Demanda global robusta por carnes favorece ações dos frigoríficos
O Safra vê um forte segundo semestre de 2024 e início de 2025 para os frigoríficos, mas as margens vão começarão a convergir para médias históricas no ano que vem
12/09/2024
Safra mantém JBS como principal escolha do setor devido ao seu sólido histórico de execução, diversificação e geração de fluxo de caixa livre | Foto: Getty Images
Após uma forte recuperação dos lucros nos últimos trimestres no setor de alimentos e bebidas, o Banco Safra vê perspectiva positiva contínua para o futuro baseada em um equilíbrio favorável entre a oferta e a demanda, custos sob controle e, consequentemente, altas coberturas proteicas.
O equilíbrio entre a oferta e a procura deverá permanecer favorável para as empresas de embalagem de carne, uma vez que a procura global de proteínas permanece robusta e não há sinais de aumento significativo da oferta.
Os preços dos grãos devem permanecer bem comportados, segundo a análise do Safra, já que as colheitas recentes têm sido bastante robustas até agora (há um risco crescente da atual seca severa no Brasil impactando as próximas safras), especialmente no hemisfério norte.
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Os custos de gado divergem significativamente por região, com uma tendência crescente esperada para os próximos trimestres nos EUA, estabilidade na América do Sul e alguma potencial queda na Austrália.
Como resultado, os analistas do Banco Safra enxergam uma perspectiva positiva contínua para os spreads, embora acreditem que as margens de frangos e suínos estão em níveis próximos do pico, assim como bovinos.
O Safra ainda vê um forte segundo semestre de 2024 e início de 2025, mas as margens provavelmente começarão a convergir para médias históricas até meados do próximo ano.
Considerando esse contexto, o Safra está incorporando resultados recentes e ajustando nossas estimativas, mantendo a JBSS3 como principal escolha do setor devido ao seu sólido histórico de execução, diversificação e geração de fluxo de caixa livre.
O Safra também atualizou a BRFS3 para Compra em um forte momento de resultados e dividendos potencialmente altos.
JBS
O Safra aumentou o preço alvo para JBSS3 para R$ 50,00 por ação (a partir de R$ 32,00), mantendo uma recomendação de Compra e o status de melhor escolha no setor, com base em uma forte combinação de diversificação geográfica e de produtos, histórico de execução, geração sólida de fluxo de caixa livre, e impulso de ganhos favoráveis.
Os spreads de carne de frango e de porco devem impulsionar os resultados da Seara, PPC e dos EUA, enquanto as operações de carne bovina do Brasil e da Austrália se beneficiam de um suprimento favorável de gado.
Os resultados positivos nessas regiões devem compensar as fracas margens da carne bovina dos EUA, pelo menos até meados de 2025, na nossa opinião. Adicionalmente, a possibilidade da proposta de dupla listagem se materializar no curto prazo representa uma interessante opcionalidade para o caso.
BRF
O Safra aumentou significativamente as estimativas e Preço Alvo devido aos recentes resultados fortes e uma perspectiva
positiva contínua para os spreads, elevando a recomendação de BRFS3 para Compra com um novo Preço Alvo de R$ 29 por ação (a partir de R$ 17,50) e um rendimento de dividendo de 13,6% (35% retorno total), pois acredita que o forte impulso dos lucros deve persistir apesar das margens próximas do pico.
A BRF tem apresentado resultados surpreendentes com uma expansão significativa da margem, impulsionada por um equilíbrio global de oferta e demanda, com ciclos favoráveis para o setor avícola e suíno.
De agora em diante, embora veja pouco espaço para uma expansão da margem, o Safra considera que o momento de resultados deve sustentar um forte EBITDA e fluxo de caixa e permitir dividendos potencialmente altos, fazendo com que as estimativas de consenso pareçam muito conservadoras para 2024 e 2025.
Marfrig
O Safra mantém recomendação de Compra para MRFG3 com um novo preço alvo de R$ 19,00 por ação (antes de R$ 15), pois continua vendo uma equação de risco-retorno positiva, impulsionada pelo forte desempenho dos dois BRF, que deve compensar as fracas margens em Bovinos nos EUA, e a contínua redução de risco da tese da Marfrig devido às vendas de ativos e ao aumento do fluxo de caixa, já que deverá começar a receber dividendos da BRF.
Além disso, uma potencial fusão entre ambas as empresas traz incertezas significativas, mas, se acontecer, não acreditamos em um resultado negativo para os acionistas da Marfrig.
Minerva
O Safra mantém a classificação neutra no BEEF3 com um novo Preço Alvo de R$ 8,00 por ação (antes de R$ 9,00), pois vê
desafios futuros em relação à consolidação dos ativos da Marfrig. O banco espera que o ciclo atualmente favorável do gado comece a reverter no segundo semestre de 2024, considerando que o abate de vacas se aproximando de um pico.
Apesar de sua sólida execução com robusta geração de fluxo de caixa, o Safra vê um perfil de risco mais elevado para o estoque, considerando o aumento da alavancagem financeira após o pagamento integral dos ativos adquiridos pela Marfrig, especialmente se a reversão do ciclo bovino for confirmada.
Riscos:
Alguns dos principais riscos apontados pelo Safra para as ações dos frigoríficos são:
- (i) demanda global por proteína;
- (ii) condições climáticas e custos de insumos (gado e grãos);
- (iii) potenciais doenças; e
- (iv) taxas de câmbio.

