Evergrande: presidente de banco chinês fala em ‘prevenir risco sistêmico’
Dívida da incorporadora acumula mais de US$ 300 bilhões e coloca o crescimento econômico da China em risco, diz Yi Gang
17/10/2021O presidente do Banco do Povo da China (PBoC, na sigla em inglês), Yi Gang, afirmou neste domingo, 17, que as autoridades do país asiático têm agido para evitar o contágio da crise de liquidez enfrentada pela incorporadora Evergrande em outras empresas do setor imobiliário.
Dessa forma, segundo o dirigente, é possível prevenir o risco sistêmico.
Durante o seminário anual do G30, realizado de forma virtual, Yi Gang disse que apenas um terço dos passivos da Evergrande são detidos por instituições financeiras. No total, a empresa chinesa acumula mais de US$ 300 bilhões em dívidas.
Presidente do PBoC diz que dívida causa preocupação
“Causa preocupação e ampla discussão”, respondeu o dirigente a uma pergunta sobre a crise da Evergrande.
Em um discurso no começo do evento, Yi Gang havia afirmado, sem mencionar diretamente a incorporadora imobiliária, que o risco de calote de “certas empresas” era um dos desafios para o crescimento econômico da China.
A incorporadora imobiliária China Properties Group informou nesta sexta-feira, 15, em comunicado à Bolsa de Hong Kong, que deu um calote no pagamento de bonds (títulos de dívida) que venciam hoje.
Assim, a empresa deixou de pagar US$ 226 milhões (R$ 1,2 bilhão) de uma emissão de notas seniores a investidores.
A emissão, realizada em 11 e 15 de outubro pela Cheergain Group, uma subsidiária da China Properties, tinha prazo de três anos e taxa de 15%.
Alta de preços deve seguir no mercado chinês
O presidente do PBoC afirmou também que os preços ao produtor no país asiático devem continuar altos por mais alguns meses. Durante o seminário anual do G-30, realizado de forma virtual, o dirigente também disse que a inflação ao consumidor, por outro lado, tem se mantido “moderada”.
Em setembro, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da China subiu 10,7% no acumulado em 12 meses, a maior alta desde 1996, quando as autoridades chinesas começaram a divulgar o dado.
Segundo Yi Gang, em geral, a economia da China está “indo bem”. Ele disse que o ritmo da retomada, após os efeitos mais severos da pandemia de covid-19, se moderou “um pouco”, mas que a tendência de recuperação se manteve.
Sobre a economia global, o dirigente afirmou que os riscos vêm da alta de preços, dos gargalos nas cadeias produtivas e da crise energética. (AE)