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Ruído político no debate sobre meta de inflação afeta a Bolsa

O Ibovespa caiu 0,41% na semana, aos 108.078 pontos, com mercado atento ao clima tenso entre o Banco Central e o Executivo Federal

Investidor analisa gráficos em um tablet

Decisão de manter a Selic no atual patamar está em linha com a projeção do Banco Safra

Em uma semana marcada por ruídos entre o governo federal e o Banco Central (BC),  o Ibovespa acumulou perdas de 0,41%, aos 108.078 pontos.

“Estamos presenciando um cenário com muitos ruídos políticos, principalmente de ameaça à independência do Banco Central”, disse, Elcio Cardozo, da Matriz Capital.

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Segundo ele, apesar de boa parte do mercado concordar com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação a um exagero da atual taxa de juros no país, ameaçar a independência do Banco Central poderia ser um grande erro.

“Essa lição já foi aprendida por outros países. Na Turquia, por exemplo, O presidente decidiu baixar a taxa de juros a qualquer custo, e o país amarga hoje inflação anual de quase 80%”, ressaltou Cardozo.

Na quinta-feira, o mercado foi surpreendido com a informação de que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teria sinalizado a intenção de propor a elevação da meta de inflação, de 3,25% para 3,50%. Na próxima quinta-feira haverá reunião do Conselho Monetário Nacional – a primeira com Haddad, Campos Neto e a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Resultados negativos de empresas listadas no Ibovespa também pressionaram os preços das ações. O Bradesco registrou queda de 75.9% no lucro no quarto trimestre, em seu pior resultado em 17 anos. A ação do banco fechou a semana em queda de 7,04%.

As ações mais ligadas à economia local foram as que mais caíram na semana. As companhias aéreas Azul e Gol perderam 22,85% e 19,15%, respectivamente.

“A alta do preço do petróleo pesou muito nos papéis das aéreas”, disse Cauê Pinheiro, estrategista do Banco Safra. Combustível representa cerca de 40% dos custos das companhias aéreas.

Alpargatas, segundo Pinheiro, teve um desempenho ruim em razão do resultado fraco no quarto trimestre. O papel caiu 24,77%. A dona da marca Havaianas registrou prejuízo líquido consolidado de R$ 21 milhões no quarto trimestre de 2022, revertendo a cifra positiva em R$ 303,1 milhões reportada no mesmo intervalo do ano anterior.

Segundo a empresa, as bases não são comparáveis devido à aquisição de participação na Rothy’s e venda da Osklen, anunciadas no último trimestre de 2021.

No acumulado de 2022, o lucro líquido consolidado caiu 84,3% ante 2021, de R$ 692,6 milhões para R$ 108,5 milhões.

“A BRF caiu em função das perspectivas de resultado financeiro ruim no último trimestre do ano”, disse Pinheiro. A companhia perdeu 16,95% nesta semana.

Completa a lista de piores desempenhos da semana a Grupo Soma, que caiu 14,24%.

No ranking das maiores altas, o destaque ficou com as petroleiras. 3R Petroleum subiu 4,92%, PetroRio, 6,42% e a Petrobras ganhou 7,79% (PETR4) e 8,05% (PETR3).

“Os preços do petróleo tiveram uma recuperação nesta semana e isso puxou os papéis dessas empresas”, disse Pinheiro.

Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta nesta sexta-feira, 10, impulsionados pelo corte na produção da Rússia, que deve contribuir para uma redução na oferta, já afetada pelo terremoto na Turquia.

Segundo analistas, o otimismo quanto à demanda chinesa permanece, o que contribui para sustentação dos preços.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em alta de 2,13% (US$ 1,66), a US$ 79,72 o barril, enquanto o Brent para abril, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 2,24% (US$ 1,89), a US$ 86,39 o barril. Na variação semanal, as altas foram de 8,62% e 8,07%, respectivamente.

Completa o ranking dos melhores desempenhos, a São Martinho que subiu 10,55% esta semana.

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