Fed eleva taxa de juros em 0,50 ponto percentual, maior alta em 22 anos
Banco central dos Estados Unidos define intervalo da taxa de juros de 0,75% a 1% ao ano, na busca pela contenção da inflação
04/05/2022Depois de realizar o primeiro aumento em quatro anos, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevou nesta quarta-feira, 4, o intervalo da taxa de juros do país para 0,75% e 1%.
O aumento sobre o intervalo anterior, que foi definido em março, é de 50 pontos-base (0,50 ponto percentual) e representa a maior elevação para os juros americanos desde o ano 2000.
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Em comunicado oficial, a autoridade monetária “prevê que os aumentos contínuos” do intervalo da taxa de juros como os desta quarta “na faixa-alvo serão apropriados”. A íntegra do comunicado do Fomc, o comitê do Fed que define a política de juros, pode ser lida neste link.
O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que “há ampla avaliação” entre os dirigentes do Fomc de que novos aumentos de 50 pontos-base à taxa básica de juro “estão na mesa” para as próximas reuniões do BC americano.
Ele ainda acrescentou que subir o juro em 75 pontos-base não é algo que o Fomc está “ativamente considerando” por enquanto. Segundo ele, com as ações planejadas pelo Fed, a inflação deve baixar e a economia ter um “pouso suave”.
A decisão da autoridade monetária está em linha com o esperado pelo mercado, uma vez que a inflação nos EUA tem acelerado no maior ritmo em 40 anos e os juros são uma ferramenta essencial no combate à escalada dos preços.
Além disso, o PIB da maior economia do mundo sofreu uma retração inesperada de 1,4%, o que colocou ainda mais pressão sobre o Federal Reserve.
Roberto Coutinho, gestor de fundos e fundador da Escola da Fortuna, projeta até sete altas seguidas nos juros nas próximas reuniões do Fomc, até que os juros alcancem o patamar de 2% a 2,25%.
O ciclo longo, segundo ele, é necessário um ciclo longo de aperto monetário por parte do Fed para que a desaceleração econômica americana não agrave.
“À medida que as empresas americanas estão liberando os resultados do primeiro trimestre, já é possível perceber que grande parte delas está apresentando forte desaceleração, bem como um descontrole nos custos operacionais causados pela alta inflação”, explica Coutinho.
“Dessa forma, passa a ser muito perigoso se o Fed elevar a taxa de juros rápido demais no intuito de controlar a inflação e, e ao mesmo tempo, ter que sofrer as consequências de uma desaceleração econômica ainda mais intensa. É preciso bastante cautela com essa elevação”, complementa.
Detalhes da decisão do Fed sobre os juros
No comunicado, o Fed observa que “embora a atividade econômica geral tenha diminuído no primeiro trimestre, os gastos das famílias e o investimento fixo das empresas permaneceram fortes”.
Porém, a instituição lembra que “a inflação permanece elevada, refletindo desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, preços mais altos de energia e pressões mais amplas sobre os preços”.
Adicionalmente, o Fed cita em sua decisão impactos negativos da guerra entre Rússia e Ucrânia e os lockdowns na China devido aos novos surtos de covid-19.
“A invasão da Ucrânia pela Rússia está causando enormes dificuldades humanas e econômicas. As implicações para a economia dos EUA são altamente incertas. A invasão e os eventos relacionados estão criando uma pressão ascendente adicional sobre a inflação e provavelmente pesarão sobre a atividade econômica. Além disso, os bloqueios relacionados à covid na China provavelmente exacerbarão as interrupções na cadeia de suprimentos. O Comitê está altamente atento aos riscos inflacionários”, informou o Fed.
Redução do balanço patrimonial
Além da elevação dos juros, o Fed anunciou o início da redução do balanço patrimonial a partir de 1º de junho.
Desde o início da pandemia de covid-19, o Fed passou a comprar títulos de instituições financeira para manter as taxas de juros baixas e dar liquidez à economia dos EUA.
Porém, o aumento dos preços, que atingiu 6,6% em março, exigiu uma atitude mais firme por parte da autoridade monetária, que tem como uma de suas missões o controle da inflação.
A meta para a inflação nos Estados Unidos estipulada para o Fed é de 2% ao ano.