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Ernane Galvêas, ex-ministro da Fazenda, morre aos 99 anos no Rio

Galvêas foi o último chefe da economia na ditadura militar e ocupou a presidência do Banco Central em dois períodos (1968-1974 e 1979-1980)

Ernane Galvêas, de terno preto e gravata listrada, sorrindo levemente de frente com fundo branco

Economista Ernane Galvêas se submeteu a uma cirurgia na garganta no início desta semana, porém, a família não autorizou o Hospital Samaritano a divulgar as causas da morte | Foto: Wikimedia Commons

Morreu nesta quinta-feira, 23, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Ernane Galvêas, aos 99 anos.

Ele estava no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro. No início da semana, o economista se submeteu a uma cirurgia na garganta, porém, a família não autorizou o hospital a divulgar as causas da morte.

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Joaquim Levy, ex-ministro da Fazenda e diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercados do Banco Safra, lamentou profundamente a morte de Galvêas.

“Sua carreira foi exemplar, começando, como ele gostava de contar, no Banco do Brasil da era Vargas e tendo um papel muito importante na manutenção da estabilidade da economia brasileira, em meio à turbulência causada pela guerra contra a inflação americana conduzida pelo Fed de Volker, no começo dos anos 1980. Uma pessoa de grande vitalidade e carinho, continuava trabalhando até recentemente”.

Levy acrescentou que inúmeros economistas reconhecem em Ernane Galvêas um exemplo de profissionalismo e urbanidade.

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, também manifestou pesar pelo falecimento do ex-ministro.

“Ernane Galvêas é uma referência para e economia e para a história brasileira e seguirá como um exemplo de homem público, economista e profissional para esta e as futuras gerações. A dedicação e os esforços para resolver os problemas da economia brasileira marcaram suas passagens pelo ministério da Fazenda e pelo Banco Central. Sua relação com o sistema financeiro completa oito décadas este ano: em 1942 prestou concurso para o Banco do Brasil onde começou a trabalhar em uma agência no bairro carioca do Méier. Fará muita falta ao país, mas seu legado permanecerá. Aos familiares, amigos e admiradores, em nome da Febraban expressamos nosso pesar”.

Nascido em 1º de outubro de 1922, em Cachoeiro do Itapemirim (ES), Galvêas foi presidente do BC por dois períodos (1968-1974 e 1979-1980) e ministro da Fazenda de janeiro de 1980 a março de 1985.

Logo, ele ocupou a chefia do Ministério da Economia nos últimos anos da ditadura militar, durante o governo de João Figueiredo.

Com a chegada de José Sarney à presidência da República, ele foi substituído por Francisco Dornelles.

Desde 1991, Ernane Galvêas passou a ocupar o cargo de consultor econômico da Confederação Nacional de Comércio (CNC).

Ele também foi professor universitário na Faculdade de Ciências Econômicas da Guanabara, e na Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro.

Formação e ingresso de Ernane Galvêas no setor público

Galvêas ingressou no Banco do Brasil em 1942, tornando-se em 1953 chefe adjunto do Departamento Econômico da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc).

No ano seguinte realizou curso de extensão em política monetária no Centro de Estudos Monetários Latino-Americanos no México. Em 1956, concluiu o curso de Economia e, em 1964, o curso de Direito.

Estudou no Economic Institute, em Wisconsin, nos Estados Unidos, e em 1959 na Yale University, em Connecticut, instituição na qual obteve o grau de mestre.

Em 1961,o economista deixou a Sumoc para tornar-se assessor econômico do Ministério da Fazenda, permanecendo na função até 1966, durante os governos Jânio Quadros, João Goulart e Castelo Branco.

Também em 1961, integrou a delegação brasileira que esteve presente à reunião do Conselho Interamericano Econômico Social da Organização dos Estados Americanos (OEA), em que foi criada a Aliança para o Progresso.

Em 1962, Ernane Galvêas foi contratado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e participou de uma equipe de técnicos latino-americanos incumbida de elaborar um estudo sobre o financiamento das exportações de bens de capital.

Integrou os conselhos deliberativos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab). (Com Agência Brasil)

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