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Eventos climáticos extremos marcaram 2021

Chuvas na Bahia, seca no Sudeste e tempestades com nuvens de poeira e fuligem são exemplos de eventos climáticos que marcaram 2021

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Chuvas acima da média causam destruição e evidenciam prejuízos das mudanças climáticas | Foto: Getty Images

As mudanças climáticas marcaram o ano de 2021 com a ocorrência de tragédias ambientais como as enchentes na Bahia, as nuvens imensas de poeira no Sudeste e queimadas no Pantanal e Amazônia. No mundo inteiro as mudanças do clima causaram destruição e despertaram a atenção para os alertas de cientistas sobre o aquecimento global.

Especialistas em meteorologia e clima apontam a influência de diversos fatores sobre a tradicional Zona de Convergência do Atlântico Sul, descrita pelo Inmet como um dos principais sistemas meteorológicos responsáveis pela reposição hídrica em parte do Brasil no período chuvoso.

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Em geral, o fenômeno tem como característica a persistência de nuvens que ficam praticamente estacionadas, provocando muita chuva por dias consecutivos.

Esse fenômeno costuma formar um corredor de umidade que se estende desde partes da região Norte ao Sudeste do Brasil e ao oceano Atlântico Sul, passando também pelo Nordeste.

Este ano, o fenômeno e seus efeitos na Bahia podem ser considerados atípicos e extremos, afirma o meteorologista Willy Hagi, da consultoria Meteonorte, pioneira no setor climático no Amazonas.

Eventos climáticos causaram maior seca no Rio Paraná em 77 anos e enchentes na Bahia

Para especialistas, há pelo menos três fatores que podem ser associados à alta intensidade das chuvas recentes na Bahia: o fenômeno La Niña, a depressão subtropical e o aquecimento global.

O La Niña provocou chuvas fortes e abundantes, aumento do fluxo dos rios e inundações no Norte e no Nordeste do Brasil – e seca no Sul do país.

No início de dezembro, fortes chuvas já haviam afetado o sul da Bahia, deixando ao menos 24 cidades da região em situação de emergência.

A seca do Rio Paraná, que atinge Argentina, Brasil e Paraguai, também é citada pelos especialistas como exemplo de evento climático extremo, apesar de não ter tido seu prejuízo financeiro mensurado. O rio está no seu nível mais baixo em 77 anos.

A seca que provocou a pior crise hídrica em um século teve forte repersusão na inflação, ao exigir a produção de energia térmica, mais cara que a energia gerada nas hidrelétricas.

Queimadas agravam a situação ambiental

Nem todos os eventos climáticos extremos são causados ou vinculados às mudanças climáticas, embora os cientistas venham investigando essas conexões.

Este ano, após a seca e queimadas na região Centro-Oeste e Sudeste, fortes temporais provocaram intensas nuvens de poeira e fumaça.

Em agosto, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU citou esses fenômenos em um relatório de avaliação. Em relação aos furacões e ciclones tropicais, os autores disseram ter evidências de que a intensidade desses eventos foi influenciada pela ação humana.

“A proporção de ciclones tropicais intensos, velocidades médias de vento de ciclone tropical e velocidades de vento de pico dos ciclones tropicais mais intensos aumentará em escala global com o aumento do aquecimento global”, assinalou o estudo.

Apenas algumas semanas após o lançamento desse relatório, o furacão Ida atingiu os Estados Unidos, causando enormes prejuízos. Segundo a ONG Christian Aid, foi o evento climático mais destrutivo do ano em termos financeiros.

O furacão fez com que milhares de moradores na Louisiana fossem evacuados. A tempestade trouxe fortes chuvas em vários Estados e cidades, com Nova York emitindo um alerta de emergência de inundação pela primeira vez. Cerca de 95 pessoas morreram, com perdas econômicas estimadas em US$ 65 bilhões.

Catastrofes globais associadas ao clima já causaram prejuízos de mais de US$ 100 bilhões

O segundo evento financeiro mais caro foram as inundações generalizadas na Alemanha, França e outros países europeus em julho. A velocidade e a intensidade da água sobrecarregaram as estruturas de defesa e 240 pessoas morreram. Os danos registrados foram de cerca de US$ 43 bilhões.

No estudo, a maioria dos eventos climáticos da lista ocorreu em países desenvolvidos. Isso porque é mais fácil estimar as perdas financeiras através de sinistros de seguro, geralmente disponíveis em países mais ricos, onde as pessoas podem pagar por apólices de suas casas e negócios.

Segundo a seguradora Aon, é provável que 2021 seja a quarta vez em cinco anos que catástrofes naturais globais custam mais de US$ 100 bilhões.

Nas negociações climáticas globais da Cúpula do Clima da ONU em Glasgow (COP26), na Escócia, a questão de financiamento para perdas e danos causados por eventos relacionados ao clima foi um dos principais temas abordados. (Com agências)

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