Eletrobras mostra fundamentos fortes, apesar do preço da energia
Safra atualiza modelos de análises das ações da Eletrobras e da Eneva e destaca Sabesp e Copel como preferências; confira a análise dos especialistas
05/02/2025
A temporada de chuvas de 2024-2025 tem sido positiva até agora, o que deve levar a um menor despacho térmico e manter os preços baixos em 2025 / Foto: Getty Images
O banco Safra atualizou os modelos para análise das ações da Eletrobras (ELET3/ELET6; PA: R$ 45,7 / R$ 51,5; Compra) e Eneva (ENEV3; PA: R$ 13,9; Neutro), após incorporar os resultados recentes das empresas, premissas macroeconômicas e portfólios de ativos atualizados.
O Safra manteve a recomendação de compra para Eletrobras, pois acredita que os fundamentos permanecem fortes (processo de reestruturação em andamento) e a avaliação continua atraente, embora o cenário de curto prazo para os preços da energia seja desafiador.
Quanto à Eneva, o banco vê sua avaliação relativamente exigente em comparação com outras empresas e, como resultado, rebaixamos ENEV para Neutro, embora acreditemos que a empresa tenha um bom portfólio (térmicas são essenciais para alcançar um equilíbrio com mais geração renovável no futuro) e esteja entregando resultados sólidos.
Ao mesmo tempo, o Safra vê risco maior para esta empresa surgindo da incerteza em relação aos resultados do próximo leilão de capacidade de reserva.
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Para 2025, o Safra reitera a preferência por Sabesp (SBSP3; Compra; R$ 142,60) e Copel (CPLE3; Compra; R$ 10,00/11,10). A hidrologia pode se tornar um obstáculo para ambas, mas os impactos podem ser limitados a longo prazo.
A temporada de chuvas de 2024-2025 tem sido positiva até agora (os volumes de chuva em novembro-janeiro atingiram 93% da média histórica), o que deve levar a um menor despacho térmico e manter os preços baixos em 2025.
Embora reconheça que isso pode ser um cenário desfavorável para ambas as empresas no curto prazo, a análise do Safra de sensibilidade para mudanças nos preços de energia a longo prazo e diferentes níveis de despacho térmico sugere impacto limitado na Eletrobras (impacto de R$1,7/ação para cada mudança de R$10/MWh nos preços de energia) e na Eneva (R$0,90/ação para cada mudança de 10% no despacho térmico).
No entanto, os especialistas do acreditam que o mercado já incorporou parcialmente o cenário de preços baixos nos resultados de 2025 da Eletrobras, enquanto o despacho térmico não deve adicionar muito aos ganhos de 2025 da Eneva.
Fatores de valor para Eletrobras e Eneva
Para a Eletrobras, os principais fatores de valor são:
- (i) o momento e os termos do acordo para resolver a disputa com o governo federal;
- (ii) o ritmo do seu processo de reestruturação;
- (iii) decisões de alocação de capital (capex, gestão de alavancagem e dividendos);
- (iv) venda bem-sucedida de sua energia a preços razoáveis.
Quanto à Eneva, os principais fatores são:
- (i) os resultados do próximo leilão de capacidade de reserva para renovar os acordos de suas usinas térmicas no Complexo Parnaíba;
- (ii) a capacidade da empresa de expandir e diversificar;
- (iii) integração bem-sucedida dos novos ativos adquiridos (ajustes de custos, recontratação de usinas, uso de ganhos fiscais).
Mudança nas estimativas
No caso da Eletrobras, o Safra atualizou os modelos para incluir:
- (i) projetos de transmissão recentemente adquiridos;
- (ii) uma taxa de desconto mais alta (WACC nominal médio de 10,5% vs. 9,0% anteriormente);
- (iii) déficit hídrico de 10% a partir de 2025 e curva de preços de energia atualizada;
- (iv) plano de capex atualizado para os próximos anos.
Quanto à Eneva, o Safra atualizou os modelos para incluir:
- (i) os recursos do follow-on recentemente concluído;
- (ii) projetos de geração térmica recentemente adquiridos;
- (iii) uma taxa de desconto mais alta (WACC nominal médio de 11,3% vs. 9,5% anteriormente);
- (iv) suposições de despacho atualizadas; e
- (v) plano de capex atualizado para os próximos anos.
Fatores de risco
No caso da Eletrobras:
- (i) execução do plano de corte de custos;
- (ii) ritmo de redução das obrigações de empréstimos compulsórios;
- (iii) ruído regulatório e político;
- (iv) termos desfavoráveis para a construção de Angra 3;
- (v) estratégia ineficaz de comercialização de energia.
Para a Eneva:
- (i) cenários de despacho mais baixos;
- (ii) má alocação de capital;
- (iii) resultados desfavoráveis nos próximos leilões de capacidade;
- (iv) custos mais altos devido à atividade de E&P e/ou aumento do capex para desenvolvimento de projetos;
- (v) diferentes cenários de despacho.

