Federal Reserve mantém taxa de juros pela sétima vez consecutiva
Segundo a projeção do Banco Safra, o FED deve iniciar o ciclo de redução da taxa de juros apenas no segundo semestre
12/06/2024
A inflação mostra sinais de arrefecimento e o mercado passou a precificar um cenário mais benigno para os juros | Foto: Getty Images
O Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fed) manteve inalteradas as taxas de juros de referência dos Estados Unidos (EUA) nesta quarta-feira. Pela sétima reunião consecutiva, a taxa foi mantida no intervalo entre 5,25% e 5,50%.
Segundo a projeção do Banco Safra, o FED deve iniciar o ciclo de redução da taxa de juros apenas no segundo semestre. No comunicado ao mercado, o Federal Reserve informa que avaliará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas e o equilíbrio dos riscos para decidir sobre os próximos passos da política monetária.
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O Comitê destacou que não considera apropriado reduzir o juro até ganhar maior confiança de que a inflação está evoluindo para a meta, e continuará a reduzir as suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos garantidos por hipotecas. Segundo o comunicado, o Comitê continua fortemente empenhado em fazer com que a inflação regresse ao seu objetivo de 2% ao ano.
O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos em maio veio abaixo do esperado e o mercado passou a precificar um cenário mais benigno para os juros americanos no segundo semestre. Segundo o levantamento do CME Group, os investidores agora veem chance de que o Fed inicie o ciclo de flexibilização monetária em setembro, ou que realize dois cortes de 0,25 ponto percentual ainda em 2024.
O mercado precifica 60,8% de chance do Fed efetivar o primeiro corte em setembro. E 25,9% avaliam que os juros permaneçam na faixa de 5,25% a 5,5%. Antes da decisão do Fed, os percentuais eram de 46,8% e 47,2%.
Eduardo Yuki, Superintendente Executivo de Economia do Banco Safra, destaca que a economia mundial apresenta sinais de arrefecimento, conforme esperado pelo fim dos estímulos fiscais e aumento da taxa de juros nos últimos anos.
“Nos EUA, o consumo das famílias a preços constantes cresceu apenas 0,4% ao longo desse ano, o que representa uma expansão média de apenas 0,1% ao mês. Esse desempenho reflete o modesto aumento da renda disponível para consumo em 0,3% acumulado nos últimos quatro meses e a retração do saldo de crédito bancário”, avalia Yuki.
As encomendas desaceleraram e a demanda por novos trabalhadores apresentou pequena queda, especialmente com a redução das vagas em aberto, segundo o economista. O ajuste gradual do mercado de trabalho tem colaborado para o menor ritmo de crescimento dos salários e, consequentemente, para a redução das pressões inflacionárias.
2024: maior impasse entre um e dois cortes

O gráfico de pontos (dots) com as projeções de taxas de juros dos membros do FOMC, mostra uma expectativa mais tímida de cortes do que o consenso do mercado pré-reunião. A projeção revelou opiniões mais divididas sobre um ou dois cortes de 0,25 ponto neste ano. A mediana aponta apenas uma redução em 2024, com a taxa reduzida para 5,25% a 5,50%.
A expectativa do mercado, contudo, era de dois cortes ainda em 2024, com a taxa reduzida para a faixa de 5,00% a 5,25%. As perspectivas do FOMC, que chegaram a apontar três cortes em março, nas projeções trimestrais, indicam uma tendência de desaceleração. Para os próximos anos, os “dots” indicam quedas. A mediana projetada pelos membros indica uma taxa de juros entre 4,00% e 4,25% em 2025 e de 3,00% a 3,25% em 2026.
Impacto na taxa de juros no Brasil
Sobre os juros no Brasil, Eduardo Yuki avalia que a taxa básica de juros deve cair para 10,25% até dezembro (a taxa atual é de 10,50% ao ano). “Não obstante a Selic estar em terreno restritivo, alteramos nossa expectativa para apenas mais uma redução da taxa Selic nesse ano, na ausência de mudanças nas expectativas do Focus ou sinalização do BCB, deixando-a em 10,25% no final de 2024.
A próxima reunião do Copom será nos dias 18 e 19 de junho, mas a expectativa é a de que os juros atuais sejam mantidos. “O Banco Central do Brasil poderá voltar a cortar a Selic após um período de pausa, possivelmente na esteira do eventual relaxamento da política monetária americana e na ausência de efeitos mais profundos ou persistentes do desastre no Rio Grande do Sul sobre a inflação, mas isso talvez só aconteça no ano que vem”, destaca o economista do Banco Safra.

