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Energia solar pode dobrar no Brasil em 2021

Queda nos preços e investimentos de R$ 13 bilhões no ano passado elevam a capacidade instalada para 7,5 gigawatts

Painéis de energia solar

Com a chegada das baterias, consumidores vão conseguir independência das concessionárias de energia no futuro próximo / Foto: Getty Images

A geração de energia solar quase dobrou no País em 2020 e pode dobrar de tamanho este ano.

O motivo é a redução de preços de equipamentos nos últimos anos, e também o investimento que chegou a R$ 13 bilhões no ano passado, .

O custo mais acessível a cada ano têm atraído mais empresas e consumidores para esse mercado, onde o Brasil se destaca por ter uma das melhores irradiações solares do mundo.

Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar (Absolar), em 2020 a capacidade instalada saltou de 4,6 gigawatts (GW) para 7,5 GW, puxada por um aumento de 2,2 GW só da chamada geração distribuída – a partir de sistemas instalados em telhados, fachadas de edifícios e pequenos terrenos, por exemplo.

Essa potência é suficiente para iluminar 3,7 milhões de domicílios. A previsão é que o número alcance 12,6 GW neste ano, também impulsionado pela autogeração.

Investimento de R$ 13 bilhões em 2020

Em termos de investimentos, o resultado também impressiona. Dos R$ 13 bilhões desembolsados no ano passado, quase 80% foram bancados por projetos de geração distribuída.

O restante ficou por conta da chamada geração centralizada (projetos que são vendidos em leilões de energia do governo).

Para 2021, a projeção é que a autogeração atraia mais R$ 17,2 bilhões, o equivalente a 76% dos R$ 22,6 bilhões estimados para todo o setor pela Absolar.

Desde 2012, quando despontou comercialmente no País, a energia solar teve seu preço reduzido em 80% – de US$ 100 o megawatt-hora para cerca de US$ 20. O preço fica abaixo do custo de todas as outras fontes, com exceção da geração eólica.

“Isso está fazendo com que a classe média baixa também passe a enxergar a energia solar como um bom investimento, não apenas a classe alta, como era no começo”, diz a diretora comercial da Win Energias Renováveis e coordenadora da Absolar no Rio de Janeiro, Camila Nascimento.

Segundo ela, o comércio também tem se voltado para a fonte solar para reduzir seus custos fixos, em meio à crise trazida pela pandemia.

No caso da Win, distribuidora de módulos criada em 2019, Camila viu o volume de negócios crescer 200% em plena pandemia. Equipamentos que há dez anos custavam R$ 30 mil, hoje são encontrados pela metade do preço.

Por R$ 15 mil, uma residência que tenha a conta de luz de R$ 350 por mês consegue instalar um sistema. Para negócios como um salão de beleza, que consome muita energia, o investimento na compra e instalação dos módulos pode sair R$ 45 mil.

Vantagem ambiental e financeira

“Hoje em dia, deixou de ter só um apelo ambiental, como era anos atrás, e passa por uma questão financeira. As pessoas instalam realmente para reduzir a conta de luz”, avalia o presidente do Portal Solar, Rodolfo Meyer, a primeira e maior plataforma de energia solar do País.

O Portal tem 20 mil empresas cadastradas e recebe a visita de cerca de 350 mil pessoas por mês, que acessam a plataforma em busca de financiamento, produtos e informação. Para 2021, espera-se que mais 5,4 mil empresas entrem no mercado.

Meyer prevê uma grande evolução do segmento nos próximos anos, principalmente com a chegada das baterias. Elas vão possibilitar independência do consumidor em relação às distribuidoras de energia.

Ainda em fase de desenvolvimento, vão funcionar como pilhas para armazenar energia. Estão seguindo a mesma trajetória de queda de preços dos equipamentos de energia solar.

Em dois anos, segundo o presidente do Solar, devem ganhar espaço entre os consumidores para utilizar a energia solar à noite ou quando não houver sol.

Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, avalia que a energia solar tem potencial para liderar a matriz elétrica brasileira no longo prazo, se a questão das baterias for resolvida. Hoje, essa fatia ainda é de 1,6%. (AE)

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