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Entenda a crise da chinesa Evergrande e o seu impacto no mercado

Incorporadora mais endividada do mundo corre o risco de não pagar conta de R$ 1,5 trilhão, o que abala mercados pelo mundo

Fachada de prédio da Evergrande com logo iluminado a noite

Neste ano, o valor das ações da Evergrande recua mais de 80% na bolsa de valores de Hong Kong | Foto: Reprodução/ Twitter

Queda de valor da ação da empresa desde o início ano

Gigante do mercado imobiliário chinês, a incorporadora Evergrande atravessa uma crise de liquidez que tem abalado os mercados em todo o mundo.

Isso tem afetado diretamente as bolsas de valores, incluindo a B3 (B3SA3), a Bolsa brasileira.

A incerteza quanto à capacidade de pagamento da imobiliária mais endividada do mundo afeta as ações de grandes mineradoras, como a Vale (VALE3).

Na quarta-feira, 20, por exemplo, os papéis da empresa brasileira fecharam em queda de 3,58%. A companhia é grande fornecedora de minério de ferro ao setor imobiliário da China.

A principal questão no caso da Evergrande envolve suas enormes dívidas. Ao todo, os passivos somam US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão).

Venda de ativos da Evergrande

Embora não tenha que fazer pagamentos de bônus (bonds) em moeda estrangeira no próximo ano, a companhia precisa honrar os compromissos que vencem em 2021.

E nesta quinta-feira, 21, a notícia de que a companhia não conseguiu vender uma de suas subsidiárias aumentou o risco de moratória de suas dívidas.

A tentativa envolveu a fatia de 50,1% da Evergrande Property Services e, se tivesse sido sacramentado, o acordo teria rendido cerca de US$ 2,6 bilhões.

Saiba mais

Isso ajudaria a empresa a diminuir os temores do default (calote) dos juros de US$ 83,5 milhões de uma dívida que, segundo a imprensa internacional, venceu em 23 de setembro e tinha carência de 30 dias para o vencimento.

A única venda de ativo que tem apresentado progresso é a de uma fatia no Shengjing Bank à estatal Shenyang Finance, anunciada no fim de setembro.

O acordo prevê que a Evergrande receberá 5,70 yuans por ação, o que totalizará 9,993 bilhões de yuans, ou, aproximadamente, US$ 1,55 bilhão.

Calvário da Evergrande

Neste ano, o valor das ações da empresa recua mais de 80% na bolsa de valores de Hong Kong, em meio a temores sobre a elevada alavancagem.

No último mês, os papéis da companhia pararam de ser negociados na bolsa chinesa.

Porém, a própria empresa solicitou a retomada nesta semana e já viu as ações derreterem mais de 10% nesse ínterim.

Enquanto isso, outros ativos da incorporadora chinesa sofrem com a desconfiança do mercado, como a Hengda Real Estate Group.

Em setembro, a unidade foi notificada por agências chinesas de rating que a classificação de seus bônus foram rebaixados de “AA” para “A”

Além disso, os títulos foram incluídos em uma lista para eventuais novos rebaixamentos.

No entanto, a Hengda anunciou no mesmo mês que honraria os juros de uma de suas emissões.

Caso não seja capaz de honrar suas dívidas, a Evergrande afetará diferentes empresas do setor bancário que financiam suas operações ou fornecem crédito a compradores de suas unidades, além dos próprios investidores diretos.

Por tabela, fornecedores como a Vale e outra mineradoras também sofrerão caso as operações da companhia sejam suspensas ou encerradas.

Risco de falência

Durante as últimas semanas, rumores na internet apontavam que a companhia estaria próxima de decretar falência.

Porém, em comunicado oficial, a Evergrande negou a possibilidade disso acontecer.

“De fato encontramos dificuldades sem precedentes, mas seguimos cumprindo resolutamente nossas responsabilidades corporativas”, diz o documento.

No entanto, as vendas da incorporadora vêm caindo desde junho, fato que foi confirmado por ela mesma.

Segundo reportagem do portal CNBC, a companhia enviou documento à bolsa de Hong Kong que um “declínio contínuo significativo” nas vendas de setembro.

Isso vai na contramão da tendência de aumento nas vendas que tradicionalmente as imobiliárias na China registram no mês.

Setor em desaceleração

Não só a Evergrande tem sofrido no setor imobiliário na China, mas também outros players importantes.

É o caso da incorporadora China Properties Group, que comunicou em 15 de setembro à Bolsa de Valores de Hong Kong que daria um default em bonds que venciam naquele mesmo dia.

Segundo a companhia, o calote ocorreu por uma crise de liquidez provocada por uma “incompatibilidade de tempo”.

Ou seja, a empresa não é capaz de financiar o valor pendente a credores enquanto não concluir a venda ou refinanciamento de alguns de seus ativos.

Tanto o caso da China Properties quanto o da Evergrande apontam para uma possível desaceleração do crescimento do mercado imobiliário – e da economia – da China.

Consequentemente, a economia global também deve puxar o freio de mão nos próximos trimestres (confira análise), afetando o crescimento do Brasil.

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