejo no estado, com as vendas de combustíveis, materiais de construção e veículos sendo prejudicadas, e os demais itens beneficiados pelo aumento da demanda devido a estocagem precaucional.

A estocagem suavizou o impacto das enchentes, com o desempenho das vendas no estado relativamente alinhado com aquele dos demais entes federativos. No agregado nacional, o resultado da PMC foi positivo, com conceito restrito crescendo 1,2% e o ampliado 0,8%.

Por último, a Pesquisa Mensal de serviços mostrou atividade estável a nível nacional. O impacto das enchentes nos serviços gaúchos foi de modo geral negativo, ainda que o segmento de transporte apresente surpreendente crescimento.

A provável causa desta alta foi a isenção do pagamento de pedágios, que distorceu a variação de preço desse serviço, com o subitem pedágio do IPCA gaúcho caindo 86,2% mês contra mês em maio.

Safra espera recuperação rápida da economia gaúcha

Os problemas de deflator parecem ter se propagado na economia do estado, com a receita nominal do setor de serviços caindo 13,6% enquanto o volume real de serviços subiu 0,6%, sugerindo um descompasso fora do padrão dos períodos de normalidade climática. Levando isso em consideração, o Banco Safra acredita que é necessário ter cautela ao analisar o resultado positivo do setor gaúcho no mês de maio.

O Safra espera que os índices de atividade de junho mostrem uma recuperação rápida da economia, conforme a indicação de retomada obtida no Safrapay ao longo de junho, divulgada no Semanal de 7 de junho.

O Banco Safra acredita que dados econômicos devem mostrar uma célere recuperação da economia gaúcha no terceiro trimestre de 2024. No mês de junho, os itens mais estocados em maio devem ter um desempenho mais fraco, enquanto itens mais negativamente afetados, como veículos, devem se recuperar. A atividade como um todo deve continuar sendo monitorada, com os investimentos na construção civil no estado devendo subir nos próximos meses, contribuindo para que a taxa de crescimento do PIB nacional mantenha-se perto de 2,5% em 2024.

• Íntegra da análise macroeconômica semanal do Banco Safra.