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À beira do calote, Evergrande cria comitê de risco e pede cautela a investidores

Bolsas da Ásia fecharam em queda após o alerta sobre possível calote da gigante imobiliária Evergrande, que deve mais de US$ 300 bilhões

Evergrande

As ações da Evergrande caíram 19,56% em Hong Kong, ao menor nível desde 2010, após alerta sobre calote | Foto: Getty Images

O grupo Evergrande alertou para um possível calote de títulos em dólares após ter cobrada a pagar US$ 260 bilhões em obrigações de dívida. As preocupações com a quebra da gigante imobiliária que deve mais de US$ 300 bilhões levou as bolsas da Ásia a fecharem em queda nesta segunda-feira, 6, em meio às preocupações com o avanço da variante ômicron do coronavírus.

Em comunicado à Bolsa de Hong Kong, a empresa informou que acaba de criar um Comitê de Gestão de Risco. Entre os membros do comitê, estão lideranças da própria companhia e de outras empresas, e o grupo deverá buscar “mitigar e eliminar futuros riscos” atrelados aos negócios da incorporadora, diz o comunicado, que recomendou “cautela” aos investidores ao negociarem títulos da empresa.

“À luz do atual status de liquidez do grupo, não há garantia de que o grupo terá fundos suficientes para continuar a cumprir suas obrigações financeiras”, disse Evergrande, em um comunicado na sexta-feira.

O período de carência de 30 dias para US$ 82 milhões em pagamentos de cupons de títulos onshore e offshore com vencimento em 6 de novembro também está expirando, de acordo com a empresa de pesquisa de dívidas CreditSights.

Evergrande pediu ajuda ao governo chinês e alertou sobre risco de calote

A incorporadora listada em Hong Kong solicitou ajuda do governo chinês, com o governo da província de Guangdong enviando uma equipe de trabalho para ajudar a empresa a gerenciar seus riscos.

Os prospectos de um possível calote levaram a ação da empresa a desabar 19,56% em Hong Kong, ao menor nível desde 2010. Com isso, o índice Hang Seng, referência na bolsa do território semiautônomo chinês, encerrou o pregão em baixa de 1,76%, a 23.349,38 pontos.

O papel da Alibaba recuou 5,61%, após a gigante de tecnologia anunciar reestruturação e trocar o comando de sua equipe financeira. Companhias chinesas listadas em Nova York seguiram sob pressão, depois que a Didi Global anunciou que deixaria Wall Street, em meio ao cerco de Pequim.

Na China continental, Shangai cedeu 0,50%, a 3.589,31 pontos, enquanto Shenzhen, de menor abrangência, perdeu 1,22% a 2.495,50 pontos. Em Taiwan, o Taiex caiu 0,05%, a 17.688,21 pontos.

No Japão, o índice Nikkei baixou 0,36%, a 27.927,37 pontos. SoftBank, que tem exposição considerável a empresas como Alibaba e Didi, despencou 8,20%.

Na contramão, o Kospi subiu 0,17%, a 2.973,25 pontos, em Seul. Os ganhos no setor de eletrônicos ofuscaram os temores quanto à variante Ômicron do coronavírus, que foi confirmada na Coreia do Sul e levou o país a endurecer restrições de viagens.

Banco do Povo reduz compulsório

O Banco do Povo da China (PBoC) anunciou, nesta segunda-feira, 6, corte de 50 pontos-base na taxa de compulsório bancário (RRR, na sigla em inglês), com efeito a partir de 15 de dezembro. Com a redução, a taxa média em vigor fica em 8,4%, de acordo com comunicado divulgado.

A decisão marca a primeira queda da RRR chinesa desde julho. Segundo a instituição, no entanto, a medida é uma “operação regular” e não muda a orientação “prudente” da política monetária. A estimativa é de que a mudança no compulsório libere até 1,2 trilhão de yuans em liquidez.

O PBoC garante que não pretende recorrer à “inundação” de estímulos à economia e ressalta que o objetivo é fortalecer ajustes cíclicos, “otimizar a estrutura de capital das instituições financeiras, melhorar a capacidade dos serviços financeiros e apoiar melhor a economia real”.

O banco acrescenta que a redução do RRR diminuirá os custos de financiamento para instituições financeiras em cerca de 15 bilhões de yuans, além de aumentar o apoio a micro, pequenas e médias empresas. (AE)

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