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Era Biden começa com foco em vacinas e empregos

Joe Biden assume hoje com missão de unir os americanos, combater pandemia e recolocar país nas mesas de negociações internacionais

Biden e Kamala homenagem aos mortos da covid-19

Presidente eleito Joe Biden e vice Kamala Harris prestaram homenagem às 400 mil vítimas da covid-19 nos EUA, na véspera da posse / Foto: Divulgação

A posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 20, marca uma reorientação da ordem democrática global. Com Biden, os Estados Unidos devem deixar de flertar com líderes autoritários e populistas, e o país deve abandonar o isolacionismo e voltar à mesa de negociações internacionais.

A vice-presidente Kamala Harris, primeira mulher e primeira negra a chegar à Casa Branca, também muda o rumo da política americana.

Em novembro, 81,2 milhões de americanos votaram na chapa democrata, que representa o avesso do que foi o governo Donald Trump. Foi o maior número de votos da história do país.

Trump atacou as instituições, inflamou a população e rompeu relações com aliados. Biden, uma saída de centro costurada dentro de seu partido, promete valorizar as instituições democráticas – ainda sob influência do ataque inédito ao Capitólio – e a dialogar com opositores.

O democrata promete privilegiar a ciência para resolver questões de saúde ou de clima e buscar saídas multilaterais no palco global.

Aos 78 anos, Biden assume também com a promessa de ser um presidente de transição, de um mandato só. O futuro seria representado por Kamala Harris.

Primeiras medidas

Assim que assumir o cargo, o democrata planeja assinar uma série de ordens executivas que confirmam sua ambição de promover uma guinada no país ao desfazer ações de Trump.

O novo governo deve derrubar o veto imigratório de países de maioria muçulmana, começar a recolocar o país no Acordo Climático de Paris e tornar obrigatório o uso de máscara em prédios federais e viagens interestaduais – todas decisões contrárias às impostas por Trump.

Já nos primeiros dias, Biden planeja enviar ao Congresso o pacote de socorro de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10,8 trilhões) para alívio da economia e um projeto de reforma imigratória que garanta direitos aos que chegaram ao país ilegalmente.

Seu maior desafio será apresentar resultados rápidos em meio a uma emergência sem precedentes. Para isso, quer aprovar o pacote econômico trilionário que não é consensual.

Na véspera da posse do democrata, os EUA ultrapassaram a marca de 400 mil mortos por covid-19, com mais de 24 milhões de infectados. Os dados de desemprego continuam desoladores.

Na semana passada, o Departamento de Trabalho informou que os pedidos de auxílio-desemprego nos Estados superaram a marca de 1 milhão desde julho, quando a economia dava sinais de recuperação.

Biden tem na lista de desafios imediatos a distribuição de vacinas para ampliar a velocidade de imunização da população, a tentativa de controle das novas ondas de contágio e a aprovação, no Congresso, de um pacote econômico de apoio a empregados e empregadores durante a pandemia.

Entre as medidas sanitárias, o democrata assinará uma ordem executiva que torna o uso de máscaras em propriedades federais e viagens interestaduais obrigatório. Ele também promete restringir viagens internacionais – e deve rever a liberação, pelo governo Trump, da entrada de viajantes do Brasil e de parte dos países europeus.

O pacote de US$ 1,9 trilhão (cerca de R$ 10,8 trilhões) engloba auxílio econômico aos americanos e verba para mais exames e distribuição de vacinas da covid-19.

Os EUA já possuem dois imunizantes autorizados para uso emergencial pela agência que regula medicamentos. As vacinas aplicadas nos EUA são as produzidas pelas farmacêuticas Pfizer e Moderna.

O socorro de Biden prevê assistência única de US$ 1,4 mil (R$ 7,5 mil) aos americanos e salário-desemprego suplementar de US$ 400 (R$ 2.140) semanalmente, além de recursos aos Estados para reforçar o plano de distribuição das vacinas.

Esquema de segurança inédito

A posse presidencial americana costuma ser um dia de festa. Centenas de milhares de americanos formam um mar de gente nos gramados do National Mall, em Washington, para assistir ao juramento do novo presidente.

Neste ano, a cena será diferente. Por medo de atos violentos, o entorno do Congresso americano está bloqueado por cercas, barreiras de concreto e forças policiais.

Doze homens da Guarda Nacional foram afastados na terça-feira, 19, da operação de segurança para a cerimônia de posse, dois deles por possíveis ligações com grupos de extrema direita, informou o Departamento de Defesa.

O medo de um ataque possibilitado por algum radical infiltrado nas forças de segurança fez a inteligência americana revisar as fichas dos soldados enviados à capital.

Duzentas mil bandeiras dos EUA foram colocadas no National Mall, para representar os americanos que não poderão assistir a Joe Biden e sua vice, Kamala Harris, prestarem o juramento em frente ao Congresso.

A equipe do democrata já buscava maneiras de evitar aglomerações na posse, em razão da pandemia de coronavírus que já matou quase 400 mil pessoas nos EUA.

Mas a restrição absoluta de entrada no entorno do Mall foi tomada após a invasão do Capitólio por extremistas que apoiam Donald Trump e diante do risco de ataques ou protestos violentos.

No centro da capital, há mais soldados do que civis nas ruas. A cidade foi dividida em zonas. Capitólio, Casa Branca, Suprema Corte e toda a região dos monumentos estão na zona vermelha, onde o tráfego de veículos não é permitido até mesmo para moradores das ruas bloqueadas. A passagem tem de ser feita a pé e, por vezes, após abordagem de um policial.

O número de membros da Guarda Nacional na capital supera a soma de tropas americanas no Afeganistão. Há ainda agentes do serviço secreto – responsável pela segurança do evento –, do FBI, do Departamento de Polícia Metropolitana de Washington, a polícia do Capitólio e a polícia de Parques do país.

Biden planejava viajar nesta quarta-feira, 20, de trem de Wilmington (Delaware), onde vive, para a posse em Washington. Ao longo de toda a carreira como senador, ele continuou a morar no Estado onde cresceu e ficou conhecido por fazer o trajeto de uma hora e meia de casa ao trabalho de trem.

O hábito lhe rendeu o apelido de Amtrak Joe, em referência ao nome da estatal ferroviária americana, e a estação de Wilmington leva seu nome, estampado em uma placa de ferro logo na entrada.

Mas a segurança fez o democrata mudar os planos. Biden aceitou dormir na Blair House, a residência de hóspedes da Casa Branca, na noite que antecede a posse, mas manteve o juramento diante do Congresso, como é habitual.

As bolsas de Nova York fecharam o pregão de terça-feira, 19, em alta, na véspera da posse de Joe Biden. Na volta do feriado de Martin Luther King, o Dow Jones avançou 0,38%, a 30.930,52 pontos, o S&P 500 subiu 0,81%, a 3.798,91 pontos, e o Nasdaq registrou ganho de 1,53%, a 13.197,18 pontos.

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