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Em acordo histórico, G20 reconhece relação entre energia e clima

Acordo sem precedentes admite pela primeira vez na história a relação direta entre produção de energia e mudanças climáticas

torres de energia eólica

O G20 divulgou comunicado após reunião de ministros do Meio Ambiente na qual enfatiza a defesa da biodiversidade e do uso eficiente dos recursos naturais | Foto: Getty Images

O Grupo dos 20 (G20) alcançou um acordo “sem precedentes” que reconhece, pela primeira vez na história desde a sua criação, que as políticas voltadas para energia e clima estão interconectadas, e que para mitigar as mudanças climáticas é necessário levar em conta o atual uso de combustíveis fósseis e fontes energéticas não renováveis.

A aprovação do comunicado ocorreu após o “sinal verde” da China, que participou da reunião de ministros de Energia e Clima do G20 remotamente, disse o ministro da Itália para Transição Ecológica, Roberto Cingolani. O G20 é formado pelas 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. O grupo foi criado em 1999, após as sucessivas crises financeiras da década de 1990.

Entre as metas estabelecidas no histórico acordo, o ministro italiano disse que os países concordaram em aumentar os esforços para diminuir a temperatura global em 1,5ºC até o fim desta década, mas não houve concordância em fazer deste ponto uma meta formal do G20, já que “três ou quatro países” disseram não conseguir diminuir a emissão de poluentes ao ponto de atingir este objetivo.

Neutralidade de carbono é retirada do acordo final do G20

Além deste, dentre os 60 artigos contidos no comunicado, o que tratava da neutralidade de carbono pelos países do G20 até 2025 também teve de ser retirado do documento final, já que não houve consenso, disse Cingolani.

Mesmo com as negociações “difíceis” e algumas discordâncias, o ministro tratou o encontro de forma positiva. Segundo ele, as nações do Grupo concordaram que os fluxos financeiros devem ser compatíveis com os objetivos do Acordo de Paris.

A autoridade ainda disse que “mesmo a Arábia Saudita, que tem uma economia baseada no petróleo, foi receptiva” durante as discussões e se comprometeu em investir mais em iniciativas que promovam a economia circular no país

Defesa da biodiversidade

O G20 divulgou comunicado após reunião de ministros do Meio Ambiente do bloco na qual enfatiza a defesa da biodiversidade, do uso eficiente dos recursos naturais e de uma economia circular, bem como de finanças sustentáveis, como por exemplo no financiamento da proteção de ecossistemas.

O G20 defende que os países promovam medidas para recuperar solos degradados, em linha com as metas da Agenda 2030. Também afirma que é preciso haver uma gestão sustentável da água, com acesso a água potável de modo igualitário, bem como argumenta pelo reforço na proteção a mares e oceanos.

Sobre a economia circular, diz que ela é defendida para reforçar a cooperação multilateral, reduzir a pegada ambiental e se garantir a sustentabilidade de modelos de produção e de consumo. Na questão das finanças sustentáveis, o G20 afirma que é preciso haver foco nas necessidades de financiamento específicas para a proteção e a restauração de ecossistemas, como contribuição para o trabalho do grupo sobre o formato futuro do sistema financeiro global.

Desafios das mudanças climáticas

Os países do G20 reforçaram também desafios das mudanças climáticas. A nota reafirma o compromisso do grupo com os termos do acordo climático de Paris de 2015, em que a comunidade internacional se comprometeu em empreender os esforços para limitar o aumento da temperatura global a 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, preferencialmente 1,5ºC.

“Todos, da China à Índia, aos Estados Unidos, Rússia e países europeus, concordaram que, especialmente após a fase pandêmica, a transição energética para energias renováveis é uma ferramenta para o crescimento socioeconômico inclusivo e rápido”, ressalta o texto.

As nações acrescentaram que consideram o Acordo de Paris como o “farol” vinculativo para a COP 26, que ocorre em outubro em Glasgow, na Escócia. Isso inclui apoio à proposta prevista no pacto de fornecimento de US$ 100 bilhões em ajuda por ano a países em desenvolvimento, para contribuir com o combate aos efeitos das alterações do clima. “Os países do G20 concordam em ajuda aumentada para países em desenvolvimento para que ninguém fique para trás”, ressalta. (AE)

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