Federal Reserve vê retomada antes do previsto
Presidente do Fed, Jerome Powell, diz que aumento de juros está longe e que recuperação tem sido mais rápida do que o esperado
14/01/2021O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, afirmou que a economia dos Estados Unidos pode retomar o nível de atividade pré-pandemia “muito antes” do que o previsto. Durante um evento virtual organizado pela Universidade de Princeton, o dirigente ressaltou que a política fiscal tem sido fundamental na crise.
De acordo com Powell, a dívida pública americana está crescendo em ritmo mais rápido do que a economia atualmente, o que ele considera “insustentável”. Porém, o dirigente afirmou que o nível total da dívida é sustentável. Powell negou que a dívida pública americana afete a política monetária.
“Estou otimista sobre a economia dos EUA nos próximos anos”, afirmou Powell, ao mencionar o início da vacinação contra a covid-19 no mundo.
O dirigente também declarou que o Fed “leva muito a sério” o estudo das moedas digitais e que a instituição ainda está nos estágios inicias de compreensão dos riscos financeiros que as mudanças climáticas podem representar.
Alta de juros ainda está distante
O presidente do Federal Reserve afirmou que o momento de aumentar os juros não está “nem um pouco próximo”. E que a instituição não irá mais apertar a política monetária.
De acordo com Powell, os Estados Unidos ainda estão “a um longo caminho” de alcançar o pleno emprego, uma das metas da autoridade monetária, juntamente com a estabilidade dos preços.
O dirigente declarou que uma alta de juros será necessária apenas se o nível de emprego começar a gerar pressão inflacionária ou outros desequilíbrios.
Powell também disse que o Fed não sente pressão de dominância financeira no momento. Segundo ele, a alavancagem no setor privado não está fora de controle e não há aumento nas falências.
Metas de inflação
O presidente do Federal Reserve afirmou que há muitas evidências de que os participantes do mercado têm ajustado as expectativas de inflação desde que a instituição adotou a nova meta, em agosto do ano passado.
O dirigente disse que a recuperação econômica prevista para 2021 pode pressionar os preços, mas ponderou que essa dinâmica não muda de forma rápida. “A inflação muito baixa é um problema muito maior a ser resolvido”, declarou Powell.
Em agosto de 2019, o Fed adotou uma nova meta de inflação média. Dessa forma, a instituição irá deixar a inflação ultrapassar 2% por algum tempo para compensar períodos em que esteve abaixo desse nível.
“As expectativas de inflação precisam estar bem ancoradas em 2%”, frisou o dirigente. Segundo Powell, a mudança na meta foi necessária devido ao cenário, pós-crise financeira de 2008, no qual os juros são mais baixos do que foram no passado mesmo em “tempos bons”. (AE)