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Entenda o que é e o que faz o Banco de Alimentos

ONG de combate à fome ajuda a diminuir o desperdício de comida no Brasil, um dos maiores do planeta

Equipe de nutrição do Banco de Alimentos

Equipe de nutrição ensina coletores e famílias atendidas a lidar com os alimentos e aproveitá-los sem gerar novos desperdícios | Foto: Divulgação

Segundo a Fundação Ellen MacArthur, 45% das emissões globais de carbono se devem ao  modo como se produz e se consome bens e alimentos. O Banco de Alimentos brasileiro atua nessa última e sensível ponta da produção nacional.

“Vivemos claramente um problema de cadeia. Somos grande produtores de alimento, grandes desperdiçadores de ingredientes de qualidade e vivemos em situação crescente de insegurança alimentar”, diz a economista Luciana Chinaglia Quintão, fundadora da ONG atuante desde 1998 no país.

Segundo o O relatório Índice de Desperdício de Alimentos 2021, divulgado pela ONU, o Brasil, entre os países da América Latina, só perde em volume de desperdício de alimentos para a Colômbia e o México, que têm a população muito menor.

Colheita urbana

O Banco de Alimentos começou com um trabalho que chama de Colheita Urbana e mantém até hoje. O processo consiste em recolher da indústria e do varejo sobras de qualidade, que por razões como a aparência fora de padrão ou a falta pontual de demanda, iriam para o lixo. E entregar esses descartes de alta qualidade nutricional a instituições que viabilizam sua distribuição para pessoas e famílias sem ou com pouco acesso à alimentação básica.

Nos 23 anos de atuação, a organização, que não dispunha de dispositivo legal para captar parceiros dispostos a doar, desenvolveu estratégias como a multiplicação de conhecimento nutricional. Com apoio de voluntários capacitados a avaliar a qualidade das doações e ensinar a melhor forma de aproveitar os alimentos que não foram vendidos, a organização criou uma rede que atendem mais de 20 mil pessoas diariamente na Grande São Paulo.

Luciana Chinaglia Quintão, fundadora da ONG Banco de Alimentos, atuante desde 1998 no Brasil | Foto: Divulgação

“Fui muito desencorajada no início, principalmente pelos amigos advogados”, lembra a economista, que vendeu uma editora herdada da família para começar o trabalho no terceiro setor. “Sabe aqueles momentos da vida em que se decide fazer alguma coisa para mudar o que te incomoda profundamente? O Banco de Alimentos nasceu assim. A fome no Brasil sempre foi algo indignante para mim, sobretudo diante das possibilidades imensas do país.”

Só em 2020, a operação de recolher alimentos sem valor comercial e transformá-los em refeições passou a ter amparo legal. A criação da lei 14.016, de combate o desperdício e apoio á distribuição de excedentes, no ano passado, deu segurança às empresas a organizarem o seu descarte para a doação. Hoje, mais de de 40 instituições e 300 parceiros participam da operação que entrega de em ação de ajuda humanitária durante a pandemia, distribuiu o total de 5.261.652 de quilos de alimentos em forma de refeições.

O Banco de Alimentos, na pandemia

Só no mês de abril, a ONG arrecadou e distribuiu 103.000 quilos de alimentos. “Através da Colheita Urbana distribuímos alimentos para pessoas em situação de vulnerabilidade social na grande São Paulo, que só aumentou com a crise sanitária”, diz Quintão.

“A fome sempre foi um problema grave no Brasil mas agora a situação piorou muito. Antes da pandemia, havia 57 milhões de pessoas vivendo em insegurança alimentar no país; agora são cerca de 117 milhões de pessoas, sendo que 19 milhões passam fome, o que revela a urgência da mobilização. Modelos de desenvolvimento que beneficiam apenas uns, em detrimento de outros, não se sustentam mais.”

Como contribuir

  • Uma das formas de pessoas físicas contribuírem com a ONG é doar pelo programa da Nota Fiscal Paulista. Veja como neste link

  • Estabelecimentos comerciais que queiram destinar seus alimentos excedentes, devem entrar em contato por este link

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