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Entenda porque a economia mundial vai desacelerar

Relatório de investimentos do Banco Safra detalha o que está acontecendo na economia mundial e explica os motivos da desaceleração à vista

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Dificuldades logísticas agravam inflação global e bancos centrais apertam política monetária | Foto: Getty Images

O ritmo de crescimento da economia mundial deverá desacelerar nos próximos trimestres, prevê o Banco Safra em seu relatório de investimentos para o mês de outubro.

O Safra Report é o relatório mensal que apresenta a visão do banco para investimentos em diversas classes de ativos, bem como sugestões com diferentes perfis de investidores.

De acordo com o relatório que acaba de ser enviado aos clientes, a elevada inflação ao redor do mundo tem levado os principais bancos centrais a adotar uma postura mais firme na condução da política monetária.

Além disso, diversos governos estão diminuindo os impulsos fiscais que foram injetados nas durante a pandemia. Nos Estados Unidos, o nível da atividade já supera o patamar anterior da pandemia, o que significa que já houve redução significativa da capacidade ociosa.

A manutenção do forte ritmo do crescimento econômico dos últimos trimestres exigiria substancial ampliação da capacidade de produção, o que não aconteceu.

A pressão inflacionária deve levar o banco central americano a reduzir o ritmo de compras de ativos financeiros em dezembro deste ano e iniciar o ciclo de aumento de juros no final do próximo ano. Importante destacar que a redução do impulso fiscal também desacelerará o crescimento do PIB real para 3,5% em 2022.

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Aperto do crédito da China afeta a economia, segundo o Safra Report

Na China, o aperto das condições de crédito está prejudicando o setor imobiliário há alguns meses e iniciativas regulatórias do governo têm gerado dúvidas sobre a orientação das políticas públicas.

Mais recentemente, a escassez na oferta de carvão causou problemas na geração de energia elétrica, o que também pesará negativamente sobre a atividade no final do ano. Assim, o menor crescimento do nosso principal parceiro comercial deverá arrefecer as exportações brasileiras nos próximos trimestres.

No Brasil, a atividade econômica está se acomodando desde o início do ano. As vendas de varejo e a produção industrial recuaram em agosto e esperamos uma nova queda em setembro.

O setor de serviços também arrefeceu nos últimos meses e, consequentemente, o Safra estima expansão do PIB real em apenas 0,3% no terceiro trimestre em relação ao segundo, com viés para baixo. O ciclo de aumento de juros ainda terá impacto na atividade ao longo dos próximos meses.

Inflação oficial acumulada cairá para 8,4% em dezembro, prevê relatório

A inflação continua bastante pressionada, com os efeitos do aumento do preço das commodities, gargalos na cadeia de produção de bens industrializados e o aumento das tarifas de energia elétrica. O Safra prevê que o IPCA acumulado em 12 meses diminuirá de 10,3% em setembro para 8,4% em dezembro, com menor pressão em alimentação no domicílio.

Para o próximo ano, o fraco desempenho da demanda doméstica, a expectativa de estabilização do preço das commodities com o menor crescimento mundial e a perspectiva de melhora no regime de chuvas podem levar a inflação ao consumidor para patamar mais próximo do centro da meta.

As discussões sobre Orçamento federal, por sua vez, continuam sem definição. O novo texto do relator da PEC dos Precatórios implica que o pagamento dessas decisões judiciais dentro do teto de gastos ficará em torno de R$ 40 bilhões, em vez dos R$ 89 bilhões enviados no projeto de lei orçamentária. Isso abriria espaço no teto de gastos suficiente para a expansão do novo programa de transferência de renda (Auxílio Brasil), assim como aumento de recursos para emendas parlamentares, investimentos, entre outros.

A eventual aprovação dessa proposta e da reforma do Imposto de Renda podem deixar o déficit primário consolidado em torno de 1% do PIB no próximo ano.

As contas externas brasileiras permaneceram equilibradas. O saldo comercial atingiu superávit de US$ 66 bilhões em setembro, no acumulado de 12 meses. A redução do ritmo de crescimento mundial e a queda do preço do minério de ferro e soja devem prejudicar nosso valor exportador e, consequentemente, reduzir nosso superávit comercial para US$ 56 bi em 2022. Esse valor ainda é historicamente expressivo, mas a comedida entrada de capitais não contribui para uma queda do dólar por aqui, que deve encerrar 2021 em torno de R$ 5,35.

Programas de estímulos estão chegando ao fim

Neste 2021, afirmar que o mês foi difícil tem sido a tônica de praticamente todo ano. Setembro, em particular, não deixou nada a desejar em relação aos meses anteriores.

Todas as preocupações que vinham sendo observadas ao longo do ano parecem ter se exacerbado durante o último mês, quando os mercados brasileiro e internacional reagiram de forma bastante intensa e o aumento de risco foi sentido nas diversas classes de ativos praticamente durante todo o mês.

No mundo todo as preocupações com a inflação seguem dando o tom do humor do mercado. Não bastou um recado mais claro do Federal Reserve (Fed) na sua última reunião de política monetária para poder aplacar os ânimos.

Parece que enfim governos e bancos centrais ao redor do mundo deverão encerrar em breve seus programas de estímulos ao crédito, auxílios emergenciais para pessoas físicas e políticas monetárias expansionistas, para depois de dar início a ciclos de aperto monetário.

Temor da quebra da Evergrande preocupa investidores

Do lado chinês, as percepções negativas com o crescimento foram agravadas por uma crise no mercado imobiliário gerada pela empresa Evergrande.

Se no mundo as coisas estão complicadas, no Brasil a situação não é nada diferente. Inflação em alta e discussões sobre aumento de juros dividiram espaço com indefinições sobre precatórios, andamento de reforma tributária, desemprego e crise energética.

No mercado cambial, essa combinação de fatores negativos levou o dólar a subir 5,8% frente ao real. Já as curvas de juros futuros ampliaram as suas aberturas, retratando a insegurança de investidores locais e internacionais, de modo que os desafios permanecem nos ativos de renda fixa.

O CDI, por sua vez, continua em patamares bastante baixos, com rendimento de menos de 0,5% no mês, acumulando no ano apenas 2,5%. Essa comparação fica sempre mais dramática quando acompanhamos o índice oficial de inflação, o IPCA, acumular cerca de 10% nos últimos 12 meses.

Desta forma, em mais um mês consecutivo, os ativos atrelados à inflação registraram um desempenho pior. O IMA-B, índice que mede a rentabilidade dos títulos públicos atrelados ao IPCA, teve retorno levemente negativo neste mês de setembro. Já os retornos dos títulos de renda fixa do mercado brasileiro demonstraram queda de 0,33%, segundo o índice IRF-M.

No ano, a variação dos dois índices é negativa em mais de 2%, um retrato da deterioração das expectativas nos ativos de renda fixa.

Os ativos de renda variável naturalmente sentiram os impactos de todas as preocupações. O índice S&P 500 fechou setembro com queda de 4,8%, depois de sete meses de alta. Entretanto, o retorno acumulado no ano pelo índice americano é de 14,7%. Localmente, o Ibovespa apresentou queda mais acentuada, de 6,6%.

Sem a gordura acumulada pelas bolsas internacionais, o índice brasileiro fechou nove meses com baixa acumulada de 6,8%. Embora acreditemos que a volatilidade se manterá nos próximos meses, projetamos uma queda da inflação à frente e que as curvas de juros voltarão a patamares inferiores. Com isso, recomendamos a manutenção dos pesos em cada posição indicada no último mês.

Apesar da volatilidade no curto prazo, o Safra recomenda a manutenção das posições indicadas no último mês, conforme o gráfico abaixo.

Confira a íntegra do Safra Report aqui.

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